(Autor: Kardec McGuiver)
Está mais do que na hora de progressistas descartarem gente como Madre Teresa de Calcutá e Chico Xavier. Suas formas de caridade, além de não contribuírem para a eliminação de problemas e para a transformação da humanidade, ainda geraram problemas, mostrando que não somente foram negligentes como tinham uma parcela de crueldade, mesmo não intencional, para deixar pessoas carentes presas em suas desgraças. Claro, ambos eram adeptos da nociva Teologia do Sofrimento (análogo ao "no pain, no gain" dos neoliberais).
Mas vamos nos focar no que Chico Xavier e em outros supostos filantropos que respondem em nome da versão deturpada da doutrina fazem. Pois a doutrina original nunca aprovou o tipo de caridade praticada no "Espiritismo" brasileiro: medíocre, ineficaz e paliativa, que só serve para promover o prestígio dos seus benfeitores como uma forma sutil de canonização.
E esta forma de caridade, ineficaz e paliativa, tem muito a ver com o tipo de altruísmo que os gananciosos defensores do conservadorismo e de ideais de direita aprovam. Sabemos que os ideais de direita são naturalmente egoístas, pois pregam o individualismo, valorizam o esforço individual (mesmo que seja torturante) e reprovam qualquer tipo de ajuda que transforme, alegando ser estímulo à preguiça e à vagabundagem.
A caridade praticada pelas ONGs e por instituições de caridade, várias ligadas à religiões (incluindo grupos ditos "espíritas") é a única aceita por conservadores. Muito provavelmente por não mexer nas estruturas de poder, pois mesmo auxiliadas, as pessoas carentes continuam carentes, tendo sempre que renovar a ajuda recebida, que revelam uma secreta crueldade de dependência, o que favorece um vínculo ideológico entre auxiliado e instituição auxiliadora. Ou seja, benfeitores aproveitam o vínculo para manipular as mentes dos auxiliados para que pensem igual aos seus benfeitores.
Me surpreende ver progressistas apoiando este tipo de caridade, que é paliativa e deveria ser feita apenas em condições precárias, como em casos de tragédias que necessitam de uma ajuda imediata e/ou quando praticada por pessoas com poucos recursos. Mas muitas instituições e lideranças religiosas te recursos ou no minimo prestígio para fazer uma caridade mais efetiva, que pudesse eliminar problemas e não criar meios de suportá-los.
Os progressistas que apoiam, por ingenuidade, esta forma paliativa de caridade como se ela fosse transformadora, certamente não conhece o que está por trás deste tipo de prática. Não sabem que contribuem para que uma forma tosca de altruísmo substitua a forma autêntica: a das mudanças das leis e do sistema para que os problemas, injustiças e preconceitos sejam radicalmente eliminados da sociedade.
Com isso, ativistas sociais, como várias entidades de esquerda, conseguem fazer uma caridade mais eficiente e que se não traz resultados imediatos, se mantida com insistência, pode gerar resultados mais eficientes. Porque sinceramente, a caridade praticada por ONGs e entidades religiosas, agrada muito à direitistas. Justamente por não gerar resultados transformadores e definitivos.
Direitistas amam Chico Xavier, que sempre amou os direitistas. Progresso humano é algo que passava bem longe dos olhos vesgos do beato de Pedro Leopoldo.
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