(Autor: Alexandre Figueiredo)
Há uma crença muito comum entre os chamados "espíritas" brasileiros de que o médium Chico Xavier teria sido reencarnação do professor Allan Kardec, e chegou-se até mesmo a serem produzidos livros ou teses tentando "provar" essa hipótese, tão típica do famigerado ufanismo brasileiro que, puxando a brasa para sua sardinha, chega a atribuir ao nosso país a naturalidade de Deus.
No entanto, não existe qualquer tipo de fundamento a hipótese de que Chico Xavier teria sido reencarnação de Allan Kardec. Mesmo quando se admite, nos limites da crença espiritólica, que Chico teria sido uma personalidade "tão importante" quanto Kardec, é impossível que o médium mineiro de formação católica teria sido encarnação posterior do pedagogo francês.
Em primeiro lugar, uma análise bem mais rudimentar a respeito da personalidade de ambos mostra que os comportamentos de Xavier e Kardec foram completamente diferentes. Eram personalidades tão diferentes entre si que não dava sequer para dizer que um era gêmeo de outro, quanto mais atribuir a ambos um mesmo espírito. Dizer que Xavier é reencarnação de Kardec seria o mesmo que dizer que Danilo Gentili é reencarnação de Oscarito.
Uma observação simples verá a diferença de comportamento entre um e outro. Allan Kardec pode não ser tão sisudo como indicam as fotos e gravuras registradas, mas tinha uma índole simpática, gentil e paciente, porém enérgica. Era um sujeito de bom senso de humor, mas de uma capacidade de exercer o raciocínio crítico e o espírito de pesquisa que buscavam a elucidação dos fatos, procurando utilizar a dúvida como forma de buscar o esclarecimento dos fenômenos diversos.
Chico Xavier, por sua vez, tinha aquela índole um tanto ingênua e quase infantil de um caipira mineiro, uma fala dócil e um jeito frágil, além de ter sido uma pessoa vulnerável às armadilhas que a boa-fé sucumbe, sem muita disposição para o questionamento das coisas e com um senso místico muito forte.
Independente de méritos ou defeitos de sua figura, o que se nota é que a personalidade de Chico Xavier é extremamente diferente da de Allan Kardec, não havendo qualquer semelhança de comportamento que pudesse indicar que ambos teriam sido o mesmo espírito.
Mesmo que se suponha que Kardec e Xavier teriam tido realmente a mesma causa espírita, nem essa coincidência pode indicar tal hipótese de que Xavier era reencarnação de Kardec. Quando muito, teríamos que admitir, neste caso, que Xavier, a partir dessa tese espiritólica, teria sido um "discípulo" do professor lionês.
Mas se constatarmos que o "espiritismo" brasileiro, na verdade, é uma deturpação da doutrina trabalhada com muito sacrifício por Allan Kardec, a situação se torna ainda muito grave. Pois é aqui que se tornam mais acentuadas as diferenças que impedem, por definitivo, que se considere Chico Xavier como uma reencarnação do professor francês.
Isso porque Chico Xavier comprovadamente colaborou, mesmo por simples consentimento, para as deturpações violentas da doutrina espírita desenvolvida por Allan Kardec. Como um "garoto de recados" da Federação Espírita Brasileira - que preferiu seguir a orientação de um desafeto de Kardec, o advogado Jean-Baptiste Roustaing, o primeiro a deturpar a doutrina espírita - , fazendo o serviço de uma excessiva produção de livros cheios de pieguice e até de grosseiros erros históricos.
Portanto, não existe o menor fundamento na hipótese de que Chico Xavier teria sido reencarnação de Allan Kardec. Não há o menor sentido nisso, mesmo se admitirmos a crença espiritólica. Os dois eram pessoas absolutamente diferentes entre si, seja na conduta, seja na índole, seja na forma de enxergarem o mundo.
--------------------------
Há uma crença muito comum entre os chamados "espíritas" brasileiros de que o médium Chico Xavier teria sido reencarnação do professor Allan Kardec, e chegou-se até mesmo a serem produzidos livros ou teses tentando "provar" essa hipótese, tão típica do famigerado ufanismo brasileiro que, puxando a brasa para sua sardinha, chega a atribuir ao nosso país a naturalidade de Deus.
No entanto, não existe qualquer tipo de fundamento a hipótese de que Chico Xavier teria sido reencarnação de Allan Kardec. Mesmo quando se admite, nos limites da crença espiritólica, que Chico teria sido uma personalidade "tão importante" quanto Kardec, é impossível que o médium mineiro de formação católica teria sido encarnação posterior do pedagogo francês.
Em primeiro lugar, uma análise bem mais rudimentar a respeito da personalidade de ambos mostra que os comportamentos de Xavier e Kardec foram completamente diferentes. Eram personalidades tão diferentes entre si que não dava sequer para dizer que um era gêmeo de outro, quanto mais atribuir a ambos um mesmo espírito. Dizer que Xavier é reencarnação de Kardec seria o mesmo que dizer que Danilo Gentili é reencarnação de Oscarito.
Uma observação simples verá a diferença de comportamento entre um e outro. Allan Kardec pode não ser tão sisudo como indicam as fotos e gravuras registradas, mas tinha uma índole simpática, gentil e paciente, porém enérgica. Era um sujeito de bom senso de humor, mas de uma capacidade de exercer o raciocínio crítico e o espírito de pesquisa que buscavam a elucidação dos fatos, procurando utilizar a dúvida como forma de buscar o esclarecimento dos fenômenos diversos.
Chico Xavier, por sua vez, tinha aquela índole um tanto ingênua e quase infantil de um caipira mineiro, uma fala dócil e um jeito frágil, além de ter sido uma pessoa vulnerável às armadilhas que a boa-fé sucumbe, sem muita disposição para o questionamento das coisas e com um senso místico muito forte.
Independente de méritos ou defeitos de sua figura, o que se nota é que a personalidade de Chico Xavier é extremamente diferente da de Allan Kardec, não havendo qualquer semelhança de comportamento que pudesse indicar que ambos teriam sido o mesmo espírito.
Mesmo que se suponha que Kardec e Xavier teriam tido realmente a mesma causa espírita, nem essa coincidência pode indicar tal hipótese de que Xavier era reencarnação de Kardec. Quando muito, teríamos que admitir, neste caso, que Xavier, a partir dessa tese espiritólica, teria sido um "discípulo" do professor lionês.
Mas se constatarmos que o "espiritismo" brasileiro, na verdade, é uma deturpação da doutrina trabalhada com muito sacrifício por Allan Kardec, a situação se torna ainda muito grave. Pois é aqui que se tornam mais acentuadas as diferenças que impedem, por definitivo, que se considere Chico Xavier como uma reencarnação do professor francês.
Isso porque Chico Xavier comprovadamente colaborou, mesmo por simples consentimento, para as deturpações violentas da doutrina espírita desenvolvida por Allan Kardec. Como um "garoto de recados" da Federação Espírita Brasileira - que preferiu seguir a orientação de um desafeto de Kardec, o advogado Jean-Baptiste Roustaing, o primeiro a deturpar a doutrina espírita - , fazendo o serviço de uma excessiva produção de livros cheios de pieguice e até de grosseiros erros históricos.
Portanto, não existe o menor fundamento na hipótese de que Chico Xavier teria sido reencarnação de Allan Kardec. Não há o menor sentido nisso, mesmo se admitirmos a crença espiritólica. Os dois eram pessoas absolutamente diferentes entre si, seja na conduta, seja na índole, seja na forma de enxergarem o mundo.
--------------------------
OBS: Essa discussão, apesar de incoerente, ainda é bem debatida, pois para os chiquistas, admitir que ele e Kardec foram um só, joga mais lenha na fogueira do mito do "povo escolhido" que tanto fascina os seguidores da deturpação. Para os desavisados, alerto que patriotismo é um sentimento materialista e totalmente incoerente com a doutrina. E além disso, para que um sábio como Kardec reencarnasse num tolo como Chico Xavier, deveria ter havido uma regressão no nível espiritual, algo comprovadamente impossível segundo os estudos que levaram a criação da doutrina.
Veredicto irrevogável: Kardec nunca reencarnou como Chico Xavier. Individualidades diferentes e até opostas, seguiram cada um o seu caminho, de acordo com o que fizeram. Caminhos muito diferentes, com o encontro entre ambos completamente impossibilitado. Até porque Kardec, para Chico, nunca passou de um mero nome, pois ele, católico da gema, sempre preferiu a sua fé, sugerindo em muitas oportunidades que o Papa (Francisco?) seria o condutor da regeneração do planeta. Regeneração que foi adiada graças a tolice da população em geral, cada vez mais alienada e insensível.
Comentários
Postar um comentário