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A irresponsável indiferença dos brasileiros a certos problemas


(Autor: Professor Caviar)


Espiritismo, no Brasil, praticamente só existe na sua forma deturpada. Quem luta pelo respeito (mesmo!) ao legado espírita original é uma pequena minoria que não faz barulho algum, e é passada para trás por traidores dissimulados que deturpam o Espiritismo, mas posam de "fiéis e rigorosos seguidores da Doutrina Espírita".

Mas denunciamos a deturpação do Espiritismo, que muda completamente o rumo do legado de Allan Kardec, e a indiferença é generalizada. O barco mudou todo o rumo, pois o Espiritismo original olhava para a frente e seguia as perspectivas humanistas do Iluminismo francês e as descobertas científicas e filosóficas apreciadas pelo pedagogo de Lyon. No Brasil, o Espiritismo se rebaixou a um sub-Catolicismo, e, a partir da evocação de um padre jesuíta, Manuel da Nóbrega, rebatizado Emmanuel, o desvio foi inverso, pois a doutrina brasileira preferiu olhar para trás, praticamente reconstituindo, sob o rótulo "espírita", a essência medieval do Catolicismo jesuíta de origem portuguesa, que prevaleceu no Brasil colonial.

As pessoas não percebem essa gravidade. A adoração, exagerada e doentia, embora dissimulada em "doses saudáveis", a "médiuns" como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Franco - ainda que este tenha tido sua reputação arranhada por comentários homofóbicos e reacionários - , é uma coisa das mais graves e preocupantes, um problema que parece ser de difícil solução, devido à fascinação obsessiva e, até mesmo, a subjugação que se dá a esses dois deturpadores do legado espírita francês.

Temos uma sociedade viciada em sua própria indiferença. Ela boicota avisos urgentes, quando há um texto revelador nas redes sociais ela finge que não leu e foge. Dependendo do status de uma pessoa, um erro grave que ela comete, ainda que provoque danos gravíssimos à sociedade, é relativizado a ponto desta pessoa não ter a reputação arranhada, ainda que eventualmente ela se sujeite a eventuais encrencas.

Vivemos num clima em que o porão da casa está prestes a desabar mas o pessoal da sala se mantém indiferente. Se um quarto pega fogo, pensam que é a luz da festa dos adolescentes. Se a vizinhança é destruída, as pessoas choram suas lágrimas de crocodilo e voltam para suas mesmices. Nas redes sociais, bobagens sem menor valor chegam a repercutir mais do que denúncias urgentes e necessárias.

No Espiritismo, a deturpação da qual Chico Xavier e Divaldo Franco deveriam ser considerados os maiores e mais deploráveis responsáveis é um problema que nunca deve ser desprezado. O que os dois fizeram é da mais extrema gravidade, e uma ofensa muitíssimo séria contra o trabalho que Allan Kardec teve em sua vida. E, para quem acha exagerada tal constatação, acreditando ingeunamente que Chico e Divaldo só "deturparam por acidente", por "entusiasmo demais pela origem católica de cada um", vamos nos lembrar o que fez o pedagogo francês em seu tempo.

Kardec teve muito trabalho para difundir sua doutrina. Pagou as viagens com seu dinheiro, que não era aquela fortuna. Atuou praticamente sozinho, sem apoio, e consumiu suas energias físicas, perdendo noites de sono, para escrever artigos e livros buscando esclarecer as questões de maneira bastante cautelosa, buscando ser fiel à lógica e ao bom senso, evitando o máximo de mal-entendidos, atuando até mesmo quando já sofria do aneurisma cerebral que depois o matou. E ainda foi mal compreendido, repudiado por muitos e até traído por seus discípulos, que já na França preferiram substituir a herança kardeciana por graduais concessões ao igrejismo roustanguista.

Só esse parágrafo revela o quanto a adoração a Chico Xavier e Divaldo Franco é, na verdade, um sentimento de vergonhoso apego emocional a esses dois deturpadores, associados a literatura fake de falsas psicografias, defensores de valores moralistas retrógrados e que sempre viveram do bem-bom, sendo Chico tratado como se fosse um aristocrata britânico, sustentado pelo dinheiro alheio e blindado, nos últimos anos de vida, pela Rede Globo (que o fez "símbolo de amor e bondade" - a maneira do que faz hoje com Luciano Huck - para enganar o povo, que não sabia que isso era um truque para evitar a ascensão de pastores evangélicos que usavam a TV como palanque).

O que os dois fizeram foi da mais extrema gravidade, e, se o Brasil fosse uma sociedade menos complacente e menos deslumbrada, Chico Xavier seria o primeiro a receber o mais enérgico repúdio da sociedade. Sua aparição no Pinga Fogo, na TV Tupi, desfaz todo o mito de "pessoa meiga e humilde" que seus fanáticos seguidores veem nele, por influência, a posteriori, da Rede Globo de Televisão (que blinda o "médium" desde o final dos anos 1970). Pelo menos Divaldo Franco começa a ser repudiado, depois da repercussão negativa de seus comentários reacionários, num evento "espírita" em Goiânia, em fevereiro passado.

A verdade é que Chico e Divaldo avacalharam, ofenderam, desmoralizaram e humilharam Kardec. Os dois desqualificaram o trabalho da Codificação, mudando tudo. É como se o trabalho de Kardec tivesse sido feito em vão, porque o que hoje prevalece é o igrejismo de conteúdo medieval trazido pelos dois pretensos médiuns, na verdade anti-médiuns, porque não querem assumir a postura intermediária, preferindo ser o "centro das atenções" e vivendo, mesmo postumamente no caso de Chico, um sórdido e mórbido "culto à personalidade", que está por trás dessa adoração gosmenta a essas duas figuras.

Ambos estão associados a valores catolicizados que arruinaram o Espiritismo e deixaram arranhões até mesmo no exterior. Invadiram o "terreno inimigo", na França, onde suas abomináveis obras igrejeiras e cheias de valores reacionários e fantasias materialistas (como as "crianças-índigos" e as "colônias espirituais") ganharam tradução no idioma de Kardec. Divaldo ainda fez pior, espalhando a deturpação espírita em palestras pelo resto do planeta, em viagens de primeira classe custeada por empresas ou pelo desvio das verbas da caridade, o que faz de Divaldo um "turista" de sua própria instituição, a Mansão do Caminho, que nada contribuiu em filantropia senão em pequenas ações paliativas.

As pessoas deveriam estar preocupadas com isso, em vez de orar para que a reputação dos "médiuns" permaneça inabalada. A deturpação espírita é gravíssima, como são graves incidentes como Jair Bolsonaro incitando a violência num comício no Acre. Só o que ele fez nesse comício, posando de atirador e fazendo gestos de quem pratica uma chacina, deveria fazer Jair despencar - ou melhor, "cair", só para fazer trocadilho com seu nome - a ponto de não estar acima do quinto lugar da preferência do eleitorado, refletindo também na queda livre de seu filho Flávio para a corrida para o Senado Federal. Quem dera Flávio sofrer a mesma derrota de Leonel Brizola em 2004. "Perda Total" deveria ser a sina dos Bolsonaro.

A sociedade brasileira deveria prestar atenção a certos problemas e a ouvir conselhos e aceitar denúncias sérias. Sair da zona de conforto de adorações viciadas, de falsas necessidades e do apego ao supérfluo e ao fútil. O Brasil está sucumbindo a uma decadência por conta dessa indiferença generalizada a certos problemas, e isso pode cobrar dos indiferentes um preço muito caro pela intransigência atual, trazendo consequências trágicas a quem hoje não vê tragédia em suas omissões. O nosso país vive uma situação delicada, daí o incêndio que destruiu um museu, daí a ascensão de um fascista capaz de matar seus próprios seguidores, se eles não atenderem às imposições do "mito".

E tudo isso começou com a indiferença ao papel deplorável e nocivo que Chico Xavier e Divaldo Franco fizeram em relação ao legado trabalhoso e suado de Kardec...

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