(Autor: Profeta Gandalf)
O Espiritismo na verdade surgiu como ciência. Fala em fé, mas a fé raciocinada, aquela que vem após a contestação e análise. Une as etapas de aceitação de uma ideia:
O Espiritismo na verdade surgiu como ciência. Fala em fé, mas a fé raciocinada, aquela que vem após a contestação e análise. Une as etapas de aceitação de uma ideia:
- Filosofia: que nos faz questionar, não aceitar facilmente uma ideia;
- Ciência: o que nos leva a analisar a ideia se válida ou não;
- Religião: validada a ideia, podemos aceitá-la e crer nela.
Mas acontece que não tem sido assim. O Espiritismo brasileiro, conhecido como "Movimento Espírita" e que posso chamar também de Espiritolicismo, tem se desviado cada vez mais do Espiritismo propriamente dito, seguindo orientação de espíritos evidentemente católicos e que inserem suas crenças para que a doutrina lançada por Allan Kardec não ultrapasse o secular e hegemônico catolicismo.
Mesmo com as críticas ao Movimento Espírita pipocando pela internet, seus seguidores, adeptos da boca para fora da fé raciocinada, se revoltam, preferindo se manter presos as crenças absurdas que foram inseridas no movimento, achando que é resultado de uma "fé raciocinada", embutindo uma (falsa) autoridade científica a médiuns, palestrantes e escritores que falam aquilo que eles acreditam, sem verificar se é verdade ou falso. Essa falsa autoridade acaba dando credibilidade a muitos absurdos que vemos em nome da doutrina, o que estimula a estagnação nesse nível.
Mas talvez o medo de romper com um certo igrejismo, já tradicional no Brasil, possa ser o motivo desta estagnação chiquista no Espiritismo brasileiro. O rótulo de "fé raciocinada", referências a ciência e o puxa-saquismo com Kardec são meramente para dar força a fé cega que se instalou na versão brasileira da doutrina, como se isso servisse como prova de que os tais absurdos são verdadeiros. E do mesmo modo que as outras crenças, o Espiritismo brasileiro também tem seus dogmas irracionais, lendas transformadas em fatos "históricos".
Mas adianta esclarecer os integrantes do Movimento Espírita de que isso não é Espiritismo? Não. A fé cega também é surda. A teimosia surgida do fanatismo chiquista impede que mentes possam ser abertas para novos questionamentos. Não se vê nos "estudos" de centros qualquer coisa que estimule análise. Os cursos se parecem com o velho catecismo. As palestras são o mais do mesmo, geralmente falando de amor, bondade e coisas parecidas. Como abrir mentes que são treinadas para serem fechadas?
Se houvesse o esclarecimento de palestrantes, escritores e médiuns de prestígio, além de aparecer mais e mais palestras que realmente mostrem o verdadeiro Espiritismo, possamos ter a esperança de ver as ideias tomarem o seu devido lugar. Mas o que se vê é o contrário, o reforço, através de outros meios como música, cinema, teatro, daquilo que se entende como Espiritismo sem ser de fato. As pessoas vão sendo bombardeadas por esse falso Espiritismo e vão achando que é isso mesmo, pois meios, instituições e indivíduos de prestígio, martelam a mesma tecla. Como combater quem tem um prestígio sólido em uma sociedade que adora idolatrar totens, como a brasileira?
Não sei dizer até onde isso vai. O número de "espíritas" diminui ao invés de aumentar. Entre 1940 e 2010 os declarantes "espíritas (incluindo os membros de religiões afro e católicos sincréticos que acreditam em reencarnação), o número não foi além de 0,9% de acréscimo. Chico Xavier, totem-mor dessa confusão toda, já começa a ser desmascarado, ainda com muita timidez (até quem contesta o mito, mostra um certo medo da suposta divindade que o médium representa, preferindo amansar o teor das críticas), mas aos poucos, se dissociando da imagem de "enviado divino" que os integrantes do Movimento Espírita adoram atribuir ao médium mineiro (que ironicamente não gostava nada da idolatria que faziam - e fazem até hoje - com ele).
O jeito é continuarmos esclarecendo as pessoas, através da internet, esse meio realmente democrático que dá a oportunidade de gente diferente expor as suas ideias, acabando com o pensamento único que tanto nos dominou durante anos. Quem sabe, com a expansão e o aprofundamento dos debates, o Movimento Espírita perderá adeptos e desaparecerá, para dar lugar ao verdadeiro Espiritismo, tal e qual Allan Kardec concebeu.
E realmente, o lionês estava certo quando dizem que os inimigos estavam dentro da doutrina. Quando esses inimigos não puderem mais ser ouvidos, a humanidade poderá se evoluir. Espero que seja o mais rápido possível.
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