(Autor: Professor Caviar)
Já se começa a pensar quanto a religião, em vez de prevenir o egoísmo, a irritabilidade e outros defeitos, acaba acentuando-os de maneira mais preocupante do que se atribui quando na sua ausência.
As redes sociais, "reduto" de tantas mensagens e vídeos favoráveis a Francisco Cândido Xavier - mesmo com abordagens que se colidem entre si, como os seguidores que seguem a "profecia da data-limite" e outros que discordam da mesma - , se tornaram também redutos de profundo ódio e humilhação humana.
O Brasil, a dois anos da tal "data-limite" - consta-se que Chico Xavier teve um sonho com a reunião dele e Emmanuel com as "autoridades do universo", inclusive Jesus Cristo, que, vendo o risco da Terceira Guerra Mundial, estabeleceu uma "moratória" de 50 anos a partir de 1969 (época da expedição da NASA na Lua) para se desenvolver a paz entre os povos (não nos iludamos, tudo dentro de uma perspectiva igrejista) - , acabou se tornando um dos principais cenários de retrocesso e brutalidades que ameaçam a humanidade na Terra.
A onda de truculência digital, que faz com que desocupados criem até blogs de calúnia e difamação contra desafetos só por causa de uma discussãozinha tola, é um fenômeno preocupante nas redes sociais. O "sucesso" dessa onda de ódio e brutalidade virtual, que em muitos casos sai da esfera digital para o contato físico das agressões morais ou corporais, fez com que ataques coletivos em horários combinados - um hábito existente desde os tempos do Orkut e que "invade" até petições em Internet ou em fóruns e espaços de respostas em fotologs e blogs - atingisse até mesmo pessoas famosas.
Pessoas diversas como a jornalista Maria Júlia Coutinho, a atriz Taís Araújo e a professora Lola Aronovich são algumas das vítimas desses ataques de cyberbullying. O ex-presidente Lula é o mais humilhado e atacado nas redes sociais, sendo alvo constante de muitos boatos sem fundamento que acusam o petista de ser executor ou mentor de crimes gravíssimos, que ele nunca cometeria.
Lula é o extremo-oposto de Chico Xavier. O petista, conhecido por um projeto político de inclusão social, desenvolvimento econômico com medidas de benefício à população carente, está associado a supostos crimes que praticamente abalam sua reputação, fazendo do ex-operário uma das maiores vítimas de ódio profundo no Brasil.
Já o "médium" mineiro é o inverso. Caipira reacionário, plagiador e pastichador de livros, explorador da boa-fé dos humildes e, sobretudo, dos que perderam entes queridos, e comprovadamente um dos maiores deturpadores da Doutrina Espírita - só o fato de Chico Xavier ter deturpado a doutrina de Kardec desmereceria por definitivo toda a admiração que o "médium" recebe - , o mineiro no entanto atingiu uma reputação de semi-deus por causa de sua fanática legião de seguidores.
Esse contraste de dois pesos e duas medidas se observa principalmente no YouTube. Vídeos se multiplicam acusando Lula de ser mandante de crimes ou de fazer ameaça de morte. Enquanto isso, Chico Xavier recebe vídeos igualmente mentirosos, mas no sentido inverso, ora tratado como "filósofo", "profeta" e "ativista social". Isso para não dizer os vídeos da mais gosmenta pieguice, como um vídeo intitulado "Amor".
E quem imagina que os seguidores de Chico Xavier são puro amor e misericórdia, ficará decepcionado quando, mesmo diante de questionamentos construtivos sobre sua pessoa, os chiquistas despejam comentários agressivos, ameaças, demonstrações de rancor e até de profundo desequilíbrio emocional, só pelo risco de ver seu ídolo religioso tirado do seu pedestal. Esquecemos que, até nesses casos supostamente "iluminados", há demonstrações de fanatismo doentio, piores do que em outros casos de um fanatismo mais assumido e explícito.
E quem imagina que os seguidores de Chico Xavier são puro amor e misericórdia, ficará decepcionado quando, mesmo diante de questionamentos construtivos sobre sua pessoa, os chiquistas despejam comentários agressivos, ameaças, demonstrações de rancor e até de profundo desequilíbrio emocional, só pelo risco de ver seu ídolo religioso tirado do seu pedestal. Esquecemos que, até nesses casos supostamente "iluminados", há demonstrações de fanatismo doentio, piores do que em outros casos de um fanatismo mais assumido e explícito.
Não por acaso, ambas as abordagens seguem a pauta trazida por uma mídia reacionária, de visão de mundo ultrapassada e restritiva, que expressa um autismo de elites que pouco se importam o que quer e o que necessita a humanidade. Ela forja vilões políticos e ídolos religiosos ao bel prazer, para que se criem um sistema de valores em que a "bondade" seja apenas uma virtude controlada pela burocracia religiosa e por ações paliativas que nem de longe afetam os privilégios dos mais ricos.
É por isso que se vê que a "bondade" de Chico Xavier, que muitos pensam ingenuamente ser tão espontânea e autêntica, foi na verdade um discurso construído pela Rede Globo, com base num exemplo inglês, em que há até mesmo um roteiro pronto de "filantropia", da chegada a uma "casa de caridade" até a entrevista na qual lança frases de efeito, geralmente vinculadas à Teologia do Sofrimento, uma ideologia de pretensa humildade que garante a manutenção das desigualdades sociais.
As razões que motivam esse coquetel agridoce de religião com ódio, de mentiras com persuasão, alternando complacência e rancor conforme o capricho das conveniências, pouco importando aspectos como ética, lógica e bom senso, partem desse jogo de interesses que envolve o poder midiático, os interesses de mercado e a manipulação do inconsciente coletivo, despertando paixões em todos os sentidos. E isso mostra como o raciocínio humano é muito mal utilizado, desperdiçando a capacidade do homem de pensar coerentemente as coisas.
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