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Cegos Guiando Cegos

(Autor: Jorge Murta)

Algo que sempre me incomodou foi a facilidade com que algumas pessoas acham que é fácil falar de espiritismo. Não que seja difícil, pois conhecer espiritismo a fundo em seus meandros, requer conhecimento e estudo, porém a doutrina é algo simples em sua essência, a qual não requer conhecimentos profundos.

Afinal, na parte das definições dos princípios básicos (Deus, imortalidade, pluralidade das existências,comunicabilidade dos espíritos e pluralidade dos mundos habitados), bem como  conceitos como a lei de evolução , esquecimento do passado e as conseqüências morais que, fatalmente vem para quem estuda o espiritismo, pois mas cedo ou mais tarde, o espírita mais cético de todos, até ele, verá que “fora da caridade não há salvação” e também que Kardec falou, diversas vezes da importância da moral (não confundir moral (costumes, regras) com moralismos).

E devido a essa obnubilação que acomete muitos dos espíritas chamados místicos (ou religiosos) e não muito menos dos espíritas, que chamo de “ortodoxistas” (os antigos chamados de cientificistas da época de Torterolli), é que  vemos que cada vez mais há cegos guiando cegos,  tal como a frase atribuída a Jesus. Importante lembrar que Kardec nunca falou em espiritas místicos, religiosos ou ortodoxistas. Nem mesmo em espiritismo ortodoxo ele falou, pois espiritismo é apenas espiritismo, sem adjetivações de espécie alguma. Para o Codificador, só havia espiritas experimentadores ou imperfeitos ou verdadeiros (também chamados de espiritas cristãos) e por fim, os exaltados.

Essa divisão entre cientificistas e místicos passou a existir na época de Bezerra de Menezes e Torterolli, em terras brasileiras, a qual persiste, erroneamente até os dias de hoje, só que atualizada para espíritas religiosos x espíritas ortodoxos, sendo que “ortodoxo” aí está empregado, duplamente errado, pois “ortodoxia” nada tem a ver com a conduta equivocadissima de alguns ditos ortodoxos, os quais chamo de ortodoxistas, pois ortodoxo quer apenas dizer que  o espírita usa a coerência doutrinaria para estudar a doutrina. Já o mesmo não se pode dizer dos ortodoxistas que mascaram idéias pessoais com posições doutrinarias e disseminam o erro, as vezes como conta gotas, as vezes de forma mais agressiva mesmo, eu diria até debochada.

Há dois tipos de cegueira, ambas achando que enxergam melhor que a do outro, ou melhor, acham que não são cegos também. A cegueira religiosa ou mística, querendo impor sua escuridão a todos e a cegueira ortodoxista que quer tirar a luz de todos que a querem.

 O erro dos religiosos consiste basicamente na adoração de certos médiuns; na crença cega neles e nos espíritos que se comunicam; em não ler e menos ainda em não estudar a codificação e ao contrario, ler apenas as obras complementares ou subsidiarias, que de complementar ou subsidiaria nada tem.

 Já o erro dos ortodoxistas é outro, embora seja bem parecido.

1) Se os religiosos acham a moral bonita, os ortodoxistas não acham, acham que a moral é algo individual e que nao deve se cobrar postura moral de ninguém. Aqui cabe um comentário: um erro nao justifica o outro. Não é por alguém ser moralista e por isso ficar dizendo o que os outros deveriam fazer (ou seja cobrarem postura moral), que podemos dizer que a mora é algo sem importância ou mesmo algo meramente "individual".. Isso para mim, é desculpa de quem não quer nem mesmo tentar se transformar moralmente e nem fazer esforços para melhorar-se. Também dizer que "moral" é algo individual é limitar (ou então é prova de que nao conhece mesmo o espiritismo) que "Moral" é vista como regra de bem proceder e tem caráter geral, ou seja, de lei, tanto que ocupa toda a terceira parte do Livro dos Espiritos - DAS LEIS MORAIS. E vem dizer que a moral é algo "individual"? Ter moralidade não, ser moralista sim, é algo individual.

E exemplifico: Moral vem do "latim" 'mos-moris' e quer dizer "costumes, hábitos", por isso não podemos falar em uma moral apenas, a individual, visto que se no Brasil, por exemplo, a moral brasileira (os costumes) dizem que um homem deve se casar com uma mulher, no Oriente Medio, de acordo com a moral islamica, um homem pode se casar com varias mulheres, basta poder sustenta-las.  Diremos que é imoral, só por nao ser a moral deles igual a dos brasileiros? Em absoluto podemos fazer isso, são somente costumes , habitos diferentes.

Outro exemplo, até imperceptível do que seja hábito moral, ou seja, nascido dos hábitos e costumes, mas é moral, é o hábito de se vestir. Isso mesmo, de se vestir. Quem já teve oportunidade de estudar FILOSOFIA DO DIREITO, deve ter ouvido o professor dizer que nos primórdios  da humanidade, toda a raça humana andava nua para eles, era natural , mas aí houve o frio, a era glacial e o homem teve necessidade de se proteger do frio, cobrindo  seu corpo e usou para isso as peles dos animais.  Dizem que o uso do cachimbo faz a boca torta e o cachimbo foi o uso da roupa (peles) por centenas de anos e a boca ficou torta, ou seja, se habituaram, se acostumaram a usar as roupas, por isso nao usar roupas é visto como algo socialmente imoral hoje.

 Um último exemplo é o escovar os dentes e lavar as mãos, dentre outros. Esses são hábitos morais. Morais? Isso mesmo, pois são hábitos que nascem do costume reiterado.

2) Os ortodoxistas vêem o espiritismo como ciencia. O erro nao está aí. Está em eles darem uma supervalorização ao aspecto cientifico, uma minivalorizaçao ao aspecto filosofico e zero ou proximo de zero ao aspecto moral..Mas vemos nas obras básicas que Kardec (quem tem a codificação e Revistas Espíritas em pdf pode testar a busca por "moral") e ver que essa palavra é revestida de importancia, assim como a ciencia e filosofia também tem as suas.

PS - Desculpem a inconfidência, mas acho até graça nas "foquinhas" amestradas que ficam batendo palmas para tudo que a "morsa-rei" fala para as pobres foquinhas que ficam a espera de ganhar umas sardinhas (já deu para ver que tem endereço isso, né?)

3)  A obsessâo por retomar o CUEE (Controle Universal do Ensino dos Espíritos). Não haveria nada de mal nisso, mas  eles se esquecem de algo:
     -  “Uma só garantia séria existe para o ensino dos Espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros.”(definição contida no ESE).
    
Digam-me: como eles pretendem controlar isso, ou seja,  a espontanaeidadedas comunicações? Apenas varios espiritos dando comunicaçoes semelhantes e de forma simultanea, sem interferencias  poderia ser de alguma credibilidade, mas convenhamos que com a rapidez tecnologica seculo do 21 tornaria o CUEE algo hoje, algo ultrapassado, pois pairaria duvidas sobre a veracidade do mesmo. E de mais a mais entramos na questao "E Quem Vigia Os Vigilantes?" ou seja, quem garante que a comunicação recebida por eles é veridica? Quem garante que a mesma foi recebida simultaneamente em varios pontos do planeta por mediuns diferentes?

A resposta é uma só:: NINGUÉM. E as foquinhas seguem batendo palmas para a morsa ,a espera de seu peixe.

4) A quarta e não última observação diz respeito a conduta moral deles em relação aos outros, para ser mais exato a maneira como eles (não) respondem às dúvidas de terceiros, basicamente se resumindo a:
     - "Leia a codificação";
     - "Isso nao é espiritismo";
     - "Estude!"
     E pior que nem o teste que fiz com eles, um teste simples foram capazes de responder. Perguntei a eles:
   " Eu gostaria de "ouvir" os pareceres de vocês do porquê do FCU, ter em seu nome os adjetivos COSMICO e UNIVERSAL, pois os mesmos, à primeira vista parecem sinônimos, pois Cósmico pode também ser entendido como universal, em algumas acepções, já que cosmos e universo, são muitas vezes confundido como a mesma coisa.
Eu tenho uma idéia do porque de o FCU ser chamado de COSMICO juntamente com UNIVERSAL e de cada uma dessas duas adjetivações fazerem sentido e de se completarem, mas gostaria antes de ouvir os pareceres dos senhores"

E a resposta da morsa foi:

"Quantos universos existem?

Quantos cosmos existem?

Nunca ouvi falar de diversos cosmos e sim de diversos universos, inclusive e principalmente na fisica quantica.

Pode estar aí a chave da resposta"

Resposta? Chave pra ela? Só se for a chave enferrujada do famoso "seria melhor ficar de boca fechada pois entrou mosca", ou seja, respondeu nada com coisa nenhuma só pra demonstrar conhecimento e só mostrou que não sabia nada.

E as focas? Ora bateram palmas para a morsa, a mesma que quer ressuscitar o CUEE e esperam receber o peixe deles.

     Como vemos, tanto os chamados religiosos quanto os chamados ortodoxistas, nas condições citadas. são cegos guiando cegos, com ambos se dirigindo ao abismo do qual cairão, tal como conta a parábola de Jesus. E se citar Jesus é ser místico, então estou em boa companhia, pois nnguém o citou mais como exemplo do que Kardec.

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OBS de Kardec McGuiver: Essa briga entre os espíritas místicos (ou religiosos) e os espíritas científicos (ou ortodoxos) ainda vai dar muito pano pra manga. Se ela já existia no início, através do "Ultimate Fighting" entre Bezerra de Menezes (do lado dos místicos) e Angeli Torterolli (do lado dos científicos), imagine agora, onde a discussão ganha a sua amplitude graças a internet. leiam atentamente o excelente texto do amigo Jorge Murta.

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