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A partir de seu mau exemplo, Chico Xavier rasgou o C.U.E.E.

(Autor: Professor Caviar)

Que Francisco Cândido Xavier cometeu um desserviço para a Doutrina Espírita, isso é uma verdade indiscutível, embora muitos tentem discutir mesmo assim.

Afinal, com sua "brilhante mediunidade", ele desvirtuou o trabalho do verdadeiro médium, de maneira perniciosa e leviana que "médium", no Brasil, é na verdade um anti-médium, um anti-intermediário, que se recusa a ser um mero canal da comunicação entre vivos e mortos, muitas vezes sendo o emissor de mensagens que se diz virem do além-túmulo.

O "médium", no Brasil, virou um "dono" dos mortos. E o exemplo leviano de Chico Xavier mostra claramente isso. Ele virou "dono" de nomes pouco badalados como Humberto de Campos, Auta de Souza e a outrora anônima Irma de Castro Rocha, a Meimei. Ele produzia mensagens de sua própria mente - elas refletiam seu estilo pessoal, não o dos mortos respectivos - e botava sempre um apelo igrejista nos textos, sabendo da fraude e usando a "bondade" para camuflar e evitar reações.

Ninguém iria condenar uma mensagem, por mais falsa que seja, por mais que expresse uma falsidade ideológica explícita, se ela traz "recados positivos" e "palavras de amor" e só pede para que "amemos o próximo" e "nos unamos na fraternidade em Cristo". Como são mensagens "boas", as pessoas as leem ou ouvem e vão dormir tranquilas, pouco importa se houve fraude ou não, elas são "legítimas" porque "passam boas palavras".

E o que ocorre sob o verniz da "caridade mediúnica" é uma aberração assustadora. Se alguém tem prestígio, diz ser um filantropo, se apropria de um morto e escreve uma mensagem qualquer pedindo para todos "nos amarmos como irmãos", não há um juiz que venha investigar indícios de fraude, mesmo quando tudo tenha vindo da imaginação fértil do "médium" e não do morto alegado.

"DONOS" DOS MORTOS

Não bastassem as irregularidades dessas práticas, que desmoralizam a mediunidade no Brasil, a ponto dela ser conhecida como "mentiunidade" (neologismo associado à palavra "mentira"), há o fato de que cada "médium" acaba tendo seu "morto de estimação", se autopromovendo com ele e transformando-o em um "amiguinho imaginário".

A partir da péssima escola trazida por Chico Xavier - que nunca foi um seguidor autêntico de Allan Kardec, mas um católico ortodoxo mas dotado de relativa paranormalidade - , vieram outros "donos" de mortos que sempre apresentam seus "falecidos" como se fossem mascotes, fingindo que conversam com eles e alegando que os finados sempre transmitem alguma mensagem igrejista, até mesmo aqueles que foram ateus ou pais-de-santo na última encarnação.

E aí vemos Chico Xavier fazendo gato e sapato de um suposto Humberto de Campos manipulado ao bel prazer pelos instintos igrejistas do "médium". E a pobre Auta de Souza, bela negra de vida brevíssima, "sequestrada" por Xavier para deixar de expressar o estilo pessoal de lirismo meigo da jovem poetisa para reproduzir o mesmo estilo "duro" do "médium" mineiro.

Vem Divaldo Franco com seus "mortos de estimação", quase "atropelando" Chico Xavier por este acreditar que o marechal Deodoro da Fonseca reencarnou em Fernando Collor e o baiano acreditar que ele está no mundo espiritual e fala igualzinho o Scooby-Doo com gripe, a exemplo do suposto Adolfo Bezerra de Menezes. Divaldo Franco deve ter sido um dublador frustrado, um arremedo ruim de Orlando Drummond.

E aí vem José Medrado com seus "pintores de estimação": Claude Manet, Pierre-Auguste Renoir, todos "conversando" com o suposto "médium" baiano cujas "sábias palestras" se perdem com piadas sobre louras, sogras e gordinhas e estão mais preocupadas em mostrar novas postagens do Kibe Loco.

Mas aí vem Nelson Moraes se apropriando de Raul Seixas. Robson Pinheiro meio que timidamente se "aproximando" de Cazuza, preferindo usar seu "mentor" Ângelo Inácio para falar invencionices sobre o falecido roqueiro. E tem Wilton Oliver se apropriando de Renato Russo e Geralcino Gomes, de Noel Rosa.

CONTROLE RIGOROSO ELABORADO POR ALLAN KARDEC

Esse processo vai contra o Conselho Universal dos Ensinos dos Espíritos, um roteiro de procedimentos e análises que Allan Kardec cuidadosamente elaborou para a posteridade, para o caso dele não estar mais vivo (e ele faleceu em 1869, antes de completar 65 anos). Infelizmente, o esforço do C. U. E. E. foi em vão. Diz uma piada que os "espíritas" brasileiros só aproveitaram a metade desse conselho, as duas primeiras iniciais.

No Conselho Universal dos Ensinos dos Espíritos, Kardec recomendava o máximo de cuidado nas mensagens tidas como mediúnicas. Sempre cético, ele afirmava, no seu tempo, que era praticamente impossível creditar veracidade absoluta a tais mensagens, afirmando que só se podia atribuir uma autenticidade provável através de uma análise aprofundada.

Essa análise consistia em preferir que um espírito se manifestasse mais de uma vez em diferentes médiuns. Estes médiuns deveriam viver distantes entre si e não possuir qualquer tipo de vínculo, por menor que seja. Considerando tudo isso, também não há garantia se a mensagem supostamente espiritual é realmente autêntica, cabendo outros e rigorosos cuidados.

Entre esses cuidados, está na observação das informações trazidas, se elas não se contradizem em cada manifestação e se elas estão de acordo com os dados pessoais do suposto espírito quando em sua última encarnação. Se é um escritor, por exemplo, observa-se se as "mensagens mediúnicas" condizem com o que o escritor deixou em vida através de suas obras e depoimentos.

É uma análise rigorosa, na qual não se pode iludir com "boas palavras". O próprio Allan Kardec advertiu sobre o risco de "coisas boas" esconderem interesses mesquinhos de mistificação. Está em O Livro dos Médiuns, sobretudo, o que mostra que constatar isso nada tem de calunioso e ofensivo. Se foi o próprio Kardec quem deu esse alerta, por que as pessoas preferem o "amor" à lógica?

Daí que Chico Xavier rasgou o C. U. E. E. e permitiu toda essa bagunça pretensamente mediúnica que desmoralizou a prática e faz afastar os bons espíritos, horrorizados, "do outro lado", em ver pessoas inventando mensagens das próprias mentes e atribuindo levianamente à autoria dos falecidos.

LEVIANDADE

Aqui, porém, o que se nota é a prevalência da leviandade. Pessoas preferem "mensagens de amor" do que manifestos de lógica e coerência. O Brasil é o único país em que as pessoas reclamam do "excesso de lógica" e da "overdose de Ciência" de Kardec. As pessoas preferem se apegar às fantasias da fé e manterem o costume diabético de se deslumbrar com "palavras de amor".

E aí poucos se dão conta da gravidade oportunista dos "donos dos mortos", que transmitem mensagens que destoam dos estilos e aspectos pessoais dos espíritos alegados. Uma Cássia Eller, ateia, falando em "dragões cuspindo fogo" no mundo espiritual? Isso é patético!

Aqui as "palavras de amor" servem de desculpa para legitimar fraudes. O "pão dos pobres" é a desculpa para tantas farsas e trapaças que a falsa mediunidade traz, diante da incompetência dos "espíritas" brasileiros em valorizar devidamente o pensamento de Allan Kardec.

Com isso, os "espíritas" brasileiros sorriem, tolamente, se julgando "fiéis e rigorosos seguidores" do pensamento kardeciano, mas cometem traições e violações o tempo inteiro, fazendo tudo aquilo que o pedagogo francês disse para não fazer.

O pior disso tudo é que, quando são criticados, os "espíritas" brasileiros ainda choramingam, alegando serem vítimas de "intolerância religiosa" e "perseguições injustas ao trabalho do bem", como se tudo na vida fosse uma questão de maniqueísmo.

Infelizmente, o Brasil não é maduro para ver tais irregularidades. Chico Xavier tornou-se um dos poucos cidadãos que se apropriam indebitamente de um estranho falecido e gozam da mais absoluta impunidade, sendo até estimulado nessa atitude leviana que, em outros casos, simplesmente daria cadeia, por falsidade ideológica e promoção em cima do prestígio alheio.

Devemos mudar essa postura e analisar as irregularidades que existem sob o verniz da pretensa mediunidade, deixando a sedução fácil das "palavras de amor" e dos pretextos de "fraternidade e caridade" de mensagens de valor duvidoso.

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