(Autor: Professor Caviar)
Sabemos que Francisco Cândido Xavier é blindado pela Rede Globo. O mito de Chico Xavier já era previamente trabalhado em outros contextos - a habilidade publicitária do presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas, que trabalhou o "médium" como um popstar, e, depois, a atuação dramatúrgica da TV Tupi - , mas a Rede Globo o consolidou, retrabalhando sua figura sob o roteiro do inglês Malcolm Muggeridge e enfatizando a pretensa filantropia, gancho publicitário que hoje a mesma Globo faz com Luciano Huck.
Isso é evidente e teve dois motivos. Um é neutralizar, ou tentar fazer crescer a ascensão de pastores evangélicos da linha pentecostal, como Edir Macedo e R. R. Soares, que usavam horários arrendados nas concorrentes da Globo para crescerem e atraírem mais fiéis. Neste contexto, Chico Xavier era o meio exato de concorrer com os "pastores eletrônicos" e o mito de "filantropo" foi certeiro para manipular a opinião pública ao promover um ídolo religioso "à paisana", sem o aparato formal e ritualístico dos católicos propriamente ditos, evitando, assim, despertar desconfiança nos concorrentes pentecostais.
Outro motivo foi evitar a projeção de ativistas autênticos, como o sindicalista Luís Inácio Lula da Silva, o mesmo que se tornou presidente da República e atualmente está preso por supostas e infundadas acusações de corrupção (como uma estória sem pé nem cabeça sobre um triplex no Guarujá). Conservadora, a Globo preferiu eleger Chico Xavier como pretenso ativista, porque sua "caridade" não prejudicava os privilégios abusivos das elites e não combatia as desigualdades sociais, antes minimizando, parcialmente, seus efeitos mais extremos.
As pessoas não percebem isso e mesmo gente que se considera com algum esclarecimento e visão de mundo mais progressista cai na armadilha, pensando que Chico Xavier é um ídolo religioso acima das mídias e das ideologias. Grande engano. Chico é um ídolo religioso associado a ideias bastante conservadoras - tanto, por exemplo, quanto as da ex-jogadora de vôlei Ana Paula - e, como fenômeno de mídia, tornou-se ao mesmo tempo o "padroeiro" e o "protegido" das Organizações Globo.
A imagem adocicada do "médium" mineiro, associada a paisagens floridas e celestiais e a imagens de apelo publicitário de crianças pobres e velhinhos doentes é que trazem uma reputação falsamente progressista a Chico Xavier. Um progressismo que não tem a menor lógica, porque nunca se pode atribuir um progressismo a alguém que ficava o tempo todo pregando a Teologia do Sofrimento, pedindo aos sofredores para suportarem as desgraças em silêncio, sem reclamar.
Muitos se recusam a admitir, movidos pela fascinação obsessiva ou, às vezes, à subjugação - pelo menos não se imagina alguém sofrendo possessão por Chico Xavier, porque no Brasil da dissimulação se procura evitar ações escancaradas e por demais explícitas - , que Chico seja uma figura ultraconservadora, mesmo com suas roupas consideradas cafonas e sua peruca que lhe dava um aspecto brega, junto aos seus óculos Ray-Ban.
E por que muitos se recusam a admitir? É porque a fascinação obsessiva lhes impulsiona a cair na armadilha do pensamento desejoso, que no caso dos "médiuns" insiste no erro grave de vê-los não da forma que eles realmente são, mas da forma que gostariam que eles fossem. O pensamento desejoso tem o efeito nocivo de submeter a realidade à fantasia, à custa de pretensos argumentos, bastante falaciosos, que tentam desesperadamente justificar o injustificável.
Isso cria problemas naqueles que se recusam a admitir que os "médiuns" do "espiritismo" no Brasil sempre são figuras bastante conservadoras, ideologicamente alinhadas à direita, pregadoras de um igrejismo medieval. Esses dados, embora desagradáveis, são a realidade que as pessoas insistem em ignorar, reagindo com muita arrogância e agressividade para manter suas convicções ilusórias.
Afinal, os "médiuns", a partir de Chico Xavier, são trabalhados pela mídia como se fossem as "fadas-madrinhas" da vida real. Os adultos guardam reminiscências dos contos infantis e traduzem em suas ocasiões específicas. Na Teologia do Sofrimento que o "espiritismo" brasileiro tomou emprestado do Catolicismo medieval, os seguidores de Chico Xavier logo identificam em suas obras arremedos um tanto grosseiros do conto da Gata Borralheira que se transforma em Cinderela.
Com isso, as pessoas criam um terreno de fantasia e sonho, que é uma grande ilusão e é movida por sensações catárticas e deslumbramento emotivo exagerado e cego, no qual os "médiuns" só podem estar associados, ainda que fantasiosamente, a "coisas boas", sejam elas quais fossem.
Isso cria um grave problema: as contradições que complicam a reputação dos "médiuns", supostamente tidos como "líderes" e são divinizados pelo seu "poder de decisão", na medida em que são revelados erros graves cometidos por eles. Cria-se uma ilusão na qual um "médium" só age por decisão própria quando seus atos são positivos, mas quando eles são negativos, eles são isentos de qualquer responsabilidade, que é atribuída erroneamente à ação de terceiros ou mesmo a supostos espíritos obsessores.
Essa atribuição cria muitos problemas e sempre coloca em risco a reputação elevada que muitos atribuem a "médiuns" como Chico Xavier, Divaldo Franco e João Teixeira de Faria, o "João de Deus", entre outros. Isso porque essa confusa atribuição - a de que eles só "decidem por conta própria" quando acertam, mas, quando erram, agem por "influência alheia" - derruba qualquer imagem de "liderança", porque, em dado momento, um "médium" supostamente deixa de decidir por conta própria, o que deixa a máscara cair, pela falta de firmeza ou pela falta de responsabilidade. Em todas as hipóteses, diante de um erro o "médium" é sempre desmascarado, eliminando de vez sua reputação de suposto líder ou pretenso sábio.
Voltando à blindagem da Rede Globo, outro motivo a se considerar é que essa emissora tem a habilidade de propagar valores que, supostamente, deixam de ser atribuídos a seus mecanismos de poder. O "funk carioca", a gíria "balada" (criada pela Globo, em parceria com a fascista Jovem Pan FM) e os "médiuns" são valores que expressam o poderio das Organizações Globo sobre o grande público, mas se projetam como se não expressassem esse mesmo poder.
Isso cria um dado perigoso, porque os valores difundidos pela Rede Globo como expressão de sua supremacia sobre os brasileiros são vistos como "tão naturais" quanto o nascer do Sol. Ver que tais valores são absorvidos até por uma parcela de aparentes detratores da emissora é assustador, porque isso significa o maior êxito da família Marinho: influenciar até mesmo aqueles que detestam, ou, então, dizem detestar a Rede Globo e outros símbolos das Organizações Globo.
Sobre os "médiuns", conclui-se que é esse mecanismo que faz com que Chico Xavier e seus semelhantes não sejam vistos como protegidos da Rede Globo, principalmente porque, nos serviços de TV por assinatura, programas "espíritas" aparecem em modestos canais comunitários. Isso traz um verniz "independente" e dá a falsa impressão de que a "elevada reputação" dos supostos médiuns - que, vale lembrar, deturpam a Doutrina Espírita e se desviam dos ensinamentos originais do Espiritismo francês - seria uma "dádiva divina".
Com isso, cria-se um rol de ilusões, que fazem a imagem falsamente divina e exageradamente dócil dos "médiuns", escondendo ou dissimulando seus caráteres reacionários e conservadores, que são explicitamente expressos em seus livros. Mas até os livros deixam de ser lidos, com a seletividade de textos igrejistas que apresentem apenas aspectos "agradáveis", promovendo assim a idolatria cega e obsessiva a Chico Xavier e outros "médiuns" deturpadores.
Outro motivo foi evitar a projeção de ativistas autênticos, como o sindicalista Luís Inácio Lula da Silva, o mesmo que se tornou presidente da República e atualmente está preso por supostas e infundadas acusações de corrupção (como uma estória sem pé nem cabeça sobre um triplex no Guarujá). Conservadora, a Globo preferiu eleger Chico Xavier como pretenso ativista, porque sua "caridade" não prejudicava os privilégios abusivos das elites e não combatia as desigualdades sociais, antes minimizando, parcialmente, seus efeitos mais extremos.
As pessoas não percebem isso e mesmo gente que se considera com algum esclarecimento e visão de mundo mais progressista cai na armadilha, pensando que Chico Xavier é um ídolo religioso acima das mídias e das ideologias. Grande engano. Chico é um ídolo religioso associado a ideias bastante conservadoras - tanto, por exemplo, quanto as da ex-jogadora de vôlei Ana Paula - e, como fenômeno de mídia, tornou-se ao mesmo tempo o "padroeiro" e o "protegido" das Organizações Globo.
A imagem adocicada do "médium" mineiro, associada a paisagens floridas e celestiais e a imagens de apelo publicitário de crianças pobres e velhinhos doentes é que trazem uma reputação falsamente progressista a Chico Xavier. Um progressismo que não tem a menor lógica, porque nunca se pode atribuir um progressismo a alguém que ficava o tempo todo pregando a Teologia do Sofrimento, pedindo aos sofredores para suportarem as desgraças em silêncio, sem reclamar.
Muitos se recusam a admitir, movidos pela fascinação obsessiva ou, às vezes, à subjugação - pelo menos não se imagina alguém sofrendo possessão por Chico Xavier, porque no Brasil da dissimulação se procura evitar ações escancaradas e por demais explícitas - , que Chico seja uma figura ultraconservadora, mesmo com suas roupas consideradas cafonas e sua peruca que lhe dava um aspecto brega, junto aos seus óculos Ray-Ban.
E por que muitos se recusam a admitir? É porque a fascinação obsessiva lhes impulsiona a cair na armadilha do pensamento desejoso, que no caso dos "médiuns" insiste no erro grave de vê-los não da forma que eles realmente são, mas da forma que gostariam que eles fossem. O pensamento desejoso tem o efeito nocivo de submeter a realidade à fantasia, à custa de pretensos argumentos, bastante falaciosos, que tentam desesperadamente justificar o injustificável.
Isso cria problemas naqueles que se recusam a admitir que os "médiuns" do "espiritismo" no Brasil sempre são figuras bastante conservadoras, ideologicamente alinhadas à direita, pregadoras de um igrejismo medieval. Esses dados, embora desagradáveis, são a realidade que as pessoas insistem em ignorar, reagindo com muita arrogância e agressividade para manter suas convicções ilusórias.
Afinal, os "médiuns", a partir de Chico Xavier, são trabalhados pela mídia como se fossem as "fadas-madrinhas" da vida real. Os adultos guardam reminiscências dos contos infantis e traduzem em suas ocasiões específicas. Na Teologia do Sofrimento que o "espiritismo" brasileiro tomou emprestado do Catolicismo medieval, os seguidores de Chico Xavier logo identificam em suas obras arremedos um tanto grosseiros do conto da Gata Borralheira que se transforma em Cinderela.
Com isso, as pessoas criam um terreno de fantasia e sonho, que é uma grande ilusão e é movida por sensações catárticas e deslumbramento emotivo exagerado e cego, no qual os "médiuns" só podem estar associados, ainda que fantasiosamente, a "coisas boas", sejam elas quais fossem.
Isso cria um grave problema: as contradições que complicam a reputação dos "médiuns", supostamente tidos como "líderes" e são divinizados pelo seu "poder de decisão", na medida em que são revelados erros graves cometidos por eles. Cria-se uma ilusão na qual um "médium" só age por decisão própria quando seus atos são positivos, mas quando eles são negativos, eles são isentos de qualquer responsabilidade, que é atribuída erroneamente à ação de terceiros ou mesmo a supostos espíritos obsessores.
Essa atribuição cria muitos problemas e sempre coloca em risco a reputação elevada que muitos atribuem a "médiuns" como Chico Xavier, Divaldo Franco e João Teixeira de Faria, o "João de Deus", entre outros. Isso porque essa confusa atribuição - a de que eles só "decidem por conta própria" quando acertam, mas, quando erram, agem por "influência alheia" - derruba qualquer imagem de "liderança", porque, em dado momento, um "médium" supostamente deixa de decidir por conta própria, o que deixa a máscara cair, pela falta de firmeza ou pela falta de responsabilidade. Em todas as hipóteses, diante de um erro o "médium" é sempre desmascarado, eliminando de vez sua reputação de suposto líder ou pretenso sábio.
Voltando à blindagem da Rede Globo, outro motivo a se considerar é que essa emissora tem a habilidade de propagar valores que, supostamente, deixam de ser atribuídos a seus mecanismos de poder. O "funk carioca", a gíria "balada" (criada pela Globo, em parceria com a fascista Jovem Pan FM) e os "médiuns" são valores que expressam o poderio das Organizações Globo sobre o grande público, mas se projetam como se não expressassem esse mesmo poder.
Isso cria um dado perigoso, porque os valores difundidos pela Rede Globo como expressão de sua supremacia sobre os brasileiros são vistos como "tão naturais" quanto o nascer do Sol. Ver que tais valores são absorvidos até por uma parcela de aparentes detratores da emissora é assustador, porque isso significa o maior êxito da família Marinho: influenciar até mesmo aqueles que detestam, ou, então, dizem detestar a Rede Globo e outros símbolos das Organizações Globo.
Sobre os "médiuns", conclui-se que é esse mecanismo que faz com que Chico Xavier e seus semelhantes não sejam vistos como protegidos da Rede Globo, principalmente porque, nos serviços de TV por assinatura, programas "espíritas" aparecem em modestos canais comunitários. Isso traz um verniz "independente" e dá a falsa impressão de que a "elevada reputação" dos supostos médiuns - que, vale lembrar, deturpam a Doutrina Espírita e se desviam dos ensinamentos originais do Espiritismo francês - seria uma "dádiva divina".
Com isso, cria-se um rol de ilusões, que fazem a imagem falsamente divina e exageradamente dócil dos "médiuns", escondendo ou dissimulando seus caráteres reacionários e conservadores, que são explicitamente expressos em seus livros. Mas até os livros deixam de ser lidos, com a seletividade de textos igrejistas que apresentem apenas aspectos "agradáveis", promovendo assim a idolatria cega e obsessiva a Chico Xavier e outros "médiuns" deturpadores.
Comentários
Postar um comentário