(Autor: Kardec McGuiver)
Dois fatos aconteceram nas ultimas semanas que causaram uma certa repercussão no âmbito religioso: as incessantes polêmicas de Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus e o falecimento de Waldo Vieira, ex-parceiro de Chico Xavier e fundador da seita Concienciologia, de conteúdo mistico.
Estes dois fatos coincidiram com uma espécie de "revival" de Chico Xavier, o mito que seduz tantas pessoas, embora ele fosse o exemplo mais bem sucedido de charlatanismo praticado no Brasil.
Do nada e da noite para o dia passaram a chover publicações de mensagens ou textos que citassem o nome do médium, sempre se baseando no falso mito de "bondade máxima" embutido ao médium.
Xavier virou uma espécie de "Anti-Malafaia", já que a a imagem conhecida do médium e a de alguém que nunca cometeu qualquer tipo de erro. A Federação (que se diz) Espírita Brasileira, a FEB, criadora do mito, realizou uma calculada e bem sucedida campanha publicitária que enterrou de vez todas as provas do charlatanismo praticado pelo médium.
Tirando proveito da memória curta do povo brasileiro, a FEB tratou logo de apagar a imagem real de charlatanismo e substituí-la pela fantasiosa imagem de sobre-humanidade e de infalibilidade, consagrando de vez o médium enganador que nunca entendeu a doutrina de que é considerado por muitos seu maior líder.
Isso é um prato cheio para quem está de saco cheio do Malafaia. Embora o médium tivesse - pasmem! - muitas afinidade ideológicas com Malafaia, isso logo é apagado da imagem do médium, difundido como uma liderança "moderna" e "solidária". Assistam a entrevista dada por Chico Xavier em 1971 ao programa de auditório Pinga Fogo e ficarão de queixo caído e cabelos em pé diante do conservadorismo do médium, que seguia o Catolicismo de modo medieval e defendeu a ditadura militar, chamado os ditadores de "construtores do Reino de Amor" .
A morte de Waldo Vieira foi outro fato que trouxe de volta a mitologia chiquista. Desconhecido da maioria dos pseudo-espíritas e dos simpatizantes de Chico Xavier, Vieira é conhecido muito mais pelo trabalho a lado do médium mineiro, quando inseriu características de ficção científica ao personagem "André Luiz", criado para forjar ciência na Igreja Espírita.
Tido como espiritualização de um médico famoso (são várias especulações), indícios sugerem que o espírito nunca existiu e Vieira, apesar de não ter criado o personagem, foi crucial para definir as características que o consagrariam como "mentor" de muitos fiéis intelectualmente cegos. Seus livros, apesar de forjarem ciência eram cheios de erros graves o que no mínimo lhe tiram o titulo de "espírito superior". Até a suposta evolução narrada no livro Nosso Lar, é rápida demais, indo totalmente contra o que a doutrina recomenda após muitas pesquisas.
A morte do parceiro serviu para reacender na memória de fanáticos o nome do velho médium, falecido em 2002 no dia em que Ricardo Teixeira e José Maria Marin estavam felizes. Os fãs do médium não hesitaram em postar frases inócuas de seu ídolo na ingenuidade de "melhorar a sociedade" se esquecendo do perfil retrógrado de Xavier, um homem que recomendava que sofrêssemos calados, abandonando de vez qualquer oportunidade de luta por melhorias e que desestimulava o desenvolvimento intelectual.
Adoramos o médium que nos quis ver burros e calados. E o resultado disso está aí. Malafaia quer mais que continuemos cultuando Chico Xavier, para que aceitássemos e mantivéssemos o mundo do jeito que o neo-pentecostal bravateiro deseja.
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