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"Nosso Lar" e a falsa fraternidade dos espíritas

(Autor: André Carvalho - Ceticismo . net)

Está em cartaz* o incrível, magnífico e totalmente idiota filme Nosso Lar, baseado no livro “psicografado” por Chico Xavier, cujo autor espiritual é André Luiz (é, eu mereço…). Aqui você não lerá uma resenha do filme, posto que eu não gastarei meu rico dinheirinho material (sim, sou um porco capitalista e os pobres coitados africanos não estão no meu pensamento quando encomendo meus Armanis) vendo besteiras. Entretanto, eu li o livro e, por isso, posso tecer algumas considerações a respeito. E a principal consideração é “quem tem cérebro não aceita o monte de insanidades constante no livro”.

Vamos começar analisando alguns pontos-chave do livro Nosso Lar, e demonstrarei a vocês que bem longe do que espíritas kardecistas pregam, não temos ali provas de amor, companheirismo e devotamento. Só o que as religiões pregam em sua totalidade: Aceite as coisas sem contestar, você não é livre!

Bem, tudo começa com André Luiz no meio do Umbral. O Umbral é como se fosse o Purgatório ou alguma forma sádica de punir as pessoas de forma prévia. TODO MUNDO passa pelo Umbral, nem que seja poucos minutos (estamos dentro da mitologia kardecista, lembrem-se). Antes, contudo, vamos ao flashback. André Luiz era médico. Pelo que o texto diz (e já elucidaremos isso), era um cara bon vivant, com grana, uma família semelhante às dos comerciais de margarina (o que eu chamo Família Doriana), uma índole não muito legal e que gostava de pegar umas primas de vez em quando (sim, é deste tipo de prima que estou falando). Um dia, durante o jantar, ele cai duro e vai pro hospital. É diagnosticado câncer ele vai alegre e feliz pro outro lado da vida, mas sem o Patrick Swayze esperando por ele. Isso ocorre no início dos aos 1930.

Bem, Andrézão (não, idiotas, não sou eu) morre e vai parar no Umbral. Lá ele vê algo sombrio, lúgubre, enevoado e só faltou zumbis dançando Thriller. Ele corre pra um lado qualquer desesperado, sem rumo. Vozes fantasmagóricas e maléficas ficam zombando dele e chamando-o de “suicida”. Ele bebe água que escorre de paredes, não come nada, não encontra com ninguém, só ouve vozes todo o tempo. Dorme, acorda, corre, dorme, acorda, corre. Ele chora, implora ajuda, corre, dorme, acorda, chora, se desespera. Mas então (som de clarins), alguns espíritos chegam para resgatá-lo. Ok. Só tenho que confessar o que pode ser um pecado. O espírito que comanda os dois que foram buscá-lo é chamado Clarêncio e é descrito como um “velhinho simpático com um cajado feito de uma substância luminosa”. Meu pensamento na hora que li: Caramba, ele foi socorrido pelo Yoda!

Quando chegam em Nosso Lar, o que eu posso definir como o que é genuinamente uma cidade-fantasma, ele é mandado para um hospital e aqui temos a sucessão de insanidades e demonstração do sadismo divino (sem considerações filosóficas, estou apenas me baseando no livro). André Luiz foi diagnosticado como “suicida”. A explicação é dada pelo trecho a seguir:

Sim – esclareceu o médico [falando para André Luiz], demonstrando a mesma serenidade superior -, mas a oclusão radicava-se em causas profundas. Talvez o amigo não tenha ponderado bastante. O organismo espiritual apresenta em si mesmo a história completa das ações praticadas no mundo. E inclinando-se, atencioso, indicava determinados pontos do meu corpo:
– Vejamos a zona intestinal – exclamou. – A oclusão derivava de elementos cancerosos, e estes, por sua vez, de algumas leviandades do meu estimado irmão, no campo da sífilis. A moléstia talvez não assumisse características tão graves, se o seu procedimento mental no planeta estivesse enquadrado nos princípios da fraternidade e da temperança. Entretanto, seu modo especial de conviver, muita vez exasperado e sombrio, captava destruidoras vibrações naqueles que o ouviam. Nunca imaginou que a cólera fosse manancial de forças negativas para nós mesmos? A ausência de autodomínio, a inadvertência no trato com os semelhantes, aos quais muitas vezes ofendeu sem refletir, conduziam-no freqüentemente à esfera dos seres doentes e inferiores. Tal circunstância agravou, de muito, o seu estado físico. (…) Já observou, meu amigo, que seu fígado foi maltratado pela sua própria ação; que os rins foram esquecidos, com terrível menosprezo às dádivas sagradas? (…) Os órgãos do corpo somático possuem incalculáveis reservas, segundo os desígnios do Senhor. O meu amigo, no entanto, iludiu excelentes oportunidades, esperdiçado patrimônios preciosos da experiência física. A longa tarefa, que lhe foi confiada pelos Maiores da Espiritualidade Superior, foi reduzida a meras tentativas de trabalho que não se consumou. Todo o aparelho gástrico foi destruído à custa de excessos de alimentação e bebidas alcoólicas, aparentemente sem importância. Devorou-lhe a sífilis energias essenciais. Como vê, o suicídio é incontestável.

I beg your pardon? Vamos analisar estes pontos, senhor com “atitude superior”.

1º Como, em nome de Afrodite, o cara saberia que o que se faz ao corpo aqui na Terra seria refletido no corpo espiritual. Aliás, POR QUE deveria refletir? Ademais, como o carinha saberia que realmente existe um corpo espiritual? Alguém avisou? Bem, outras religiões falaram que não há corpo espiritual, já que morreu, bau bau. Enquanto isso, outras religiões dizem que estaria em círculos cármicos ou reencarnaria imediatamente ou viraria um crocodilo (realmente existem tais ideias espirituais) ou sua alma voaria como um falcão etc.

2º Ok, bebida e fumo fazem um mal desgraçado. Beleza, mas isso é motivo pra tratar o cara com desprezo e chamá-lo de suicida? Suicídio é quando você quer se matar, tendo consciência disso. Ele fala também em sífilis, uma doença venérea comum na época. Com certeza, não foi com a devotada esposa, o que só resta a opção de ter dado uns pegas nas “primas”. Se bem que a esposa devotada poderia ter dado umas puladas de cerca, mas o texto precisa que André Luiz seja o vilão da parada.

Agora, a maravilha é quando ele descobre quanto tempo ficou no Umbral: 8 anos. OITO ANOS! Supondo 2 anos bissextos no meio, temos 2922 dias de desespero. Supondo que ele dormia cerca de 8h por dia (quando os espíritos-de-porco deixavam), totaliza-se 46752 horas de dor, angústia e sofrimento ininterruptos, bebendo água da lama, correndo em frangalhos para lugar nenhum (tá no livro), rezando e pedindo por ajuda. A cereja do bolo é que Clarêncio esclarece (mas hein?) que ele conseguiu a dádiva de ser salvo porque implorou pela ajuda divina e que vários entes queridos dele imploravam para que Deus, em sua suprema bondade e justiça, o livrasse daquele mal. Ou seja, se o cara não tivesse ninguém para pedir por ele, seria bem capaz de ele estar correndo pra lá e pra cá pelo Umbral até hoje.

Conclusão para uma mente que para 1 minuto para refletir sobre isso: Sadismo! Pombas, entra na cabeça de alguém que uma Entidade Suprema fique observando alguém em estado de sofrimento extremo por oito anos, resolvendo livrar a cara só depois de estar satisfeito com as rezas e puxações de saco? ISSO é fraternidade? ISSO é bondade? ISSO é atitude que algo tido como a bondade extrema tenha? Não seria mais fácil dizer: Tirem logo o cara de lá, e dêem-lhe um esporro. Mas tira o cara de lá pelo amor de… pelo MEU amor, droga! E tudo isso porque ele bebeu demais, comeu relativamente muito e dava uns pegas em tudo que era rabo-de-saia? Se bem que mais pra frente aparece uma velhinha que ficou uns100 anos lá pelo Umbral, mas sua pose não parece que estava tendo o mesmo sofrimento de André Luiz.

Desculpem, mas meu intelecto me impede de aceitar tal coisa. Estou condenado ao Umbral por causa disso? Provavelmente, mas também já me ameaçaram com coisa muito pior.

Se analisarmos com critério, a mitologia católica e a protestante (algumas vertentes) são mais justas: Você é bom vai pro Céu. Você é ruim vai pro Inferno. Deus não fica esperando você implorar, já te ferra logo. Enquanto isso, outras religiões dizem que você vai dormir e só aordar no dia do Juízo. Pelo menos, é pá-pum! “Tá ferrado, fora com ele!”. O interessante é que André Luiz está fraco e debilitado. O que parece que ee ainda tem um corpo sujeito a doenças. Não seria mais fácil curá-lo logo? Ou será que sem essa convalescência não teríamos muitos ensinamentos lindos como:

Abençoemos aquelas beneméritas organizações microscópicas que são as células de carne na Terra. Tão humildes e tão preciosas, tão detestadas e tão sublimes pelo espírito de serviço. Sem elas, que nos oferecem templo à retificação, quantos milênios gastaríamos na ignorância?

Aquelas maravilhosas células que por alguma mutação genética se tornam criaturas vorazes que destroem nosso corpo. Aliás, porque bebês contraem câncer, leucemia etc? Essas crianças de hoje são tão desapegadas às benesses da vida, saem pra night, fumam baseado, bebem até não poder mais e ficam cheirando cocaína. Esses bebês não aprendem…

Passado um tempo, Lísias (o enfermeiro de André Luiz) fica passeando com o cara pra lá e pra cá num aeróbus, uma espécie de metrô celestial. Daí, Andrézão fica sabendo que Nosso Lar foi fundado por espíritos portugueses e aprende sobre sua organização interna. Soube até que o diretor de Nosso Lar quase teve uma espécie de guerra civil lá por causa de algumas decisões que alguns espíritos não concordaram. Obviamente, os espíritos foram ouvidos, mas ninguém deu a menor bola, demonstrando que democracia é um conceito humano. Então, Andrézão resolve ajudar em Nosso Lar e ganha uma audiência com o Manda-Chuva da parada (não, não é Deus. Este só recebe chefes, gentalha não), que na verdade é Clarêncio, o Mestre Yoda de Nosso Lar. Chegando lá, Andrézão pede um serviço qualquer, de modo que não fique parado e possa contribuir para com os enfermos. Então, temos mais uma amostra de como somos bem tratados no Além, quando o espiritão diz:

Já sei. Verbalmente pede qualquer gênero de tarefa; mas, no fundo, sente falta dos seus clientes, do seu gabinete, da paisagem de serviço com que o Senhor honrou sua personalidade na Terra.

Aqui parece que ele ia concordar, mas no decorrer da fala notamos bem como é a personalidade do espiritão:

Convém notar, todavia, que às vezes o Pai nos honra com a Sua confiança e nós desvirtuamos os verdadeiros títulos de serviço. Você foi médico na Terra, cercado de todas as facilidades, no capítulo dos estudos. Nunca soube o preço de um livro, porque seus pais, generosos, lhe custeavam todas as despesas. Logo depois de graduado, começou a receber proventos compensadores, não teve sequer as dificuldades do médico pobre, compelido a mobilizar relações afetivas para fazer clínica. Prosperou tão rapidamente que transformou facilidades conquistadas em carreira para a morte prematura do corpo. Enquanto moço e sadio, cometeu numerosos abusos, dentro do quadro de trabalho a que Jesus o conduziu.

Lindo, um espírito comunista! O nasceu em família rica. So what? Nunca soube o preço dos livros. Isso faz com que quem ralou mais seja melhor médico ou pessoa de melhor caráter? O cara teve sorte de não ser médico do SUS, devemos censurá-lo por isso? Vamos fazer uma socialização dos bens do cara, camarada? E eu nem vou comentar sobre a parte que Jesus fez ou deixa de fazer…

O interessante nesta sociedade socialista do além é que critica quem ganha pelos serviços, mas possui moeda própria, o bônus-hora. Assim, você só pode solicitar coisas se tiver bônus-hora suficientes. Bem como em qualquer país comunista, você só podia solicitar coisas se suas cotas estivessem em dia. Só faltou dizer que o espírito era o Lula, mas o livro não faz menção se o espírito tinha nove dedos. O interessante é que antes de Andrézão ser atendido, o espírito atende uma mãe que pede ara interceder pelos filhos aqui na Terra e toma uma censura pela cara por ela não ter bônus-hora suficientes.

Trezentos e quatro (bônus-hora). É de lamentar – elucidou Clarêncio, sorrindo -, pois aqui se hospeda, há mais de seis anos, e apenas deu à colônia, até hoje, trezentos e quatro horas de trabalho.

A senhora sempre arruma uma desculpa para não participar de alguns trabalhos. Ok, mas porque chegando lá tem que trabalhar, hein? Ah, sim. Para ter os bônus-hora e conseguir comprar as coisas.

Os que não cooperam não recebem cooperação. Isso é da lei eterna. E se minha irmã nada acumulou de seu para dar, é justo que procure a contribuição amorosa dos outros. Mas, como receber a colaboração imprescindível, se ainda não semeou, nem mesmo a simples simpatia? Volte aos Campos de Repouso, onde se abrigou ultimamente, e reflita. Examinaremos depois o assunto com a devida atenção.

Sentou-se a mãe inquieta, enxugando lágrimas copiosas.

Você trataria uma senhora de idade assim? Bem, se prestarmos atenção nas palavras, extraímos muitas coisas interessantes, basta ver a última fala de Mestre Yoda Clarêncio para André Luiz:

Aprenderá lições novas em “Nosso Lar” e, depois de experiências úteis, cooperará eficientemente conosco, preparando-se para o futuro infinito.

Sinceramente, isso dá arrepios! Me lembrou a voz do Don Vito Corleone dizendo “Esta é una proposta que non poderá recusar…”

É absolutamente insano como são os diálogos, como quando André Luiz encontra sua mãe e ela relembra que eles devem trabalhar incessantemente e se regozijarem com isso. E o pior é que acham LINDO!! Como, caramba? Você passa a vida toda se ferrando aqui, morre, vai pra sei-lá-onde, tem que trabalhar mais para conseguir nem que seja favores pros seus amigos aqui na Terra ou implorar por ajuda caso um deles vá parar no Umbral, continua-se a trabalhar e a produzir, e a servir e, no final das contas, você deve reencarnar para pagar suas dívidas, as quais você não saberá quais são depois que nascer. Isso faz muito sentido, na mente insana da fé religiosa. você não trabalha por amor e sim para conseguir ter direitos, benesses e favores. WTF???

O mais estranho é que André Luiz sendo um médico não faz nenhuma pergunta do estilo:

- As Leis da Física e da Química valem aqui também? (imagino que não)
- Ok, estou morto, mas tenho um corpo. De que é feito este corpo? Dos mesmos elementos químicos existentes no Universo?
- Espírito é feito de quê?
- Estas construções foram feitas com quais materiais?
- Eu tenho órgãos internos como tinha na Terra? Parece que sim. Posso ver um ultra-som ou RMN? (ops, na época de André Luiz só tinha Raio-X, mesmo, mas tá valendo!)
- Quantos bônus-hora os poderosos daqui ganham por dia e quantos eles tinham quando conseguiram ser eleitos para seus cargos?
- Aliás, eles foram eleitos ou são candidatos impostos pelo coronel, digo, diretamente por Deus?
- Posso conversar com Adolfo Lutz, Oswaldo Cruz, Carlos Chagas entre outros médicos famosos do Brasil?
- Posso ler as mais modernas publicações sobre medicina?
- O que existia antes do Universo ser criado e por que Deus criou o Universo (ele criou?)?

Mas não. Como todas as religiões, há uma necessidade que você não saiba das coisas, como o espírito de uma senhora adverte André Luiz:

É justamente neste sentido que lhe ofereço minhas sugestões humildes. Falo com o direito de experiência maior. Detendo, agora, essa autorização, abandone, quanto lhe seja possível, os propósitos de mera curiosidade. Não deseje personificar a mariposa, de lâmpada em lâmpada. Sei que seu espírito de pesquisa intelectual é muito forte. Médico estudioso, apaixonado de novidades e enigmas, ser-lhe-á muito fácil deslizar na posição nova. Não esqueça que poderá obter valores mais preciosos e dignos que a simples análise das coisas. A curiosidade, mesmo sadia, pode ser zona mental muito interessante, mas perigosa, por vezes.

Ignorância é força! Guerra é paz. Liberdade é escravidão.

O festival de insanidades vai de vento em popa. Um repórter de rádio  (sim, rádio. Nada de TV ou Internet) anuncia problemas na Europa, num modelo “Repórter-Esso Celestial”. Hitler está prestes a invadir a Polônia e o bicho começa a pegar. André Luiz interroga Lísias sobre os destinos e este solta uma coisa para lá de esquisita:

Estamos ainda muito longe das regiões ideais da mente pura. Tal como na Terra, os que se afinam perfeitamente entre si podem permutar pensamentos, sem as barreiras idiomáticas; mas, de modo geral, não podemos prescindir da forma, no lato sentido da expressão. Nosso campo de lutas é imensurável. A humanidade terrestre, constituída de milhões de seres, une-se à humanidade invisível do planeta, que integra muitos bilhões de criaturas. Não seria, portanto, possível atingir as zonas aperfeiçoadas, logo após a morte do corpo físico. Os patrimônios nacionais e linguísticos remanescem ainda aqui, condicionados a fronteiras psíquicas. Nos mais diversos setores de nossa atividade espiritual existe elevado número de espíritos libertos de todas as limitações, mas insta considerar que a regra é sofrer-se dessas restrições. Nada enganará o princípio de sequência, imperante nas leis evolutivas.

Acontece, Lísias, meu filho, que mesmo naquela época a população mundial já estava na casa de bilhões de pessoas, e não milhões. Espírito desinformado é coisa feia. Segundo, por causa de que haveria barreiras linguísticas no outro lado?

Fica difícil tomar nota de todos os absurdos, mas o principal é ver o que é dito nas entrelinhas, como as pessoas são tratadas no pós-vida. Você precisa servir para ser considerado digno, precisa trabalhar incessantemente e ser grato por isso, e depois voltar para a Terra e ter que pagar pecados e corrigir coisas. Quando o caldo engrossa na Europa, os espíritos alegam que não podem fazer nada. Pessoas morrem e… onde está o livre-arbítrio, mesmo? Ele não existe, pois você pode ter o direito de não fazer nada, mas não será nada e não terá direito a nada.

Pessoas mortas começam a chegar a Nosso Lar, vítimas do Nazismo. Não importa se você era judeu, cristão ou muçulmano. Você passou pelo Umbral, mesmo que tivesse morrido de forma ignominiosa na mão da SS. Aliás, o livro não fala dos soldados da Wehrmacht. Eles eram jovens e lutavam por seu país, da mesma forma que os Rangers e os Tommies. E no final, para que? Para ver que eles todos estavam errados. Judeu se ferra até no Além, independente se cortaram um pedaço do pau ou não. Mas alguém avisara antes? Não, claro que não. Macumbeiro passa no Umbral por ter feito despacho com galinha preta? E quem matou em legítima defesa? Isso não é importante, o importante é que você precisa chegar lá, ser tratado como cachorro, com palavras que ferem e te faz chorar de forma humilhante. E que se você quiser algo, verão o quanto você foi produtivo, examinarão suas cotas e você só terá valor por isso.

Eu não vi o filme, nem verei. Li uma análise no blog do Aurélio e verifiquei o amor dos kardenazi na produção do filme, onde eles resolvem atacar céticos a ateus (coisa que não é dita em nenhum momento no livro de Chicão Xavier). É o que eu chamo de Argumentum ad Espernienti, ou Apelo ao Esperneio (Vocês são céticos e vão pro Umbral, blé!).

Outro exemplo do amor e fraternidade kardenazi no blog do Maurício Stycer. Ele fez um artigo questionando o porque daquela ópera-bufa que chamam de filme ter gasto 20 milhões de reais. Por sinal, aquele sistema de blog dele é uma bosta. Coisas do UOL. O que despertou a ira insana dos kardenazis foram estes parágrafos:

O mais curioso é justamente a informação de que o filme custou R$ 20 milhões, um valor obtido quase integralmente sem recorrer a renúncia fiscal. Passei boa parte da sessão tentando entender onde “Nosso Lar” gastou os seus recursos. Na cenografia de mau gosto? No roteiro verborrágico? Nos figurinos simplórios? No enorme elenco de poucas estrelas? Na trilha sonora (nada) original de Glass? Nos magros efeitos especiais?

No conjunto de seus esforços, “Nosso Lar” não vai desapontar os espíritas e é capaz, no mínimo, de arregimentar simpatia para a causa. É provável, ainda, diante da corrida do público aos cinemas, que não desaponte os seus investidores. Mas não poderá nunca dizer que é cinema de qualidade.

Eles pularam, enterraram um dos pés no chão e se rasgaram que nem Rumpelstiltskin (google it), alegando que sim, que eles tinham que arregimentar mais ovelhinhas espirituais para seu domínio global, ou algo nesse sentido. Alguns comentários solicitaram (quase na beira da exigência) que o Maurício fosse demitido. Exemplos abaixo (grafia crental mantida):

Maurício, No mínimo posso dizer que a viagem com LSD é a atual situação de sua mete putrída e inútil. Fácil falar, criticar, comentar. Difícil? Fazer melhor. O dia em q eu ler que milhões de pessoas se juntaram numa sala para assistir e refletir sobre Maurício Stycer mudo de opinião, até lá vc não deixa de ser um fracassado que ganha a vida criticando a criatividade, capacidade e dons de outros profissionais, características estas que você tanto desconhece. Deveria ser demitido sim, não por este post, mas assim com o seu ex colega Cosme Rimolí, pela falta de profissionalismo e de qualidade. Como assinante UOL me sinto mal sabendo que nos presta serviço. Saudações!

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NÓS, ESPÍRITAS, DEVEMOS VER NA CRÍTICA DO SENHOR STYCER MAIS UMA OPORTUNIDADE PARA O EXERCÍCIO DA COMPREENSÃO E DO AMOR AO PRÓXIMO. DEVEMOS ORAR POR ELE E PEDIR QUE EVOLUA COMO PESSOA E PRINCIPALMENTE COMO CRÍTICO, POIS NESSA CONDIÇÃO PARECE NÃO ESTAR ADEQUADAMENTE PREPARADO PARA COMPREENDER A MENSAGEM DA DOUTRINA. CRÍTICAS A PARTE, O FILME É MARAVILHOSO, NÃO CONTÉM CENAS DE VIOLÊNCIA, DE SEXO E NEM DO USO DE LSD, QUE CERTAMENTE AGRADARIA MUITOS COMO STYCER.

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Como mostra o filme “Nosso Lar”, cada um está num degrau evolutivo e enxerga a vida de acordo com sua evolução espiritual.Não se preocupem gente um dia O Stycer chega lá!A reencarnação serve para progredirmos!

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Mais uma vez: só li os dois primeiros parágrafos e o último. Que crítica mais vazia essa desse filme, hein??? E digo o pq: “No conjunto de seus esforços, “Nosso Lar” não vai desapontar os espíritas”. Nós, ESPÍRITAS, estamos INDIFERENTES a esse filme pois tanto o filme como a OBRA (livro) não são espíritas e nem base DOUTRINÁRIA. Não condeno tanto o seu erro. Afinal, não deve ser espírita. Mas para ser crítico, não pode ser papagaio. Tem que estudar um pouco sobre o que vai se falar. Sem mais


O quanto se gastou?? O importante foi não ter desviado do principio base da Doutrina. Simplicidade,Humildade, Amor…caminhos para alcançar a LUZ.

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Como previsto. Vamos divulgando a doutrina espiríta aos poucos, os critícos vai sempre existir é por que não compreende ainda.

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SR.(USANDO A SUA ARROGACIA )NEM SEI SEU NOME! A DOUTRINA ESPIRATA PREGA A SIMPLICIDADE, O AMOR AO PROXIMO ASSIM TORNA-SE NECESSORIO RETRATR O ASSUMTO DE MANEIRA SIMPLES,E DELICADA,LEMBRO O SR QUE A ARROGANCIA E O SENTIMENTO DE SUPERIORIDADE DE ANDRÉ LUIZ O LEVOU PARA AS ESFERAS MAIS BAIXAS,POBRE DE NÓS SRES HUMANOS QUE PARA UM FILME SER BOM TEMOS QUE VER COM NOJO A DEGRADAÇÃO HUMANA , A PROSTITUIÇÃO E O DESAMOR ISSO SR. ESQUECI O NOME MOSTRA COMO TEMOS QUE CAMINHAR PARA CHEGAR ATÉ A PUREZA DA CIDADE QUE TV TENHA SIDO MESMO PROJETADA POR UM TRANSE ….CHAMADO AMOR A HUMANIDADE!

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Deixa o Chico fora disso! Caraca!!!! É do Nosso Lar que tamo falando! Vai estudar menino!

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Pelo amor de Deus vcs da UOL tirem este comentarista mediocre e insatisfeito com a vida pois ele ja foi infeliz ao comentar sobre o filme do Chico xavier agora vem com esta babozeira vc e ridiculo e ainda mais seus comentarios não tem pe nem cabeça ate logo va comentar as olimpiadas do Faustos vai ter muito sucesso

Este é o amor cristão-espírita-kardecista. Tão preconceituosos quanto seus irmãozinhos evangélicos radicais. Não acompanho as críticas do Maurício Stycer, nem tenho tal desejo. O que vi foi ele criticar onde enfiaram os 20 milhões. Nem mesmo uma crítica SOBRE o filme ele fez e muito menos sobre o estúpido livro do Chicão, nem a ridícula crença kardecista. Amor, humildade? Eu não vi nada disso nos comentários,mas é comum esse pessoal chamar o outro de arrogante. Eu não sou um perfeito exemplo, perante o que tenho que aturar nos comentários? Stycer ainda fez outra postagem elucidando que podem chamá-lo de “embecil”, mas não deve-se agredir ao próximo. Kardecistas agem bem de acordo com o fundamentalismo mais tosco.

Mas eles seguem a doutrina do amor e do perdão de Jesus. Eu vou pro Umbral? Pode ser, mas encontrarei um bando de kardenazi junto comigo. Bem capaz de eu chegar na cidade dos Jetsons antes deles…

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* Nota de Kardec McGuiver: texto escrito em 2010  sobre o lançamento do filme "Nosso Lar", da Globo Filmes, uma ficção científica chinfrim, com péssimos atores e péssimos efeitos especiais metido a "manual de lição doutrinária". Apesar de acharmos oportuna a publicação deste texto, nem tudo concordamos com ele, sobretudo nos aspectos relativos à doutrina ("Nosso Lar" não é Espiritismo) e à política (sim, nós somos "comunas", André!). Mas é divertido ver o Chiquismo e Chico Xavier, o maior charlatão do mundo, sendo desmoralizados.

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