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PSDB está caindo. E o "espiritismo", o PSDB da religião?

(Autor: Professor Caviar)

As recentes denúncias do empresário baiano Joesley Batista, um dos sócios do poderoso grupo JBS, causaram um sério escândalo político, já definido como "terremoto" ou "tsunami", abalando as estruturas do governo Michel Temer, que tenta resistir mesmo com seu isolamento político, com a perda de, pelo menos, três partidos aliados e de vários setores conservadores que antes o apoiaram.

Michel Temer é do PMDB, mas seu projeto político seguia a cartilha do PSDB, o partido neoliberal denominado "social-democrata" que perdeu as eleições em 2014, armou um golpe político com a ajuda de setores da mídia e do Judiciário, tirou a presidenta Dilma Rousseff do poder e fez seu então vice-presidente aderir ao projeto político adversário.

O PSDB é o partido mais blindado da sociedade. Ou, pelo menos, era até pouco tempo. Com as denúncias de Joesley, que reforçaram uma série de denúncias envolvendo tucanos (como são conhecidos os membros do PSDB) e seus aliados, em especial Aécio Neves (considerado um recorde como denunciado por corrupção), o tucanato começa a perder a antiga invulnerabilidade, com vários políticos sofrendo desgaste, como os "caciques" Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Geraldo Alckmin e, principalmente, Aécio.

Diante dessa crise aguda, perguntamos a respeito do "espiritismo" brasileiro, que, assim como o PSDB é um partido neoliberal disfarçado de "social-democrata", tornou-se um sub-Catolicismo fantasiado de "movimento espiritualista científico-filosófico". O "espiritismo" também será eternamente beneficiado pela blindagem social, jurídica, acadêmica e midiática?

Sabe-se que tanto o "movimento espírita" quanto o PSDB são igualmente blindados pela Rede Globo. No "espiritismo", observamos criadores de fakes literários e falsas pinturas mediúnicas, que se escondem sob supostas obras de caridade, que ajudam pouca gente, não ameaçam os privilégios abusivos dos mais ricos e só servem para a publicidade espalhafatosa do "médium" de plantão.

Paralelamente à crise aguda do governo Michel Temer, o "espiritismo" brasileiro, de raiz roustanguista, sofre uma crise intensa nos seus bastidores. É uma grave crise, resultante da farsa da "fase dúbia", vigente há pouco mais de 40 anos, na qual as bases de Jean-Baptiste Roustaing eram maquiadas para dar uma falsa aparência de que estão sendo recuperadas as bases espíritas originais, lançadas por Allan Kardec.

A crise fez evacuar muitas reportagens de atividades "espíritas" e trabalhos supostamente mediúnicos que aconteciam até dois anos atrás. A revelação de muitas contradições e equívocos e a lembrança de antigos escândalos envolvendo o "renomado" Francisco Cândido Xavier e até o "insuspeito" Divaldo Pereira Franco, antes inéditos na Internet, abalam a reputação do "espiritismo" brasileiro, que sofre uma decadência inimaginável até para seitas neopentecostais mais rasteiras.

Aparentemente, ainda há a blindagem de supostos produtos mediúnicos que não só são livremente comercializados como são gratuitamente disponibilizados, em muitos casos. A gratuidade de vídeos de filmes e documentários "espíritas" no YouTube ainda continua, diante do demagógico apelo de "doar a boa palavra". 

Além disso, os apelos manipuladores do Ad Passiones (persuasão por meio de apelos emotivos) e do Assistencialismo (caridade de resultados superficiais que beneficia mais o "filantropo" do que o mais necessitado) continuam convencendo muita gente, embora uma observação mais atenta revela que o "espiritismo" ajudou muito, muito pouco.

E um ponto começa a surgir. Com que dinheiro os "médiuns espíritas" brasileiros usam para realizar tantas turnês, em palestras para gente rica, bajulando as elites com suas palavras dóceis em troca de medalhas, condecorações e diplomas que em nada refletem, de forma definitiva e profunda, para o "pão dos pobres"?

Tantos milhões de reais investidos para "médiuns" viajarem pelo mundo fazendo proselitismo religioso, espalhando a deturpação do Espiritismo por aí afora, insatisfeitos em enganar tão somente o povo brasileiro, que aceita qualquer pecado feito por algum "espírita"!

Enquanto isso, mal se conseguem aplicar uns milhares de reais para a "caridade", junto a donativos medíocres que envolvem cestas básicas de qualidade ruim, além de medidas paliativas como sopas e a doação de roupas mofadas e em péssimo estado. Em outros casos, parte do material de "caridade" é desviado para venda em brechós ou em mercadinhos de bairros, para acrescentar a fortuna dos dirigentes "espíritas", que levam uma vida com um conforto acima do esperado.

Mas a própria desonestidade doutrinária do "espiritismo" brasileiro, que quer nos fazer crer do absurdo da "raiz roustanguista" que gera "frutos kardecianos", mesmo com todo o igrejismo extremado que se intensificou às custas de "romances espíritas" e "sessões mediúnicas", já é suficiente para definir o tom gravíssimo de sua crise, agravada pelo conteúdo ideológico, cada vez mais afastado das ideias avançadas de Allan Kardec.

Os postulados do "espiritismo" brasileiro estão, portanto, muito distantes dos trazidos pelo pedagogo francês. São ideias de um moralismo mofado, inspiradas na Teologia do Sofrimento católica, que hoje tomou conta de todo o ideário "espírita" feito no Brasil. Além disso, a influência jesuíta que partiu de Emmanuel fez com que o "espiritismo" brasileiro regredisse a ponto desta religião não ser mais do que uma combinação entre Catolicismo da Idade Média e práticas e abordagens oriundas da feitiçaria, como se houvesse um acordo entre essas duas forças influentes na sociedade medieval.

Isso fez com que a "fase dúbia" do "espiritismo", aquela que prometia "entender melhor Kardec", acentuasse justamente aquilo que queria esconder: o roustanguismo, que veio com força ainda maior quando o legado de J. B. Roustaing se encontra agora devidamente representado em Chico Xavier e seus discípulos, com um igrejismo ainda maior e mais radical do que o do livro Os Quatro Evangelhos, e com um projeto roustanguista de expansão do igrejismo "espírita" muito bem delimitado nas pretensas profecias da "Data-Limite" e do "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho".

Desta forma, assim como no governo Michel Temer, o poder de Eduardo Cunha - peemedebista que agiu em favor do PSDB no impeachment de Dilma - nunca desapareceu de seu cenário, mesmo quando o ex-presidente da Câmara dos Deputados foi preso pela Operação Lava Jato, a influência de Jean-Baptiste Roustaing nunca desapareceu do "espiritismo" brasileiro, muito pelo contrário.

Roustaing, agora, fala através das obras de Chico Xavier e Divaldo Franco, com a voz do autor de Os Quatro Evangelhos soando muito mais forte nas obras dos brasileiros, com os propósitos roustanguistas sendo servidos até em novelas e filmes "espíritas" que passam na televisão, principalmente a Rede Globo que sempre blindou os "médiuns". A "fase dúbia" tentou esconder Roustaing, mas seu legado foi exercido com uma força ainda maior que a dos tempos do roustanguismo assumido da Era Wantuil de Freitas.

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