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Separar Humberto de Campos e Chico Xavier: mais que um dever, uma OBRIGAÇÃO

Haverá um dia em que as verdades por trás do "espiritismo" brasileiro serão relevadas, e não serão as que favorecem a doutrina brasileira e suas deturpações, mas as que revelam as farsas acobertadas pelo discurso de "amor e caridade".

Até lá, os "espíritas" resistem, repousados na impunidade extrema que faz com que pretensos médiuns se apropriem de personalidades de muito carisma, de Humberto de Campos a Cássia Eller, de Augusto dos Anjos a Raul Seixas, de Noel Rosa a Renato Russo, sem que a Justiça dos homens mova um parágrafo sentencial contra eles e sem um único jornalista investigativo a escrever uma única vírgula para desmascará-los.

Os "espíritas", usando a desculpa do "amor e caridade", o verniz das "palavras de amor" e a alegação de que tudo vai "em favor dos necessitados", inventam falsas mediunidades, em diversas modalidades (escrita, pintura, medicina e voz), para produzir mensagens iguais umas às outras e com o mesmo apelo igrejista, que dá a falsa impressão de que todo falecido vira propagandista da fé religiosa.

O que Francisco Cândido Xavier fez com Humberto de Campos, constatamos, é do mais pérfido, cruel e pernicioso desrespeito à memória do escritor. Um ato de falsidade ideológica, que deveria ter sido considerado pelos juízes, quando os herdeiros do finado autor de O Brasil Anedótico e maranhense radicado no Rio de Janeiro e membro da Academia Brasileira de Letras, processaram Chico Xavier e a Federação "Espírita" Brasileira por causa do uso de seu ilustre nome.

A hesitação dos juízes fez com que o charlatão Chico Xavier - hoje defendido de forma obsediada e extremamente apegada pelos seus fanáticos seguidores, multidões de escravos da cegueira da fé e da mistificação - prosseguisse com a farsa, disfarçando muito mal o nome "Humberto de Campos" pelo codinome "Irmão X", até pelo fato de que este apelido parodiava um dos pseudônimos do autor maranhense, "Conselheiro XX".

É um grande desrespeito que Chico Xavier fez usando o nome de Humberto de Campos, autor que havia sido bastante popular mas hoje está esquecido. Alguns pensam até que ele é da falange do "médium" mineiro, ou que Humberto sempre foi ligado a Xavier.

Grande lorota. Humberto de Campos nunca teve a ver com Chico Xavier, e o que este fez foi se vingar de uma resenha irônica que não deu o devido conhecimento da obra do "médium". Chico Xavier queria se afirmar "intelectualmente" por supostas psicografias poéticas e Humberto não deu o devido valor. Por isso, foi Humberto morrer e Chico virou logo "dono" dele.

Essa constatação é certa vendo a resenha em duas partes - ver aqui e aqui - , em que Humberto parece "reconhecer" a suposta mediunidade de Chico Xavier (o comentário parece dotado de certa ironia) e reclama da concorrência que os "autores mortos" trariam no mercado literário aos autores vivos.

Chico Xavier não teria gostado da resenha e, depois que Humberto de Campos morreu, o "médium" deixou passar alguns meses e inventou um sonho, no qual um suposto espírito de Humberto se destacava de uma multidão e teria perguntado a Chico: "Você é o menino do Parnaso? Prazer, sou Humberto de Campos!". Era a desculpa para Chico usar o nome de Humberto de Campos.

A coisa foi permitida porque usar nomes de terceiros de forma indevida, botando na conta deles algo que eles seriam incapazes de escrever, tornou-se "justificável" pelo uso de palavras bonitas e mensagens tidas como elevadas.

Aí é que está o X da questão. Se a mensagem é "boa" e traz "lições elevadas", ninguém iria reagir contra elas, porque "não" são mensagens ofensivas e, por isso, não representam aparente desrespeito à memória de um falecido. Este pode não ter escrito uma aspa daquilo que atribui ao seu espírito, mas como são "mensagens positivas", deixa-se passar a fraude.

Mas uma mente atenta pode identificar a gravidade disso tudo. No caso de Humberto de Campos, o disparate entre o legado que ele produziu em vida e os livros atribuídos à sua "autoria espiritual" são grandes.

O Humberto de Campos que esteve entre nós escrevia de maneira fluente. Era um escritor neoparnasiano, mas pela sua prosa acessível e descontraída, era quase um modernista. Era culto mas escrevia de forma clara e coloquial, descontraída em muitos aspectos. Quando usava pseudônimos, carregava no humor e nas ironias, quase como um Pasquim na melhor forma.

Já o "espírito Humberto de Campos", não bastasse substituir os temas intelectuais pelo igrejismo mais severo, como se fosse não um membro da Academia Brasileira de Letras, mas da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, que escerevesse suas memórias, tinha uma prosa muito mais pesada para se ler, uma narrativa mais tristonha, um eruditismo forçado e atrapalhado, no qual cabiam até cacófatos como "que cada" e "chama Maria", que o verdadeiro Humberto nunca escreveria.

A diferença chega a ser grotesca, e não dá para entender por que os juízes não tiveram coragem de enfrentar Chico Xavier e desmascará-lo de vez, tornando seu mito natimorto. Se Chico Xavier tivesse sido condenado de vez, não haveria casos aberrantes como o sobrinho do "médium", Amauri Xavier, e sua estranha morte (possivelmente queima de arquivo).

Se Chico Xavier tivesse sido condenado de vez e devidamente punido, muito da deturpação "espírita" que hoje vemos não teria se ampliado, quando vemos essa doutrina hipócrita no qual seus membros alegam "fidelidade absoluta" a Allan Kardec mas o traem o tempo inteiro,

Se a revista Superinteressante, por exemplo, tivesse que se lembrar de Chico Xavier, não seria da forma que hoje vemos, com o endeusamento da suposta figura de "médium e filantropo", mas, no caso do anti-médium mineiro ter sido condenado e punido, ter sido lembrado apenas como um católico paranormal, bastante pitoresco, que ele sempre foi.

Não haveriam os fanáticos tresloucados, alguns tentando pôr mel em suas bocas para se passar por "dóceis equilibrados", que diante de qualquer questionamento contra Chico Xavier, tentem apelar para comentários do tipo "você está entendendo mal, amigo" ou "você, irmão, está obsediado".

Infelizmente, os juízes deixaram passar o caso Humberto de Campos e, graças a isso, Chico Xavier passou a personificar não um "exemplo de amor, bondade e dedicação ao próximo", mas o mais bem-sucedido caso de impunidade que se observou neste país bagunçado chamado Brasil.

Daí que se trata de um dever separar Humberto de Campos de Chico Xavier. Temos que redescobrir Humberto sem o "encosto" do "bondoso médium". Temos que recuperar nosso patrimônio cultural brasileiro que anda muito machucado, ferido, arranhado e desprezado.

Enquanto as pessoas vão, feito bobos alegres, ler livrinhos religiosos, cheios de bobagens sobre "fé, bondade e caridade", ou então partir para livros de besteirol ou de ficções com vampiros e jogos eletrônicos - isso quando não leem livros para colorir - , nossa cultura literária anda sendo desprezada e deixada em último plano.

Pena, porque Humberto de Campos era um baita escritor, um homem que tinha um estilo próprio de literatura, e que nada tem a ver com o "deprimente sacerdote" que Chico Xavier tentou fazer de seu nome. 

Separar Humberto de Campos de Chico Xavier é, portanto, muito mais do que um dever. É uma OBRIGAÇÃO. Afinal, Humberto de Campos foi vítima do pior tipo de obsessão que se pode fazer a um espírito morto, através de um "médium" que dizia "defender a desobsessão", mas que dava o seu mau exemplo ao público. "Façam o que eu digo, não o que eu faço", é o que diz o ditado popular.

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