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Até parece que Erasto previu Chico Xavier, e não foi de forma elogiosa

(Autor: Professor Caviar)

Tomados da doença crônica da fascinação obsessiva por Francisco Cândido Xavier, os brasileiros não conseguem ter firmeza no seu senso crítico, adorando o suposto médium de forma explícita ou na surdina, mas sempre de maneira mórbida, obsediada e subjugada, escravizada por apelos emocionais intensos mas perigosíssimos, que constituem o chamado "bombardeio de amor".

Pois os aspectos negativos de Chico Xavier, cuja revelação assusta a muita gente e causa fúria desmensurada em não poucos adeptos, que não raro desenvolvem sentimentos vingativos que, em tese, se supõem impróprios a essas pessoas, eram prevenidos com muita antecedência pelas mensagens do espírito Erasto de Paneas, discípulo de Paulo de Tarso (o São Paulo dos católicos), em várias passagens da literatura kardeciana.

É incrível que esse trecho, presente no Capítulo 20, "Influência Moral dos Médiuns", em O Livro dos Médiuns, fale justamente dos aspectos negativos que Chico Xavier demonstrou décadas depois. É chocante como Erasto tornou-se a Cassandra de Troia da Doutrina Espírita, alertando sobre os "cavalos de Troia" que viriam escravizar e subjugar as pessoas. Apesar do "movimento espírita" dizer apreciar Erasto, apenas finge concordar com suas ideias e tenta acreditar que seus alertas não são com eles. Vejamos o trecho, presente no item 230:

"Mas onde a influência moral do médium se faz realmente sentir é quando este substitui pelas suas pessoas aquelas que os Espíritos se esforçam por lhe sugerir. É ainda quando ele tira, da sua própria imaginação, as teorias fantásticas que ele mesmo julga, de boa fé, resultar de uma comunicação intuitiva. Nesse caso, há mil possibilidades contra uma de que isso não passe de reflexo do Espírito pessoal do médium.

Acontece mesmo este fato: a mão do médium se movimenta às vezes quase mecanicamente, impulsionada por um Espírito secundário e zombeteiro.

É essa a pedra de toque das imaginações ardentes. Porque, levados pelo ardor das suas próprias idéias, pelos artifícios dos seus conhecimentos literários, os médiuns desprezam o ditado modesto de um Espírito prudente e, deixando a presa pela sombra, os substituem por uma paráfrase empolada. Contra esse temível escolho se chocam também as personalidades  ambiciosas que, na falta das comunicações que os Espíritos bons lhe recusam, apresentam as suas próprias obras como sendo deles. Eis porque é necessário que os dirigentes de grupos sejam dotados de tato apurado e de rara sagacidade, para discernir as comunicações autênticas e ao mesmo tempo não ferir os que se deixam iludir".

Erasto parecia advinhar até mesmo os "conhecimentos literários" e a "própria imaginação" do "médium leviano", que é o que ele se refere nesse trecho. E mais, até mesmo o fato do "médium" agir "quase mecanicamente", por impulso de um espírito zombeteiro, Erasto preveniu. A maneira do "médium" apresentar suas próprias obras como sendo "dos espíritos" e a falta de sagacidade dos espíritas em discernir comunicações autênticas das falsas havia sido alertada nesta mensagem.

Comparemos então com a síntese que Frei Boaventura, no caderno 4 da série Vozes em Defesa da Fé, da Editora Vozes, publicada em 1960, fez sobre a suposta psicografia de Chico Xavier, e o diálogo com o alerta de Erasto é surpreendente.

É pena que o "movimento espírita" não gosta de ser criticado e, vendo que a mensagem a seguir, comprometida com a lógica e o bom senso, partem de um padre católico, os "espíritas" reagem com rispidez e intolerância, porque tudo que vem dos católicos e vai contra o "espiritismo" brasileiro nunca presta. Os "espíritas" brasileiros, que julgam deter o monopólio do bom senso (condenado por Allan Kardec), é que se dizem "vítimas de intolerância religiosa", quando são tolerados até demais e, sobretudo, quando despejam sua intolerância aos católicos que trabalham melhor a lógica:

Verifica-se, pois, que a investigação da verdade histórica do fenômeno Chico Xavier toma-o, na realidade, muito menos fenomenal. Não é um iletrado que produz mensagens em estilo brilhante publicadas em quase 60 volumes. Não: E’ um cidadão inteligente, poeta por inclinação natural, muito lido, capaz de reproduzir mediocremente, em estilos diversos, inúmeras páginas sobre assuntos bastante banais e que são revistas e corrigidas por outras pessoas mais competentes e melhor formadas. Eis a realidade histórica de Chico Xavier. Nada mais. O resto é boato, fantasia e exaltação".

Que diálogo Erasto e Frei Boaventura poderiam ter feito, para questionar um festejado deturpador da Doutrina dos Espíritos!...

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