(Autor: Professor Caviar)
Está aberta a temporada de bajulação dos espíritas autênticos pelos deturpadores da Doutrina Espírita, na esperança destes estarem vinculados, mais uma vez, à velha promessa de recuperação das bases kardecianas, que nunca houve de fato no Brasil.
Os deturpadores agora estão falando não só de Allan Kardec ou de Erasto, e nem mesmo do habitual puxa-saquismo à figura surrada de Jesus de Nazaré, alvo de tantas bajulações por diversas crenças. Trata-se agora de bajular os brasileiros, como José Herculano Pires, Deolindo Amorim, Carlos Imbassahy e o que vier para receber as adulações gosmentas e gordurosas dos igrejeiros de plantão.
Há o pretexto de "pregar a fraternidade" e a aparente tolerância às diferenças. Só que isso é um recurso perigoso. O deturpador passa a ser visto como uma pessoa "tolerante", "ecumênica", "conciliadora" e "acolhedora", quando na verdade essas qualidades escondem um truque na qual o deturpador fica sempre com a razão e com a posse da palavra final.
Nessa estratégia, o deturpador - que exalta tanto os espíritas autênticos quanto os falsos - quer manter um vínculo com as personalidades que ele acha avançadas, progressistas e humanistas, garantindo assim uma associação tendenciosa a eles. Além disso, com essa manobra, o deturpador evita ser visto como intransigente em seus pontos de vista, atraindo a confiança daqueles que poderiam questioná-lo. "Olha, ele falou em Herculano Pires, não vamos questioná-lo, ele reconhece o valor dos espíritas autênticos, deve estar a caminho de ser um", diriam.
Só que normalmente vemos que o deturpador não quer aprender a ser espírita autêntico. A ideia é tentar agradar os espíritas autênticos, mas não ser um deles. É essa ideia que fez o "movimento espírita" ingressar numa "fase dúbia", misturando, como que num engodo, o cientificismo de Allan Kardec com o igrejismo extremado de Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco.
Há quatro décadas, se fez a mesma coisa, misturando Chico Xavier e Divaldo Franco com tendenciosa apreciação das ideias kardecianas, em prejuízo da coerência doutrinária, diante da mistura e da confusão de tantas ideias mistificadoras que, de tão contraditórias, se chocam entre si, como a "profecia da data-limite" que não é unânime entre seguidores de Chico Xavier.
O puxa-saquismo aos espíritas autênticos não impede que o deturpador continue expressando sua preferência ao igrejismo extremo, antes fosse uma manobra de agradar os espíritas autênticos e evitar qualquer reação adversa destes. Se o deturpador faz alguma aparente consideração ao espírita autêntico, o espírita autêntico não irá contestá-lo diante dessa ressalva.
Mas isso requer cautela. O deturpador, como um mistificador, quer sempre estar associado formalmente ao Espiritismo autêntico, embora continuasse defendendo práticas e ideias que causam arrepio na Doutrina Espírita original. Como um traidor do Espiritismo, o deturpador precisa de prestígio, e nada como continuar traindo e, contraditoriamente, manter a imagem de "fiel", como um espertalhão que comete desonestidades e precisa ser visto como o "mais honesto de todos".
O problema é que o deturpador do Espiritismo, em sua obra reunida, mostrará graves incoerências, escrevendo em alguns textos coisas que são opostas em outros. Alegações de transmissão de "palavras de amor", "lições de vida" e "mensagens de paz e fraternidade" se tornam inúteis, diante desse festival de mistificações de um igrejismo velho e de um moralismo ainda mais enferrujado.
Por isso é que o puxa-saquismo "espírita" pode parecer, à primeira vista, uma demonstração de "humildade", "tolerância" e "respeito à visão do outro". Mas é também uma forma do deturpador que traiu os postulados espíritas originais de pegar carona num movimento de recuperação das bases doutrinárias, para que assim, numa nova oportunidade, ele despejar nelas novamente o velho igrejismo de matriz roustanguista.
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