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Como morrem os "líderes espíritas"?


(Autora: Valentina Lemos, por e-mail)

Como morrem os "líderes" do "movimento espírita"? Fico perguntando, em dúvida, comigo mesma diante desses tão "divinos" palestrantes, pretensos médiuns, verdadeiros artífices da palavra. Pergunto o que é que eles fazem para serem tão santificados e acreditarem piamente que irão para o céu e que sua missão doutrinária está encerrada.

Chico Xavier "desencarnou", que é a gíria que os "espíritas" usam para quem morre. Ele aprontou muito na vida, fez das suas, e no entanto há narrativas lindas, uma morte iluminada, o reencontro com o Cristo, o fim das missões encarnatórias.

Nós vemos como poderia morrer, em breve, Divaldo Franco. Tudo será narrado como um conto encantador, a encher de sonho e fantasia as mentes infantis dos "espíritas". Deve haver um roteiro pronto para dizer "como Divaldo morreu" e "como ele encerrou suas missões para viver ao lado do Pai".

A "morte" dessas figuras ilustres é linda, parece fascinante. Eles regressam para o que chamam de "pátria espiritual", e, lá, como no desembarque do aeroporto, há um pequeno grupo de entes queridos que se alega irão receber o "recém-regresso". É o principal amigo e parceiro, é a mãezinha querida, o pai dedicado, ou, talvez, algum jovem amigo muito chegado que "partiu antes" da Terra.

Para pessoas "comuns", a narrativa do retorno ao mundo espiritual é "mais simples". Só há esse "reencontro" de familiares e amigos, geralmente com roupinhas brancas e cheirosas, lembrando pijamas de quarto hospitalar. Não há muita cerimônia, mas muito afeto. A pieguice existe, mas creio que ela deva ser maior quando são os astros do "movimento espírita".

Divaldo, então, deve morrer de forma "triunfal" e ser acolhido pela mãe, pelo amigo Nilson Pereira, seu parceiro na Mansão do Caminho, em Salvador, e talvez algum outro ente querido. Dizem que Joana de Angelis não estaria, porque "reencarnou" antes.

Mas imagina-se como seria a recepção de Divaldo nessas plagas. Uma cerimônia solene, talvez de duas horas, porque os "espíritas" veem o "outro lado" à semelhança da vida terrena, com algumas autoridades (!) do além-túmulo concedendo medalhas (?!) ao baiano, um diploma (?!?!) pelos serviços por ele prestados e uma garantia de que está aberto seu caminho para o lado de Deus, nas mais altas esferas da espiritualidade.

Virão corais de anjos, junto a orquestras sinfônicas, cantando músicas com letras fraternais, canções eruditas às vezes instrumentais e outras quando o coro de querubins entra em ação com suas vozes afinadas de criancinhas cantantes. Tudo comovente. Tudo lindo.

Vocês veem como essa narrativa piegas pode ser feita para seduzir e deslumbrar as pessoas. Ver que pessoas que cometem irregularidades sérias, mas se protegem sob o manto da religião, são capazes de criar uma estorinha dessas para dizer que "são figuras iluminadas".

Chico Xavier foi esse exemplo. Relatos fantásticos sobre sua vida e morte foram feitos e, em um deles, Chico Xavier fala com seus entes queridos no além e, de repente, uma força suga o "médium" como um aspirador de pó e aí, pronto, o mineiro passou a viver no meio seleto dos "puros".

Em vida, houve um relato surreal de Divaldo Franco que, diante das reclamações de falta de alimentos para uma casa de caridade ("espírita", é óbvio), o médico Adolfo Bezerra de Menezes, o popular "Dr. Bezerra", se materializou e, atendendo os apelos de Chico Xavier para levar comida para os necessitados, Bezerra se transformou em caminhoneiro e pegou um caminhão, não se sabe de que forma (furtando, como em filmes de ação?), e levou os mantimentos para a instituição.

Quando vivo, Chico Xavier também teve relatos fantásticos. Ele, que trabalhou o espetáculo dos contrastes, tendo sido o "fraco que ficou forte" e o "ignorante que virou sábio", teria voado sobre as águas para socorrer alguém.

Essa religião sempre faz narrativas assim sobre seus membros mais destacados. Capricha nos discursos de bondade e humildade e trabalha os conceitos de "amor e caridade" dentro de concepções católicas, com todos os valores moralistas e todo o deslumbramento místico e ritualista, além de dogmas em que a fé sempre se acha com mais razão do que a própria razão.

O que me deixa assustada é que esses relatos fantasiosos, dignos de obras de ficção, são tidos como realistas por uma religião que se diz científica e racional. Se a gente vai buscar o aprimoramento do conhecimento dessa forma, com "médiuns espíritas" morrendo e sendo acolhidos por coral de anjinhos ou "chupados" pelo aspirador de Deus, então a gente não sabe mais para que serve o nosso dom de pensar, com tantas fantasias que se impõem como "indiscutíveis".

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