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Intelectual autêntico, Edgar Morin nunca arriscou a fazer profecias. Já Chico Xavier...


(Autor: Professor Caviar)

Os verdadeiros pensadores não são aqueles que possuem respostas prontas para tudo. Não se arrogam a lançar livros chamados "Fulano Responde", prometendo responder todas as questões da humanidade. O próprio Kardec disse, em vários trechos de sua obra, para tomarmos cuidados com espíritos - podem ser encarnados ou não - que se arrogam em supor que sabem tudo, porque estes são mistificadores e traiçoeiros.

Desconfiemos até mesmo daqueles que acumulam para si as aparentes glórias do prestígio religioso, como Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco. Não nos iludamos com suas imagens coladas em paisagens floridas, céus azuis com o Sol a brilhar, passarinhos graciosos voando sobre rosas. Divaldo Franco enganou as pessoas com sua série pretensiosa Divaldo Responde, livro de pura mistificação em que meias-verdades se misturam a verdadeiras bobagens, muitas delas de caráter moralista ou igrejeiro. Chico Xavier, antes, também já publicava vergonhosas obras de mistificação medieval, com o agravante de usar nomes de grandes escritores para tornar as opiniões pessoais do "médium" bem "menos pessoais".

Só um Brasil idiotizado, desinformado e que se entrega facilmente às tentações das paixões religiosas - tão ou mais traiçoeiras do que as paixões do dinheiro, do sexo e das drogas - para, através da fascinação obsessiva, ficar adorando os "médiuns" num estado de transe mórbido, porém nunca assumido, ainda mais que, na moda dos "médiuns que erram", as pessoas dissimulam essa idolatria sob o rótulo de "admiração saudável a homens imperfeitos porém humildes e bons".

O que vemos então é essa consideração ao falso profetismo dos "médiuns" e as infrações e delitos que Chico, Divaldo e companhia sempre cometeram em relação aos ensinamentos espíritas originais, erros que não podem ser subestimados nem tratados como coisinhas de nada, porque se tratam de coisas graves, às quais os fazem desqualificar por completo.

O profetismo barato de Chico Xavier, compartilhado postumamente por Divaldo Franco, ofende o ensinamento kardeciano de que prever o futuro com datas pré-determinadas é indício de mistificação e uma atitude própria de espíritos zombeteiros, de baixa evolução moral. Muitos ficam felizes quando Chico Xavier falava de tempos futuros, mas se esquecem que isso não passa de uma brincadeira de mau gosto para jogar com as emoções das pessoas.

A título de comparação, uma entrevista com o sociólogo e filósofo Edgar Morin, da mesma França de Kardec, em sua vinda ao Brasil e, curiosamente, realizada pela mesma Folha de São Paulo que ultimamente está blindando Chico Xavier, nos ensina o que é realmente um pensador de verdade.

Ele não arrisca a fazer profecias, e afirma que a religião é antagônica à modernidade e a democracia. É certo que concordamos que existe vida após a morte, mas da maneira que o "espiritismo" brasileiro trata essa ideia, tratando a vida presente como uma coleção de desgraças humanas, ela reflete a avaliação negativa de que Morin fala da religião. E olha que ele acredita em fraternidade e paz.

"Temos uma crise do pensamento que se manifesta no vazio total do pensamento político, ainda que, há coisa de um século, houvesse pensadores políticos que, mesmo quando se equivocavam, tentavam compreender o mundo, como Karl Marx e (Alan de) Tocqueville.

Meu esforço nas minhas obras é tentar efetivamente esse pensamento. O que estamos vivendo? O que está acontecendo? Para onde estamos indo? Claro que não posso fazer profecias, mas vejo o risco nas possibilidades que se abrem diante de nós".

"Todas as sociedades, desde a pré-história, têm uma religião, uma crença na vida após a morte. A religião traz pela reza um sentimento que dá calma. Marx tinha razão ao dizer que a religião é o suspiro da criatura infeliz.

Com a morte do comunismo, houve um retorno das religiões. Temos o retorno dos evangélicos aqui no Brasil, do islamismo. Nos países árabes houve movimentos laicos enormes, mas tudo deu errado. A religião ganha onde a democracia falha, a revolução fracassa, o mundo moderno falha. A religião triunfa no fracasso da modernidade".

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