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Sobre o perigo da fascinação obsessiva por Chico Xavier


(Autor: Professor Caviar)

Há um terrível e ameaçador perigo da idolatria pelo "médium" Francisco Cândido Xavier voltar à tona, pois a aparente suspensão dessa perigosa adoração soa como um vulcão adormecido que, em dado momento, volta a entrar em erupção.

Chico Xavier é alvo dos piores sentimentos obsessivos dos brasileiros. E não se fala em piores de maneira vaga e indiferente, porque são piores, mesmo. Como um deturpador do Espiritismo, com toda certeza e com muitas provas comprobatórias, Chico Xavier trouxe para o Brasil uma série de procedimentos errados que com muita antecedência a literatura kardeciana original tentou prevenir, sem muito sucesso, pelo menos no caso do nosso país.

O Espiritismo brasileiro tornou-se refém dos deturpadores. Nem José Herculano Pires conseguiu combater a deturpação, porque ela tinha como arma letal o "bombardeio de amor", que é um meio muito traiçoeiro de dominação das pessoas, por ele ser dotado de truques que parecem profundas demonstrações de afetividade e beleza. Nem mesmo os combatentes da deturpação espírita conseguem seguir os alertas trazidos pelo espírito de Erasto, estando surdos aos mais urgentes apelos dele, que pediu para combater sem tolerância a deturpação espírita.

Não faltaram apelos, na literatura kardeciana, seja da parte de Allan Kardec, seja de espíritos como Erasto e São Luís, entre outros. Alertas severos de que os deturpadores, os inimigos internos da Doutrina dos Espíritos, irão fazer de tudo para dominarem as pessoas, mostrando os apelos de aparente beleza, falando em "Deus, amor e caridade", usando uma linguagem forçadamente erudita, com mensagens supostamente edificantes e palavras pretensamente belas, que soam poéticas. 

Tudo isso está na obra "admirável" de Chico Xavier, sobretudo o Assistencialismo (nos moldes espetaculares, porém fajutos, que hoje se vê em Luciano Huck, admirador confesso do "médium"), que é definido como "indiscutível caridade do médium mineiro", mas que nunca passou de mais um apelo publicitário para promoção pessoal e como uma espécie de carteirada para abafar qualquer crítica responsável.

Os brasileiros caíram submissos em todos esses apelos. E isso se torna tão grave que o Brasil se encontra numa situação de vergonhoso atraso até em relação à Grécia Antiga, pois o poema de Homero, a Odisseia, já alertava sobre o "bombardeio de amor", através do canto das sereias que tentaram fazer Ulisses se jogar no mar.

Imaginamos o "canto de sereia" apenas pelo aspecto da beleza física feminina ou do caráter da tentação sexual. Ah, mas na religião é que se encontram as piores tentações. Nas sessões "mediúnicas" de Chico Xavier, se encontram as mais pesadas energias vibratórias. Nem em concertos de heavy metal são assim, até porque as estéticas "demoníacas" de suas performances e temas adotados soam uma gozação para os espíritos inferiores, que veem em tudo isso uma ridicularização a eles.

ENERGIAS NEGATIVAS ATRAÍDAS PELA NATUREZA CONFUSA DO "ESPIRITISMO" BRASILEIRO

Mas ninguém entende a complexidade da mente espiritual e imaginamos que músicas melífluas que falem de "paz e fraternidade" afastariam necessariamente os espíritos inferiores. Grande engano. Eles se sentem mais atraídos porque, como espíritos revoltados, eles veem nessas canções algum saudosismo, mas também há a atração pela natureza confusa da forma como o Espiritismo é feito no Brasil. Essa natureza confusa, fundamentada na atitude desonesta de se adotar ideias do Roustanguismo, mas jurar "fidelidade absoluta e rigorosa a Kardec", tem o agravante de não só atrair os maus espíritos, como os faz permanecerem na "seara espírita" sem que se pudesse fazer algo para afastá-los.

Eles permanecem no "meio espírita" de forma que é difícil afastá-los. Eles sempre estiveram junto com Chico Xavier, Divaldo Franco, José Medrado e o que for. Eles estão nas "casas espíritas" que transformam os bairros onde se instalam em terrenos favoráveis para o banditismo, a violência e a insegurança. Eles invadem a vida de boas famílias, para ceifar a vida dos seus melhores filhos. Em contrapartida, os políticos corruptos de direita que recorrem, de alguma maneira, a Chico Xavier, são poupados de encrencas piores, apenas sofrendo, quando muito, infortúnios de fácil superação ou de baixo efeito danoso.

Muita gente fica chocada com isso. Muitos acham isso um "absurdo", e se revoltam com inimaginável (para os padrões "espíritas") irritação. Mas o "espiritismo" brasileiro paga o preço de suas más escolhas, não dá para sair por aí dizendo "eu erro, tu erras, ele erra, nós erramos, vós errais, eles erram" e não pagar a conta dos piores erros. Fácil é dizer "todo mundo erra" e "todos somos imperfeitos", difícil é assumir as consequências.

FASCINAÇÃO OBSESSIVA A CADA TURBULÊNCIA SOCIAL

O grande medo é que, mais uma vez, venha algum engraçadinho na Internet e dizer "ah, diante da turbulência social dos dias de hoje, nada como uma mensagem de Chico Xavier". Tivemos cronista de esquerda falando em "Coração do Mundo", e outro falando em "aguentar os problemas em silêncio". Tivemos semiólogo achando que "Nosso Lar" é livro científico. Tivemos economista dizendo que Chico Xavier era "marxista", pelo jeito ignorando o que o "médium" havia dito explicitamente no Pinga Fogo da TV Tupi.

O maior medo é saber quem será o próximo? Não existe razão alguma para adorar Chico Xavier, que tornou-se uma coleção de problemas de extrema gravidade, com indícios de comportamento esquizofrênico na juventude - o que derruba de vez o mérito de sua suposta mediunidade - , moralismo ultraconservador em toda a vida e tudo isso sem falar da explícita tarefa do "médium" em deturpar e desfigurar, sem o menor escrúpulo, o Espiritismo, desviando a doutrina dos ensinamentos de matriz iluminista de Kardec, substituídos por um igrejismo medieval bastante retrógrado.

A adoração a Chico Xavier, mesmo disfarçada de "admiração saudável a um homem imperfeito mas humilde e bom", revela uma série de defeitos aberrantes da sociedade brasileira. Premia com santificação, mais ou menos admitida no discurso, um sujeito que comprovadamente cometeu desonestidades em sua obra "mediúnica", da qual existem provas irrefutáveis (sério!) de fraudes, devido principalmente às disparidades estilísticas em relação ao que os supostos autores espirituais nos deixaram em vida.

Essa adoração envolve vários problemas. Muitos seguidores de Chico Xavier que se dizem de esquerda e votaram em Lula, Dilma Rousseff e Fernando Haddad, se comportam como bolsonaristas, por acidente, porque, se não se declaram seguidores ou simpatizantes de Jair Bolsonaro, dão consideração a alguém com as mesmas ideias e o mesmo moralismo, que só difere no que se diz ao uso da violência, pois o "médium" reprovava tais atos.

Se bem que até essa reprovação ocorria em termos. Na ditadura militar, Chico Xavier aceitou receber homenagem daqueles que ordenavam o extermínio de cidadãos inocentes, ceifavam vida nos campos, nos subúrbios e nas cidades. O sobrinho Amauri Xavier recebeu ameaças de morte de adeptos de Chico Xavier. 

Os chiquistas explodem em ódio à menor crítica ao seu ídolo. E, além disso, o "espiritismo" brasileiro, no seu moralismo, culpabiliza as vítimas de infortúnios, o que os coloca, mesmo sem querer, ao lado dos que cometem assassinatos e outros crimes violentos. Portanto, mesmo inconscientemente, até no quesito da violência, os chiquistas acabam, por acidente, sendo atraídos por Jair Bolsonaro, cujo governo poderia ter sido ceifado, se as energias espíritas fossem realmente boas.

Isso tudo é afinidade vibratória. Não dá para negar no discurso se, na prática, ele se afirma. De que adianta a pessoa dizer "não vou me afogar no mar, não caio em cantos de sereia", quando o "canto de sereia" chega e a pessoa adere, dizendo "isso não é canto de sereia, é lindo, lembra o Paraíso Divino", e cai, morrendo afogado.

O "espiritismo" brasileiro, repetimos, paga caro pelo preço de suas más escolhas. Fácil é usar desculpas para seus sucessivos desvios doutrinários, como a "catolicização", feita sob a desculpa de "adequar às tradições culturais da religiosidade brasileira". Isso fez do Espiritismo um arremedo, ruim e antiquado, do Catolicismo, mas de uma forma tão desonesta que são seus piores desviantes que juram e até pregam, enchendo o peito de falso orgulho mas de maneira falsa e mentirosa, a "fidelidade absoluta" a Kardec. Quantos traidores são os que mais capricham no discurso de fidelidade, alardeando com palavras espetaculares a lealdade que nunca cumprem. Nem Judas Iscariotes chegou a tamanha traição.

Os seguidores e adeptos de Chico Xavier, mesmo os simpatizantes menos sectários, revelam suas aberrantes debilidades. São pessoas ultraconservadoras e medievais em seus inconscientes, mesmo quando elas tentam de alguma forma parecer "sinceramente progressistas". Daí o problema que a fascinação obsessiva por uma pessoa nem tão admirável assim quanto parece à primeira vista, causa.

Isso faz do Brasil uma nação que nunca se resolve por si mesma. Apega-se à adoração de um ídolo religioso de valor muito discutível e que teve um passado arrivista de arrepiar. Um sujeito que, muito diferente de Jesus e Kardec, cometeu escândalos vergonhosos, por sua própria responsabilidade, mesmo quando feitos sob influência alheia.

Fala-se muito nos "médiuns que erram", mas devemos lembrar que eles fazem muitos erros por afinidade vibratória aos espíritos inferiores, havendo identificação de interesses conforme a "Lei de Atração", uma lição da literatura kardeciana que poucos conseguem perceber.

O grande equívoco desse discurso dos "médiuns que erram" é que não basta criar uma "purificação às avessas", tirando os "médiuns" do pedestal mas mantendo-os em seus altares. Se os efeitos de seus erros são danosos, também houve interesse por tais atos, no calor de seu momento.

Além do mais, soa patética a fascinação obsessiva por Chico Xavier, que não tem qualidades para tanto. Não adianta dissimular, porque o mínimo de adoração, mesmo em desculpas mais "realistas", tem esse caráter de submissão mórbida a alguém que poucos sabem ter sido um mero arrivista.

Que o perdão é possível, isso é verdade. Mas não podemos apostar mais no perdão-permissividade, em que se aceita o calote moral e tudo fica como está. Há 45 anos José Herculano Pires, com toda a sua coragem e seu empenho em combater a deturpação, em dado momento falhou e fracassou, quando enxergou o "perdão" no sentido da permissividade e acreditou na ilusão de que, confraternizando com os "médiuns" deturpadores, as bases originais do Espiritismo de Kardec pudessem ser recuperadas.

Isso foi um erro muito grave, de efeitos devastadores. Nunca o Roustanguismo, em que pese o "movimento espírita" considerar o famoso sobrenome de J. B. Roustaing um "palavrão", esteve tão intenso e forte nas mãos de Chico Xavier e Divaldo Franco, que, depois de 1975, tiveram obras ainda mais roustanguistas, em que pese toda a bajulação viscosa que fizeram ao pedagogo francês. Imaginou-se a deturpação como coisa acidental, sem percebermos que ela era feita com muito gosto e sem o menor escrúpulo pelos "médiuns".

Fiquemos com uma lição trazida por Erasto, em O Livro dos Médiuns, Capítulo 20, Influência Moral dos Médiuns, aos quais o espírito prega sempre o rigor da razão, contrariando as ideias de Chico Xavier que sempre impuseram restrições ao raciocínio lógico. Eis o que Erasto afirmou:

"Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos antigos provérbios. Não admitais, pois, o que não for para vós de evidência inegável. Ao aparecer uma nova opinião, por menos que vos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica. O que a razão e o bom senso reprovam, rejeitai corajosamente. Mais vale rejeitar dez verdades do que admitir uma única mentira, uma única teoria falsa".

De fato, os brasileiros são capazes de rejeitar dez verdades. O problema é que os brasileiros insistem em admitir e defender uma única mentira chamada Chico Xavier.

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