(Autor: Cecílio do Valle - Blog Loucos por Facebook)
Chegada
a internet, pessoas comuns passaram a ter voz ativa. E junto a isso a
oportunidade dada a quem pensa diferente de tentar eliminar o pensamento
único imposto pela mídia do senso comum. Ideias diferentes as impostas
pela mídia passaram a ser conhecidas, derrubando os falsos totens
impostos pelos donos dos meios de comunicação.
E
porque falo disto? Porque a internet está ajudando a derrubar um das
farsas mais resistentes do imaginário brasileiro: o falso Espiritismo
praticado no Brasil.
O Espiritismo brasileiro discorda do Espiritismo original
Trocando
em miúdos, o Espiritismo surgiu como uma ciência a estudar fenômenos e
seres que vivem em dimensões desconhecidas de matéria, anti-matéria e
não-matéria. Allan Kardec, um famoso pedagogo da época, portanto um cara
envolvido com pesquisa, resolveu estudar o caso e lançou como resultado
dessas pesquisas um excelente obra de varios livros e publicações em
revista, conhecidos como "codificação". Kardec chamou o conjunto de suas
ideias de Espiritismo.
Mas
com o seu falecimento, vários de seus colegas, por interesses
particulares acabaram traindo Allan Kardec e deturpando todo o trabalho
codificado. Jean Baptiste Roustaing, que nunca conheceu Kardec
pessoalmente resolveu lançar um "Espiritismo"ao seu gosto, já que por
sua convicção católica, pretendia transformar a comunicação com os
mortos em uma seita de igreja.
E
as ideias de Roustaing chegaram ao Brasil resultando numa verdadeira
polêmica entre os seus defensores e os discípulos de Kardec. Os adeptos
de Roustaing venceram, mas como este não possuía carisma e as ideias de
Kardec eram consideradas difíceis de serem assimiladas, os pretensos
"espíritas" brasileiros trataram de criar seu "Kardecismo" à moda da
casa, com as ideias de Roustaing sendo atribuídas a Kardec.
Chico Xavier, o deturpador definitivo
Um
ingênuo cidadão do interior mineiro, que conversava com os mortos foi a
pessoa perfeita para abrasileirar Roustaing: Chico Xavier, que era
católico fanático e praticante, nunca estudou Espiritismo e de graça,
sem qualquer tipo de iniciativa ou esforço, virou a maior liderança do
Espiritismo, segundo os incautos que o admiravam.
Por
não estudar de fato a doutrina, acabou ficando entre a mediunidade
irresponsável e a fraude de comunicações, já que não era médium 24 hora
por dia e o show deveria continuar. Divulgou livros com graves erros
doutrinários, forjou psicografias de famosos cujo conteúdo destoava da
personalidade dos autores atribuídos e classificou o seu mais terrível
obsessor, conhecido como "Emmanuel", como "seu mentor espiritual"
deixando-o fazer de gato e sapato.
Submisso,
Xavier era marionete de espíritos e lideranças. Considerado por
ingênuos mal informados como "maior líder da doutrina n Brasil", não
tinha nem ideias nem atitudes de um líder. Seu perfil era mais o de um
fiel religioso católico do que o de um líder espírita. Pois Xavier mal
sabia o que fazia dentro de um ambiente supostamente espírita.
Graças
a suas deturpações e fraudes, foi alvo de denúncias. Mas como escrevia
livros que enriqueciam para a FEB - que inventava que suas vendas eram
para a caridade - os dirigentes trataram de criar um mito gigantesco
para o médium na tentativa de transformá-lo em uma divindade viva e com
isso, soterrar de vez as provas do charlatanismo real que praticava. Até
porque ninguém iria comprar livros de um charlatão, mas sim de uma
divindade.
Resultado:
o mito cresceu e o charlatanismo, embora ainda praticado sem muito
alarde e com disfarces, caiu no esquecimento e Xavier conquistou os
corações de muitos ingênuos que carentes de um tutor, elegeram o médium
como uma divindade encarnada a resolver os seus problemas à maneira do
Catolicismo mais retrógrado.
Mito colocado em cheque
Claro
que as denuncias continuavam, mesmo sendo feitas por estudiosos sérios e
de relativo prestígio, embora sem fama. Mas eram logo abafadas. A
filantropia paliativa praticada pelo médium e as comunicações
fraudulentas que satisfaziam parentes de jovens mortos entorpecidos pela
emotividade irracional criavam um enorme exército de cães de guarda a
defender o médium.
Isso
foi durando muito tempo a ponto de consagrar sua suposta divindade.
Fiéis mais exaltados afirmam que ele encerrou sua encarnação e foi para
planos elevadíssimos, algo que vai contra as recomendações da doutrina,
já que espíritos elevados não reencarnam na Terra e que Xavier teve
inúmeros defeitos que justificariam muitas reencarnações posteriores
para depurá-los.
Isso
foi se sucedendo até o surgimento da internet. Apesar de timidamente
surgidos junto com a rede mundial, os debates que pretendiam corrigir o
Espiritismo e destruir seus falsos mitos só ganharam força a partir de
2008 com o surgimento de vários sites dedicados a eles e vários grupos
em redes socais. Claro que estes debates não iniciavam de forma
pacífica, pois os defensores de Chico Xavier se apressavam em defende-lo
por causa do caráter divinal dado ao médium, o que lhe garantia uma
blindagem.
Os
debates se seguem e felizmente aumentam a quantidade de pessoas
dispostas a estudar melhor o Espiritismo e eliminar seus falsos mitos e
dogmas. Os defensores da deturpação ainda são em maior numero e o
prestígio do médium, sólido feito chumbo, sendo difícil de ser
derrubado. Mas graças as redes sociais, podemos colocar o médium em um
julgamento justo que faça com que ele deixe de ser visto como maior
liderança de tudo aquilo que nunca fez parte de sua vida de fato.
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