(Autor: Professor Caviar)
Notamos três processos "independentes", mas abertamente patrocinados pela Rede Globo de Televisão, e que envolvem ações paternalistas para dominar o povo pobre.
São processos e fenômenos que são marcados por uma ação paternalista sobre a gente humilde, mas também como meios de promover o conformismo social ou arremedos de rebeldia ou ativismo, além de explorarem a catarse emotiva da sociedade como um todo.
Nota-se que esses processos ocorreram em etapas, e mostram toda a estranheza anti-progressista e com apelo conservador, apesar do verniz de modernidade e futurismo que carregam oficialmente no imaginário popular. Vamos citar aqui os três processos, "diferentes" entre si, mas que guardam uma relação entre si no processo de dominação do povo pobre. Vamos lá.
1) "CARTAS MEDIÚNICAS" DE CHICO XAVIER
Francisco Cândido Xavier, do contrário que muitos imaginam, era um sujeito extremamente conservador e, em muitos aspectos, reacionário. Deturpador do Espiritismo, Chico Xavier também apoiou a ditadura militar e um fato que deve chamar a atenção é a intensificação da sua atividade de produzir "cartas mediúnicas" na época de maior convulsão social do período militar. E Chico Xavier passou a ser blindado pela Rede Globo nos últimos 40 anos, tornando-se o ídolo religioso protegido e protetor da família Marinho, que a ele trabalhou um mito de "filantropia" que hoje vemos na figura tendenciosa de Luciano Huck.
Embora isso soe, para os seus seguidores, como uma "forma de consolação nos tempos difíceis", o processo das "cartas mediúnicas", tido como a "maior caridade" de Chico Xavier, era na verdade uma farsa sensacionalista, além de ser um processo conservador de promover o conformismo ante a tragédia humana. Além das mensagens atribuídas a pessoas anônimas mortas serem fake, na qual as caligrafias "mediúnicas" contrastavam com as deixadas em vida pelos falecidos, a atividade fazia a festa da imprensa marrom, por combinar sensacionalismo sobrenatural, catarse coletiva e devoção religiosa.
Como a maioria das famílias atendidas era de classe média baixa ou mesmo relativamente pobre, nota-se aqui uma espécie de mecanismo de dominação. Além do mais, juntando isso com o contexto da ditadura militar, as "cartas mediúnicas" eram um ato de anestesiamento social, na medida em que fazia as pessoas ficarem conformadas com seus sofrimentos e com a tragédia alheia, sob a desculpa da "vida futura" (ideia da vida espiritual conforme devaneios materialistas), o que significa, também, resignação com as torturas e mortes que ocorriam nos porões do regime militar, que Chico Xavier afirmou ter sido um processo de construção de um futuro "reino de amor" (?!) para a nação brasileira. Está nas palavras dele, no Pinga Fogo da TV Tupi, em 1971.
Diante disso, esse é o primeiro processo, patrocinado pela Rede Globo de Televisão, para dominar os desafortunados da sorte, principalmente pessoas humildes, que eram induzidas e se conformarem com suas desgraças e tragédias, preparando elas, psicologicamente, para também se conformarem com a repressão ditatorial vigente.
2) "FUNK CARIOCA"
Ritmo sonoro dançante que, nos últimos 15 anos, vendeu uma falsa imagem de "movimento cultural libertário", o "funk" - principalmente o "funk carioca", sua vertente mais famosa - também é marcado pela parceria intensa e quase siamesa com as Organizações Globo, da família Marinho.
Dominado por empresários-DJs que se tornam os "cérebros", enquanto os vocalistas, os chamados MC's (em parte acompanhados de dançarinos/as), são os porta-vozes dessa indústria do entretenimento, o "funk carioca" foi um meio das Organizações Globo promoverem uma ideologia de conformação com a pobreza, criando um "ufanismo" das favelas que induzia, com muita sutileza, o povo pobre para se conformar com suas residências irregulares, sua inferioridade social, sua precaridade escolar e com valores morais retrógrados como o machismo, principalmente por meio da objetificação da mulher pelas "popozudas" e "mulheres-frutas".
O ritmo passou a obter projeção nacional e popularidade porque foi inserido em tudo quanto era atração de qualquer veículo ligado às Organizações Globo. Era um meio de promover a glamourização da pobreza enquanto, ao mesmo tempo, essa campanha também é trabalhada para obter o apoio das elites. Os funkeiros renegam vínculo midiático com a Globo, chegando a lançar um discurso de "discriminação da grande mídia", que a ninguém convenceu.
Embora oficialmente o "funk" seja visto como "subversivo", ele nunca encontrou problemas em aparecer na Rede Globo ou em ser cultuado por jovens riquinhos. A imagem pasteurizada do povo pobre e o falso feminismo das funkeiras tranquilizam as elites, porque, para elas, é melhor um pobre rebolando até o chão do que cobrando das próprias elites o fim das desigualdades sociais.
3) JAIR BOLSONARO
Jair Bolsonaro é outro blindado pela Rede Globo, embora esta seja aparentemente rejeitada pelos bolsomínions, como são conhecidos seus adeptos. Ex-capitão do Exército aposentado por medida disciplinar, sem remuneração, depois de condenado por planejar um ato terrorista que não se realizou, Bolsonaro é, recentemente, considerado um perigoso fenômeno eleitoral brasileiro.
Famoso por ideias autoritárias e posturas antissociais, que lhe valeram incidentes negativos como fazer comentários grosseiros em apologia ao estupro contra a deputada do PT, Maria do Rosário, e de ofender quilombolas durante uma palestra numa entidade judaica, Jair Bolsonaro também tem filhos compartilhando de suas ideias reacionárias, dos quais se destacam Eduardo e Flávio, este candidato ao Senado, que são os mais articulados.
Bolsonaro defende o armamentismo, é anti-comunista ferrenho e seu projeto político, do qual é apoiado pelo candidato a vice, o general golpista Hamilton Mourão, e o economista ultraliberal Paulo Guedes (que colaborou com a ditadura chilena do general Augusto Pinochet), mas é associado a uma falsa imagem de "novo" na vida política.
Assim como o "funk", Bolsonaro é cortejado por uma parcela de jovens como um pretenso símbolo de "modernidade". Parte dos jovens das classes trabalhadoras, vários desempregados, se iludem com o discurso de que Jair irá combater a pobreza, prometendo garantir o emprego reduzindo direitos trabalhistas e estimulando o crescimento econômico através de um processo voraz de privatizações.
Tido como "favorito" segundo tendenciosas pesquisas de intenção de voto - que nunca realizaram uma cobertura confiável ao acolher um número muito limitado de entrevistados - , Jair Bolsonaro aparentemente foi beneficiado por um atentado que sofreu, há três dias, em Juiz de Fora. Ferido por uma facada, Jair conseguiu se recuperar rapidamente do ataque, mas terá que ficar de repouso e cancelar aparições públicas, apelando para as redes sociais e para os comícios agora feitos pelos filhos e pelo general Mourão.
OS PROPÓSITOS DA GLOBO
Isso pode parecer teoria conspiratória, mas não é. Há meios sutis nesses processos todos, marcados por muito sensacionalismo e tantas estranhezas.
Um suposto médium e deturpador do Espiritismo forjando cartas atribuídas a pessoas comuns mortas (várias delas prematuramente, um fetiche de Chico Xavier), para promover catarse coletiva, alimentando a cobertura da imprensa marrom e garantindo a repercussão religiosa feita para neutralizar a ascensão dos pastores evangélicos, que usaram as concorrentes da Globo para se projetarem.
Um ritmo musical estranho, sem instrumentistas, sem cantores talentosos, marcado pelo primarismo sonoro e pelo erotismo grosseiro, trabalhado como uma suposta revolução cultural e um pretenso ativismo político-social, embora também trabalhando a glamourização da pobreza, impedindo que os pobres busquem qualidade de vida, antes se evoluindo mais pelo consumismo do que pela cidadania.
E um líder autoritário que, embora seja representante dos interesses das elites mais ricas e mais reacionárias, é cortejado pelos chamados "pobres de direita" como um pretenso símbolo de honestidade, moralidade e empenho no crescimento econômico e social do país.
Nos três fenômenos, um aspecto comum, regido pelas intenções da Globo de dominar as população pobres ou as classes médias baixas socialmente equiparadas. A manipulação e o controle do povo pobre, a resignação social da classe média, o conservadorismo ideológico que promove o conformismo com os retrocessos sociais e as limitações na busca pela prosperidade, com restrições à busca de qualidade de vida. Em todos eles, a degradação social é vista como uma sina para os desafortunados da sorte, para os quais a emancipação social deve ser relativa e restrita a benefícios, de preferência, paliativos.
Famoso por ideias autoritárias e posturas antissociais, que lhe valeram incidentes negativos como fazer comentários grosseiros em apologia ao estupro contra a deputada do PT, Maria do Rosário, e de ofender quilombolas durante uma palestra numa entidade judaica, Jair Bolsonaro também tem filhos compartilhando de suas ideias reacionárias, dos quais se destacam Eduardo e Flávio, este candidato ao Senado, que são os mais articulados.
Bolsonaro defende o armamentismo, é anti-comunista ferrenho e seu projeto político, do qual é apoiado pelo candidato a vice, o general golpista Hamilton Mourão, e o economista ultraliberal Paulo Guedes (que colaborou com a ditadura chilena do general Augusto Pinochet), mas é associado a uma falsa imagem de "novo" na vida política.
Assim como o "funk", Bolsonaro é cortejado por uma parcela de jovens como um pretenso símbolo de "modernidade". Parte dos jovens das classes trabalhadoras, vários desempregados, se iludem com o discurso de que Jair irá combater a pobreza, prometendo garantir o emprego reduzindo direitos trabalhistas e estimulando o crescimento econômico através de um processo voraz de privatizações.
Tido como "favorito" segundo tendenciosas pesquisas de intenção de voto - que nunca realizaram uma cobertura confiável ao acolher um número muito limitado de entrevistados - , Jair Bolsonaro aparentemente foi beneficiado por um atentado que sofreu, há três dias, em Juiz de Fora. Ferido por uma facada, Jair conseguiu se recuperar rapidamente do ataque, mas terá que ficar de repouso e cancelar aparições públicas, apelando para as redes sociais e para os comícios agora feitos pelos filhos e pelo general Mourão.
OS PROPÓSITOS DA GLOBO
Isso pode parecer teoria conspiratória, mas não é. Há meios sutis nesses processos todos, marcados por muito sensacionalismo e tantas estranhezas.
Um suposto médium e deturpador do Espiritismo forjando cartas atribuídas a pessoas comuns mortas (várias delas prematuramente, um fetiche de Chico Xavier), para promover catarse coletiva, alimentando a cobertura da imprensa marrom e garantindo a repercussão religiosa feita para neutralizar a ascensão dos pastores evangélicos, que usaram as concorrentes da Globo para se projetarem.
Um ritmo musical estranho, sem instrumentistas, sem cantores talentosos, marcado pelo primarismo sonoro e pelo erotismo grosseiro, trabalhado como uma suposta revolução cultural e um pretenso ativismo político-social, embora também trabalhando a glamourização da pobreza, impedindo que os pobres busquem qualidade de vida, antes se evoluindo mais pelo consumismo do que pela cidadania.
E um líder autoritário que, embora seja representante dos interesses das elites mais ricas e mais reacionárias, é cortejado pelos chamados "pobres de direita" como um pretenso símbolo de honestidade, moralidade e empenho no crescimento econômico e social do país.
Nos três fenômenos, um aspecto comum, regido pelas intenções da Globo de dominar as população pobres ou as classes médias baixas socialmente equiparadas. A manipulação e o controle do povo pobre, a resignação social da classe média, o conservadorismo ideológico que promove o conformismo com os retrocessos sociais e as limitações na busca pela prosperidade, com restrições à busca de qualidade de vida. Em todos eles, a degradação social é vista como uma sina para os desafortunados da sorte, para os quais a emancipação social deve ser relativa e restrita a benefícios, de preferência, paliativos.
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