Adeptos de Chico Xavier exigem "base científica" para seus questionadores. Mas para os chiquistas...
(Autor: Professor Caviar)
Tornou-se lugar comum adeptos de Francisco Cândido Xavier apelarem para a falácia de que os questionadores do "médium" carecem de "bases científicas" ou "fundamentos teóricos" para tais análises.
Tentando adotar um discurso mais "racional", essa parcela de chiquistas cria um discurso que dá a falsa impressão de que são eles que possuem a visão mais objetiva dos fatos, e que por isso, para se questionar Chico Xavier, só se servindo de todo um aparato de análises complexas e a maior bagagem bibliográfica possível.
Vamos desconfiar dessa cobrança. Afinal, se observarmos o que é conhecido oficialmente como "fundamento teórico ou científico" é, na verdade, uma cosmética acadêmica no qual as "análises" de um fenômeno são meramente descritivas. Criou-se um aparente consenso, na burocracia acadêmica, dominante nas universidades brasileiras, de que "análise objetiva" é apenas um desfile de referências bibliográficas aparentemente diversificadas e conflituosas descrita em monografias que só servem para enfeitar estantes de bibliotecas de pós-graduação.
Nessa perspectiva, a "análise objetiva" é vista como aquela que não desafia o problema, apenas o cita em um longo trabalho descritivo - maçantes páginas de discurso prolixo e narrativa técnica, que quase nada ajudam na transmissão real de Conhecimento - e depois deixa a problemática como está.
Imaginemos se usássemos esse método meramente descritivo e observador de um fenômeno na análise de uma doença. Seria feito os exames médicos esperados, divulgados os diagnósticos etc. Mas a doença não poderia ser curada, porque isso iria contra a "objetividade" do processo.
Da mesma forma, ao analisarmos um crime, com toda a perícia necessária e todo um relatório minuciosamente elaborado, não poderíamos sequer cogitar a condenação do culpado identificado, porque seria atentar contra a "objetividade". Toda investigação se resultaria na absolvição do culpado, mesmo com provas constatadas.
Entre os direitistas, costuma-se dizer que a visão "mais imparcial" é aquela que reconhece o poder de um político de direita e aceita suas decisões de maneira resignada. A "objetividade" é sempre vista como sinônimo de "aceitação", mesmo quando esta envolve fenômenos nem tão objetivos assim. E a recusa a esses fenômenos é vista erroneamente como "preconceito", quando se esquece que existem muitas aceitações mil vezes mais preconceituosas do que tantas recusas ou rejeições.
FAÇAM O QUE EU DIGO...
No caso do "espiritismo", o que vemos, porém, é que os adeptos de Chico Xavier só se preocupam com os "fundamentos científicos" dos outros, daqueles que questionam o badalado mito. Quando se trata de defender o mito do "bondoso médium", ninguém está aí para bases ou fundamentos, bastando apenas a fé cega.
Que bênçãos os "espíritas" não teriam dado ao procurador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, em que pese ele ser um evangélico. Ele, com suas amostras simplórias do programa Microsoft Power Point, havia dito que não tinha provas, mas "convicções" que alegavam que o ex-presidente Lula era o "chefe máximo" da corrupção.
Quando se fala a favor de Chico Xavier, a lógica e o bom senso vão para o lixo. Sob aquela desculpa de "é melhor acreditar", se aceita tudo que for ligado a ele, sem raciocinar. Até aquelas frases, dotadas do mais retrógrado moralismo, de que "o silêncio é a voz da sabedoria", são aceitas e até defendidas por pessoas que, em outras situações, reprovariam a censura.
Os seguidores de Chico Xavier cobram rigor metodológico apenas dos outros, mas eles, diante dos livros do "médium", com irregularidades muito graves, não querem assumir esse rigor. Acham que é "maledicência", "causa dissabor", preferem a preguiçosa fé que aceita qualquer absurdo e qualquer aberração, sob o pretexto das "belas lições de amor", da "caridade", do "pão dos pobres".
Isso faz com que o deturpador maior da Doutrina Espírita seja aceito sem questionamento. Até porque esse era o apelo do ultraconservador Xavier, que com sua suposta humildade quase venceu na sua pegadinha de atrair o apoio de esquerdistas e ateus.
E isso mostra, também, o quanto os chiquistas não estão aí para a coerência, a lógica e o bom senso. Querem apenas dizer que os questionamentos a Chico Xavier não os convencem, e pedem aos questionadores uma argumentação mais complexa.
Mas a verdade é que os questionadores de Chico Xavier têm, sim, fundamentos científicos ou teóricos. E o pior é que, quando eles são rigorosamente apresentados, os chiquistas não gostam. O que sugere que uma pessoa adorar Chico Xavier é, muitas vezes, ela sentir vergonha das muitas possibilidades do ato de raciocinar.
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