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Mercado literário "espírita" é uma grande farra


(Autor: Professor Caviar)

A literatura dita "espírita" no Brasil é quase toda imprestável. Um grande lixo que anda trazendo más energias ao nosso mercado literário, na qual uma enxurrada de obras medíocres vira "fogo de palha" literário, causando burburinho quando são lançados, mas, na posteridade, são condenados ao esquecimento e nem as lojas de sebos de livros aceitam ter seus exemplares.

Temos um mercado literário viciado, no qual obras analgésicas prevalecem sobre outras mais comprometidas com o Conhecimento, só que entendendo essa palavra com "C" maiúsculo, e não como uma mistificação travestida de Saber.

A obra literária de Francisco Cândido Xavier é extremamente medíocre, supérflua e não tem a menor serventia para o público. Para que 400 e tantos livros? Se não é mérito publicar sequer um bilhete mistificador, quanto mais 416 ou mais livros, sem falar tantos outros que prometem "lindas estórias" de Chico Xavier, com relatos de amigos, parentes, só faltando haver livros com relatos de cachorrinhos exaltando o "médium", que lhes reservou um "lugar lindo" no Nosso Lar. E temos também os livros sobre "data-limite", "sobre o documentário da data-limite", "sobre o documentário do livro do documentário da data-limite" e por aí vai.

Só a bibliografia de e sobre Chico Xavier já é um festival de asneiras igrejistas, dotadas da mais profunda e enjoativa pieguice. Mas o canastrão de primeira hora, num Brasil completamente desinformado das coisas, é considerado "gênio", vide a tentativa, felizmente fracassada, de transformar os canastrões do "sertanejo" e do "pagode" bregas dos anos 1990 em "gênios da MPB" (tudo às custas de repertório alheio, vampirizações grotescas do melhor de nosso cancioneiro). Evidências demonstram a canastrice irritante de Chitãozinho & Xororó, por exemplo (se bem que José Augusto também é outro canastrão da música brasileira, diga-se de passagem).

Temos um gigantesco acervo de mediocridade cultural sob todos os aspectos. E tudo isso vendido barato ou disponível de graça, mas composto de obras que não têm valor algum para nossas vidas. E, tendo sido 2015 um dos piores anos para nossa literatura, nem tanto pela quantidade de livros vendidos, mas pela qualidade dos mesmos, que incluíram até o desperdício chamado "livros para colorir", fora as baboseiras de "estudantes-vampiros", "lindas estórias de fé e esperança" - que provocam a verdadeira "masturbação com os olhos" que são as comoções fáceis  - , as auto-ajudas que só ajudam seus próprios autores e biografias de subcelebridades. 

Quando obras ligadas ao verdadeiro Saber estão nas listas de mais vendidos, é por questões tendenciosas: ou é a efeméride que se relaciona a um grande escritor ou intelectual, ou porque um autor vivo tem presença marcada numa feira literária da moda, ou então é obra obrigatória para concursos públicos ou para provas do ENEM (creio que isso ainda vale diante de um ENEM desfigurado pelo governo Jair Bolsonaro).

Esse é o drama que é, em parte, influenciado pelas "boas energias" do mercado "espírita", este um terreno em que obras medíocres se multiplicam empastelando os ensinamentos de Allan Kardec, uns descumpridos, outros distorcidos, transformando a Doutrina Espírita numa grande farra, em que qualquer um escolhe o morto que quiser e só precisa dar agrados aos familiares do falecido para que a obra seja vista como "autêntica", apesar das disparidades de estilo. Desde que contenham mensagens de "paz" e "lições de vida", do tipo "Vamos nos unir na fraternidade do Cristo", vale tudo, Até Caio Junqueira transformado em funcionário de igreja dizendo "nossa Tropa de Elite é da paz".

NÃO VAMOS INOCENTAR CHICO XAVIER, ELE COMEÇOU COM TUDO ISSO

Há um costume de dizer que a literatura "espírita" só não presta da parte de autores menores, de baixa expressão, porque cometem exageros e desvios doutrinários, e carregam até mesmo no misticismo, na pornografia e nos aspectos surreais.

No entanto, é inadmissível o que muita gente faz, inocentando Chico Xavier dessa triste empreitada, como se o primeiro dos canastrões fosse o último dos autênticos. Nada disso. Chico Xavier começou com tudo isso, ele apenas não chegou longe com baixarias, mas suas obras são uma coleção de desvios doutrinários que, em si, já podem ser considerados como bastante vergonhosos.

Há igrejismo medieval, moralismo retrógrado, fantasias materialistas, coisas absurdas como haver árvores e bichinhos no mundo espiritual. Há delírios falsamente científicos, sobretudo quanto à mediunidade, e muito louvor religioso, e tudo isso nos livros do "renomado" Chico Xavier, que muitos pensam ser "literatura séria".

Ele foi o primeiro que começou a festa. Mas como vieram tantos convidados e penetras para essa farra "mediúnica" ou "espírita" - no caso de seus escritores não se declararem "médiuns" - , condena-se apenas quem chegou depois. Como Chico Xavier era como aquele cara que comprou o engradado de cerveja, ninguém vai criticar seus procedimentos. Ele sempre foi uma espécie de "tucano que deu certo" (alusão ao nome dado aos políticos do PSDB, devido ao logotipo): ele fez das suas, mas todo mundo blindava ele de qualquer maneira.

As ideias que Chico Xavier trouxe do "mundo espiritual" foram vergonhosamente concebidas sem o menor fundamento teórico, seja científico ou mesmo de alguma suposição lógica mais modesta. Sem que houvesse qualquer estudo sério que apontasse uma possibilidade do que seria o mundo espiritual aos olhos da Terra, foi concebido um mundo materialista, que enganou até as esquerdas, que achavam que o "materialismo" de Nosso Lar era marxista, quando sabemos que, ideologicamente, era o lado oposto (Nosso Lar mais parecia uma Las Vegas mais esotérica).

São coisas que nem de forma pequena são comprometidas com o Conhecimento. As obras de Chico Xavier são obras de mistificação, que cometem graves desvios em relação ao Espiritismo original. O problema é que a maioria dos brasileiros não têm hábito de leitura e, quando leem livros, parece que estão tentando entender as palavras, parecem gregos começando a ler livros em língua portuguesa.

Não há uma análise crítica, e, o que é pior, a própria obra de Chico Xavier é um desconvite ao pensamento, porque vários de seus livros incriminam e desqualificam o pensamento lógico e crítico, sempre classificados como "amaldiçoados", como "tóxicos do intelectualismo" etc. Em vez de raciocinarmos, deveríamos apenas orar, e em silêncio, para não perturbar o sossego de nossos algozes.

Como é que os chiquistas depois vão associar Chico Xavier a ideia de Conhecimento? Como um adesivo dos Correios em sua homenagem vai incluir a palavra Saber? A obra chiquista é extremamente ruim, mesmo quando tenta parecer boa, porque seu compromisso é com a mistificação, com a desonestidade intelectual ainda que travestida de "lições de vida". Ela não serve sequer para consolação, até porque seus apelos são para que a gente continue sofrendo, sem reclamar.

Não podemos confundir obras que esclarecem com obras que comovem. Não podemos medir nosso aprendizado pelas lágrimas derramadas a cada leitura. Isso é patético, é idiota, é imbecil. O próprio Allan Kardec sempre dizia "amai-vos e instrui-vos". Nunca confundiu as duas coisas. E isso está explícito numa obra cujo autor primava pelo rigor da Razão, do contrário da de Chico Xavier, que sempre puxava para trás quando a Razão trazia coisas desagradáveis ao "médium".

Se as pessoas acham que podem substituir o Cérebro pelo Coração, achando que uma obra é "esclarecedora" quando ela produz lágrimas nos leitores devido a "estórias lindas e comoventes", então o que podemos dizer para essas pessoas não é que elas são mais felizes, mas que elas precisam mesmo é de ir a um psiquiatra, porque elas transformam a pieguice num problema psicológico, de tão viciadas a ela.

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