(Autor: Professor Caviar)
A ideia dos "médiuns que erram" tornou-se um modismo incômodo e um discurso muito chato, que tem muito mais a ver com a permissividade do erro do que com o realismo de admitir imperfeições.
Dessa maneira, o mito de Francisco Cândido Xavier, mais blindado do que político do PSDB (o chamado "tucano"), é sempre livrado de responsabilidade, e, como um falso cristo, se apoia numa mania de vitimismo, de forma a fugir de certas responsabilidades e forçar a comoção humana, garantindo assim o seu prestígio intato, fossem os escândalos e erros em que o "médium" se envolveu.
Sabemos que um falso cristo é aquele que se supõe "milagreiro", "messiânico" ou "sábio", inserindo dogmas mistificadores para impressionar e dominar as massas. Há muitos falsos cristos e Chico Xavier é o pior deles, pelo verniz de "simplicidade" e "honestidade" que cerca esse perigoso deturpador dos ensinamentos espíritas, que em suas mãos se tornaram subordinados a velhos paradigmas católicos-medievais.
Pela adoração que, na sua forma extrema e blindada de ídolo religioso, vigente nos últimos 40 anos - quando Chico Xavier tornou-se a "água com açúcar" que a ditadura militar e a mídia associada ofereceram à população brasileira para evitar lutar pela redemocratização do país - , o "médium" é alvo de uma série de complacências e relativizações que o fazem a única pessoa que pode ser vista de maneira fantasiosa, ao sabor do pensamento desejoso, sob o pretexto da "liberdade da fé religiosa", na qual se jogaram no lixo a lógica e o bom senso.
Dessa maneira, os chiquistas ficam sempre patrulhando tentando livrar Chico Xavier de responsabilidades desagradáveis. Ele só é creditado como "por decisão própria" em atos que soam agradáveis a seus seguidores. Quando não são, falam até que Chico "errou muito, falhou e caiu", mas nunca lhe atribuem responsabilidade por maus atos e decisões, aos quais são sempre atribuídas influências e responsabilidades alheias.
Tenta-se, portanto, uma contraditória atitude de dizer que Chico Xavier "nunca foi santo nem salvador da pátria", mas ao mesmo tempo se luta para manter sua reputação de "santo" e "salvador da pátria", quando se recorre às suas frases piegas e de moralismo retrógrado nos momentos de convulsões sociais, um hábito corrente há, pelo menos, 45 anos.
Dessa maneira, fala-se que Chico Xavier deturpou o Espiritismo "por influência de obsessores espirituais" (não se menciona Emmanuel, embora uma parcela de chiquistas admite tratar o espírito jesuíta como "vidraça", como fazem os chamados "isentões espíritas"). Fala-se que Chico Xavier defendeu a ditadura militar "forçado pelas imposições do momento", chegando a investir numa falácia de que ele "apoiou a ditadura militar, sem necessariamente apoiá-la".
Só que essa obsessão em livrar Chico Xavier da culpa de seus atos negativos cria um impasse irreversível, como num xeque-mate de um jogo de xadrez. Em primeiro lugar, porque eles demonstram que Chico Xavier nunca teve a liderança que muitos lhe atribuem, mas, em contrapartida, ele agiu com muita consciência ao adotar posturas negativas.
No caso do apoio à ditadura militar, Chico Xavier contrariou a postura de líder, porque foi, de maneira submissa, ser homenageado pela Escola Superior de Guerra, a "Sorbonne", um dos laboratórios do golpe militar de 1964. Ele recusou-se a adotar uma postura de renúncia e firmeza e resolveu aderir aos militares e essa escolha não pode ser subestimada, e confirma o reacionarismo do "médium" que seus seguidores tentam minimizar.
E isso se deu com responsabilidade do próprio "médium". E, se ele sofreu a influência dos "espíritos obsessores", é porque houve uma grande afinidade de sintonia. E devemos lembrar que, pela desonestidade apontada em sua "mediunidade" (as obras "mediúnicas" sempre apresentam problemas de aspectos pessoais referentes aos supostos autores mortos) e pelo obscurantismo de seu moralismo religioso, Chico Xavier atraiu para si espíritos retrógrados, inferiores e grotescos, que ficaram com ele em toda sua vida. E isso sob a mais absoluta responsabilidade do "médium", que deve ser culpado por seus erros, mesmo quando induzido por terceiros. Ele fez sua parte para isso.
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