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Agrippino Grieco em capítulo de livro de Attila Paes Barreto

(Autor: Professor Caviar)

Enquanto não se disponibiliza para os leitores de hoje o livro O Enigma Chico Xavier Posto à Clara Luz do Dia, importante trabalho de jornalismo investigativo do hoje esquecido Attila Paes Barreto, colunista de Diário de Notícias, aqui está a reprodução de um capítulo do livro, provavelmente intitulado "O sr. Agrippino Grieco, vítima de uma ilusão". O capítulo também foi reproduzido em Obras Psicografadas.

Oficialmente, o "movimento espírita" credita o crítico literário Agrippino Grieco como um dos que "confirmam" a "mediunidade" de Francisco Cândido Xavier, confundindo abstenção com confirmação. Vários intelectuais como Monteiro Lobato e Apparicio Torelly, o Barão de Itararé, também adotaram uma postura "nem sim nem não", mas são creditados como "confirmadores" do suposto trabalho do "médium".

Agrippino, no entanto, verificou a questão dos livros "psicográficos" e, mais tarde, manifestou estar em dúvida quanto à veracidade dos mesmos, sobretudo quando constam de erros históricos grosseiros, que claramente envergonham a intelectualidade conhecedora dos fatos.

O sr. Agrippino Grieco e a ‘psicografia’ de Chico Xavier 

Por Attila Paes Barreto - Ineditoriais - Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 20 de julho de 1944.

De um dos capítulos do meu livro “O enigma Chico Xavier posto à clara luz do dia”, ora no prelo: 

Neles (espíritas) não pensei quando me avistei novamente com o sr. Agrippino Grieco, desta vez na sua residência, no Méier, onde o autor de “Evolução da poesia brasileira” e de “Evolução da prosa brasileira”, risonho e simples, me recebeu e me conduziu ao seu gabinete de trabalho.

Abordei imediatamente o assunto mostrando-lhe os originais de meus dois artigos anteriores com o título acima de “O enigma Chico Xavier posto à clara, luz do dia”.

Ele os tomou, sentou-se e passou a lê-los.

Enquanto lia, comentava o que lia e me ia contando que ele Agrippino Grieco, tinha recebido várias obras “psicografadas” por Chico Xavier (obras que naturalmente lhe foram enviadas para que ele as comentasse nos seus artigos de crítica literária).

A princípio, começou a lê-las.

Mas não pôde ir adiante.

Alguma coisa passável, é verdade, mas muita bobagem também.

Numa delas, tinham até situado o Coliseu no tempo de Cristo.

E, no meio de tudo (o sr. Agrippino Grieco não gosta do padres e, pelo que dele ouvi, tem suas dúvidas quanto à sobrevivência) e no meio de tudo, um certo despeito para com a igreja católica, que, afinal, tinha sua tradição e um belo patrimônio moral e artístico.

Ergueu-se, foi até uma pequena mesa próxima e mostrou-me, empilhadas sobre ela, as tais obras. E voltando a sentar-se:

—   Acabei largando isso tudo pra lá.

E retomou a leitura dos originais.

Ao chegar até onde eu digo que livros e artigos que atribuem ora a um certo espírito Emmanuel, ora a Humberto de Campos, espírito, são escritos no estilo todo pessoal do sr. Francisco Cândido Xavier, atirou, na minha direção, seu olhar perscrutador:

—   Os assuntos é que variam, não? — perguntou.

—   Nem sempre. Passa-se, por exemplo, de “Há dois mil anos”, obra que se atribui ao espírito Emmanuel ou Publius Leniulus (ex-senador romano que não sabe latim) para “Boa Nova”, que se atribui a Humberto de Campos, espírito, e vice-versa, sem que se sinta a menor diferença quer quanto ao estilo, quer quanto aos assuntos. Numa e noutra dessas duas obras, o leitor tem diante de si o sr. Francisco Cândido Xavier escrevendo no seu estilo todo pessoal e abordando assuntos de sua preferência toda pessoal.

Ao concluir o sr. Agrippino Grieco a leitura de meus originais, disse-lhe eu:

— Sr. Agrippino, há aí, uma ou outra referência feita ao sr, que eu podia cortar (caso o sr. delas discordasse)…

—   Não! — atalhou ele, prontamente, devolvendo-me os papéis — E pode acrescentar aí que estou de ple/no acordo com o sr.

Antes quisera saber se eu tinha lido seus últimos artigos para “O Jornal”.

E como eu respondesse que não:

—   Oh, precisa ler. Ando de novo a meter o pau nesse povo.

E, juntando o dedo polegar ao “maior de todos”, fez, com a mão, um rápido gesto de quem desfere uma rija lambada.

Eu estava satisfeito.

Quis despedir-me.

O sr. Agrippino, porem, risonho e simples como sempre, me reteve e me conduziu à sua biblioteca, à sua “cidade dos livros”.

Estantes repletas de volumes das mais variadas cores o tamanhos subiam até o teto.

Eu aqui tenho do tudo, — foi logo dizendo. — estética, arte literatura, e tudo acumulado com vagar e muito carinho.

Deixando a biblioteca, atravessamos o Jardim que lhe ladeia a residência e eis que um cãozinho do sua estimação investe brava r furiosamente contra mim.

O sr. Agrippino açode.

Eu intervenho em favor do bichinho.

E o Sr. Agrippino:

—   Não. Ele é um salafrário. Já lá p’ra dentro.

No portão, nos despedimos.

—   Bem sr. Agrippino, boa tarde.

—   Aqui sempre às ordens. Quando quiser, apareça.

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