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Não se deve ensinar Chico Xavier a espíritas iniciantes


(Autor: Senhor dos Anéis)

Iniciativa extremamente infeliz um blogue que se volta a ensinar Doutrina Espírita para iniciantes falar em "excelente entrevista" com Francisco Cândido Xavier, como se fosse maravilhoso ouvir suas "previsões" a respeito do futuro da humanidade.

Afinal, a iniciativa, além de ser pouco recomendável, ou melhor, até de muita urgência evitar, revela um grande risco de ensinar para os espíritas iniciantes coisas erradas, vindas de um grande mistificador e que, podemos dizer, era um grande charlatão.

O "espiritismo" já é uma doutrina confusa nas mentes dos mais experientes, cheia de contradições que mesmo quem se diz entendido da doutrina no Brasil não consegue discernir, O duplipensar "espírita" faz os veteranos ficarem desnorteados, entre o pedantismo científico e o deslumbramento religioso, imagine o que ele faria com os iniciantes.

Já sabemos dessa entrevista de Chico Xavier. Ele foi falar do mesmo lero-lero religiosista de sempre. Aquele mesmo conselho religiosista de pedir fraternidade, que seduz a todos por conta da viciada emotividade da fé cega que corrompe até aqueles que se dizem dotados de alguma capacidade de raciocínio questionador.

É aquela mesma coisa que Chico Xavier recebeu de Emmanuel em 1938, que descreveu em Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho usurpando o hoje maculado nome de Humberto de Campos, que citou no tal sonho dormido depois da viagem de astronautas da NASA à Lua, em 1969, e que ficava dizendo em entrevistas ou livros aqui e ali.

O "futuro" de Chico Xavier é coisa tão risível, que seria preferível que ouvíssemos uma história de um pescador ou de um dono de boteco sobre o que cada um destes acharia do futuro da humanidade. Eles podem até delirar e falar muita lorota, mas pelo menos seriam relatos bem mais deliciosos e divertidos de se ouvir.

Já a lorota de Chico Xavier, de que o Brasil será a nação mais poderosa do planeta, se baseia na tese de que o Hemisfério Norte desenvolvido poderá desaparecer, que o Brasil se tornará poderoso e que o "espiritismo" será a religião que "causará muito interesse no planeta".

Esse roteiro já vimos no drama que destruiu a antes imponente e desenvolvida Grécia. Descontados aspectos atrasados daqueles tempos (o machismo, a escravidão, a extravagância das elites e as guerras, além dos assustadores gigantes de um olho só que amedrontam muita gente que lê as obras mitológicas), a Grécia Antiga era um projeto de sociedade bastante desenvolvida de seu tempo.

As guerras destruíram a Grécia Antiga e o resto do mundo antigo: astecas, fenícios, egípcios, maias. Tudo isso ao longo dos séculos, entre a Antiguidade e o fim da Idade Média. O Império Romano constituiu num retrocesso, ao criar um modelo de poder teocrático a partir da sanguinária Igreja Católica Apostólica-Romana.

E aí a humanidade na Terra custou a recuperar o rumo de sua História. Até hoje não se consegue ter a mesma competência arquitetônica dos egípcios, e a imponência intelectual dos filósofos se estacionou nos últimos anos.

Com o fim do Hemisfério Norte, em que se presume que milhares de personalidades importantes tenham suas vidas ceifadas de imediato, só nos restará as réplicas de seu legado, em livros, CDs, DVDs, sítios na Internet etc, guardadas e preservadas no Hemisfério Sul. Pode ser alguma coisa, mas é essencialmente insuficiente.

É igualzinho a Idade Média. Uma humanidade desenvolvida é dizimada (Grécia Antiga e Hemisfério Norte), um império surge de repente (Império Romano e o Brasil feito "coração do mundo") e uma religião torna-se o sustentáculo político do novo império (Catolicismo e "espiritismo cristão").

E qual a opção que o "bom" Chico Xavier acreditava para preencher a lacuna deixada pelo "mundo desenvolvido" extinto? A invasão de extra-terrestres que iriam trazer "sabedoria" para o mundinho restante. Para quem fez Nosso Lar pensando fazer ficção científica (ruim) travestida de realismo espiritualista, isso faz sentido.

Chico, além disso, cometeu sérios deslizes geográficos e geológicos. Ele se esqueceu que, se o Hemisfério Norte for destruído por violentos terremotos e erupções vulcânicas, que atingiriam o Japão e a Califórnia, nos EUA, fatalmente destruiria todo o Chile, por fazer parte do Círculo de Fogo do Pacífico.

Além disso, que gafe terrível foi cometida por Chico Xavier quando, tentando ser o sabichão sobre os futuros povoamentos de estrangeiros no Brasil, os povos eslavos, vindos de nações bastante frias, iriam se instalar nos Estados do Nordeste brasileiro, cujo padrão térmico iria trazer a esses europeus um choque de temperatura que os faria ficarem doentes e morrerem com muita facilidade.

A História do Brasil registra que, na virada do século XIX e XX, quando povos eslavos se instalaram no Brasil, eles escolheram os Estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) para viverem, além de São Paulo, que na antiga divisão de regiões do Brasil, pré-1956 (data de criação da SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), também fazia parte da Região Sul.

Não há como infantilmente aceitarmos Chico Xavier a título de "espiritismo para iniciantes" porque sua confusa trajetória, cheia de contradições e erros gravíssimos, não pode ser aceita sob o pretexto dos estereótipos de "bondade" e "humildade" a ele associados.

Pelo contrário, quem quer ensinar Doutrina Espírita para iniciantes e se mantém apegado ao "carisma" de Chico Xavier acaba cometendo uma grande irresponsabilidade e um gravíssimo equívoco, porque as coisas não são sempre do jeito que parecem.

Chico Xavier, com seu histórico de pastiches literários e exploração sensacionalista das tragédias familiares, não bastasse seu moralismo ultraconservador que fazia apologia ao sofrimento humano, só pode ser recusado pelos brasileiros.

A verdade é que questionar e contestar Chico Xavier, isso sim, é um grande serviço, que não pode ser feito por iniciantes. Não se deve ensinar Chico Xavier para quem é iniciante no Espiritismo. Até porque sua figura traiçoeira precisa ser analisada e questionada por quem é mais entendido e experiente no assunto.

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