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Exaltação de "espíritas" a Sérgio Moro revela situação pior do que se imagina


(Autor: Professor Caviar)

O apoio do "movimento espírita" à figura do ex-juiz Sérgio Moro, denunciado por inúmeras gravações divulgadas pelo jornal The Intercept, é muito mais grave do que se pode imaginar, sob os mais diversos aspectos.

A figura sórdida que se revela o hoje ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, atuando como um advogado de acusação e selecionando quem deve ou não ser investigado - poupando, sobretudo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, envolvido até os neurônios em diversos escândalos de corrupção - e promovendo decreto que facilita o armamento das pessoas comuns e trará punições brandas aos abusos da violência policial, militar e miliciana, são um alerta para os "espíritas" que agora parecem se gabar de serem a "religião que erra muito".

Afinal, por que os "espíritas" não pressentiram os crimes cometidos por Sérgio Moro, conhecidos pelas conversas registradas com o procurador Deltan Dallagnol? Os dois, pelas atribuições de suas funções, deveriam atuar separadamente e de forma independente e nem sempre concordante um com o outro, mas desde o início da Operação Lava Jato os dois, Moro e Dallagnol, se revelaram dotados da mais cúmplice camaradagem, numa verdadeira promiscuidade jurídica.

Os "espíritas" agora se gabam em "errar muito" e "serem imperfeitos", alardeiam o tempo todo que "são endividados". Fazem isso para evitar assumir as verdadeiras responsabilidades, esperando o calote moral por conta desse vitimismo cafajeste dos "espíritas que erram". E isso os faz dizer, com certa arrogância e presunção, que "foram enganados" por Sérgio Moro e pelas passeatas do "Fora Dilma", depois de atribuir-lhes a tarefa de "inaugurar a tão esperada Era da Regeneração".

Como os "espíritas" podem errar? Como os "médiuns" podem errar? Em tese, isso é possível, mas o que se vê é uma carteirada por baixo, um envaidecimento malandro, similar ao de maus alunos de uma escola que dizem "errei tudo na prova, mas felizmente tirei um 'dez'".

Mesmo sob um âmbito de imperfeições humanas, espera-se dos "espíritas" um mínimo de cautela e prevenção. Mas o que esperar disso de uma religião deturpada, que trai Allan Kardec o tempo todo mas lhe jura fidelidade? Uma religião confusa que mistura omissões de boa-fé com atitudes de má-fé, que impõe limites ao raciocínio lógico, combatendo o rigor da Razão - que Kardec defendeu convictamente, mas Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier) combateu acusando-a de "sujeita às paixões terrenas" -  , não pode inspirar confiança sequer em ações preventivas.

Num dia, os "espíritas", entusiasmados com os noticiários que, tendenciosamente, bombardeiam seu repúdio à "corrupção do PT" (uma falácia inventada pelas elites para desmoralizar os progressos que Lula e Dilma fizeram pela população mais pobre), exaltam Sérgio Moro, os "coxinhas", o "pato da FIESP" (que deve ter sido a reencarnação da Pomba da Paz) e o Batman do Leblon, todos envoltos num processo de "regeneração da humanidade, indignada com o egoísmo impune dos governantes".

No outro, vendo que seus "heróis" são paulatinamente desmascarados, os "espíritas" tentam desmentir as antigas convicções. "Não, nós nunca defendemos o golpe político de 2016, nem sabemos do que você estão falando", arrotam os "espíritas", num desmentimento hipócrita, por ser capaz de desmentir hoje o que se fazia com entusiasmo outrora.

É com esse raciocínio - ou não seria um patrulhamento emocional movido por instintos? - que os "espíritas" tentam desmentir o óbvio, que foi o apoio de Chico Xavier à ditadura militar e que o fez, nos seus últimos anos de vida, cortejar Fernando Collor e Aécio Neves. E como os chiquistas, que não conseguem dizer se uma mensagem de Emmanuel ou André Luiz é uma mensagem pessoal de Chico Xavier ou não, revelam-se muito confusos, eles são muito melindrosos em assumir de verdade seus equívocos.

Afinal, não se diz apenas "tudo bem, eu errei" ou conjugar o verbo errar aos quatro ventos. É inútil dizer que assumiu seus erros se tem medo de assumir os efeitos desses mesmos erros. Acusar o impulso do momento é fácil, mas os erros cometidos por "espíritas", a partir do próprio Chico Xavier, trouxeram consequências danosas, um preço caríssimo que eles não querem pagar de jeito algum.

Sérgio Moro se envolveu em causas arrepiantes. Queria estimular o consumo de cigarros, propondo menores taxas e preços mais baixos, sob a desculpa de combater o comércio criminoso - e isso quando sabemos que o governo Jair Bolsonaro é apoiado por milicianos! - , e atuava para atender a demanda do lobby da indústria armamentista dos EUA, que via no "decreto das armas" do governo Bolsonaro um forte mercado para a venda de armas de fogo que causariam muitas mortes de inocentes.

Como os "espíritas" explicarão isso? A tese dos "reajustes espirituais" que permite se "alegrar" com as mortes de inocentes? Ou serão os "resgates coletivos" que se atribuirão às gerações de jovens pobres, ou de agricultores e de mulheres em geral, mortas pelos famosos crimes da violência policial, da pistolagem e do feminicídio?

E agora, quando Moro é denunciado por ações ilícitas, e a mídia hegemônica luta desesperadamente para blindá-lo? O "segundo filho de Deus", como sugeriu uma das faixas exibidas nas passeatas do "Fora Dilma", será ainda o guardião da "Pátria do Evangelho"? E que "Pátria do Evangelho" é essa, diante da analogia contundente entre o lema de Chico Xavier, "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", e o de Jair Bolsonaro, "Brasil, Acima de Tudo, Deus, Acima de Todos"?

Os escândalos de Sérgio Moro e companhia são os escândalos de Chico Xavier. A Justiça seletiva que deu impunidade ao "médium" no caso das fraudes da obra "psicográfica" sob o nome de Humberto de Campos é a mesma que garante a seletividade da Operação Lava Jato (hoje reconhecida como organização criminosa). Lula é condenado por acusações sem provas. Chico Xavier foi absolvido por acusações cheias de provas, já que o "Humberto de Campos" de seus livros "mediúnicos" era totalmente diferente do Humberto que esteve entre nós, em estilo, linguagem, pensamento e até senso de humor.

Portanto, a situação está mais complicada do que se imagina, e, apesar das seitas evangélicas neopentecostais tivessem maior influência para eleger e sustentar o governo Jair Bolsonaro, os "espíritas" são cúmplices e aliados nessa empreitada, por terem estimulado nos brasileiros as condições psicológicas para a vitória do chamado "mito". Agora, o jeito é o "espiritismo" brasileiro aceitar essa situação e assumir seu ultraconservadorismo, porque isso lhe dói menos.

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