(Autor: Professor Caviar)
A ideia de bondade se mantém num sentido bastante equivocado, restrito a formalidades e estruturas institucionais. Em outras palavras, a ideia do "amor ao próximo" deixa de ser uma qualidade autônoma para ser vinculada à religiosidade - um sentimento tido como "positivo" e "saudável", mas se manifesta por fantasias surreais e moralismo conservador - e serve de propaganda para a vaidade de ídolos religiosos, que se acham "melhores" do que outrem.
A "caridade paliativa", ou "assistencialismo", é um fenômeno preocupante, porque reduz a bondade a uma atividade em que o "benfeitor" se sobressai àquele que é ajudado. Isso sem falar que os resultados dessa "caridade" são inexpressivos e medíocres, Poucos são ajudados, e mesmo assim de maneira superficial, e a qualidade da ajuda é, na melhor das hipóteses, mediana.
Essa ideia de "bondade" que comove plateias só serve para o entretenimento de pessoas que ficam sentadas nas salas para cultuar quem só "ajuda um pouquinho". A pobreza não é eliminada de forma definitiva, ela é apenas parcial e provisoriamente resolvida, servindo mais para promover a instituição ou o figurão religioso que "pratica a caridade".
Há todo um coro de alegações subjetivistas, movidas pela emoção, ilustradas por desenhos de corações vermelhos, que atribui a esses atos como "bondade plena", "caridade transformadora" etc. As pessoas não mostram dados concretos sobre se realmente o ídolo religioso da ocasião ajudou ou não muita gente, mas, às vezes, quando mostra, os dados decepcionam.
Vide o caso da Mansão do Caminho. Segundo reportagem do Fantástico, da Rede Globo de Televisão, a casa mantida por Divaldo Franco só ajudou, em 63 anos de existência, 0,08 % da população de Salvador, o que desmerece o título de "maior filantropo do país", algo mais movido pela idolatria a um militante religioso do que pela ajuda ao próximo.
Um dado a ressaltar é que, em muitas "casas espíritas", os miseráveis que recebem ajuda todo período, podendo ser meses ou anos, são quase sempre os mesmos. Isso faz a tão alegada e festejada caridade ser inócua e inexpressiva: ela não traz resultados concretos nem profundos. Se as pessoas voltam para pedir uma ajuda, é sinal que essa ajuda falhou.
As pessoas festejam muito a "bondade" religiosa, mais pelo prestígio do ídolo religioso do que pelos resultados obtidos. Fazem de conta que ajuda foi muita, os resultados transformadores e que, se algo deixou de ser feito, é porque houve algum impedimento. Mas tudo isso é inútil.
Afinal, se a "caridade" trouxe poucos resultados, não beneficiou as pessoas de maneira profunda, definitiva e transformadora, quando muito apenas produzindo cidadãos inócuos e meros cumpridores de obrigações, é bom estar alerta. O que se apoia não é a "bondade plena", mas o assistencialismo, uma "caridade" que põe o "benfeitor" acima do "beneficiado", exaltada apenas porque atende a fantasias e êxtases religiosos.
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