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Aécio Neves e Chico Xavier: a mesma blindagem

(Autor: Professor Caviar)

O "espiritismo" deturpado no Brasil é altamente blindado, envolto em um discurso de beleza nas palavras e relatos e de todo um apelo à emoção (Ad Passiones) que evoca toda a mitificação religiosa associada a estereótipos de "amor, bondade, humildade e caridade", que praticamente forjam pretensas unanimidades, principalmente em torno dos supostos médiuns e seu mais explícito culto à personalidade.

Blindagem comparável, só a do PSDB, que, embora aparentemente "denunciado" pela imprensa amiga, continua sob sua proteção, já que a grande mídia sempre arruma um jeito para proteger os políticos da plutocracia e "denunciá-los" apenas para forjar imparcialidade e dar aos tucanos uma aura de "polêmicos".

A propósito, o então presidente da Câmara dos Deputados durante o governo Fernando Henrique Cardoso, o hoje senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, fez um relato elogioso a Francisco Cândido Xavier, um dos mais blindados "médiuns espíritas" no Brasil. Embora pareça uma declaração formal, ela exalta a figura blindada do grande deturpador da Doutrina Espírita, então recém-falecido, naquele 30 de junho de 2002:

"Chico Xavier é uma referência única de trabalho e solidariedade não só para os mineiros, mas para todos os brasileiros. Mesmo estando em estágio avançado de sua doença, ele continuava recebendo peregrinos que viajavam para encontrá-lo. Ele será sempre um exemplo de vida e humanidade muito importante. Ele era uma figura muito confortadora para todos, independente da religião de cada um".

O próprio Chico Xavier aprontava confusões e produzia escândalos graves como o hoje senador mineiro, que a gente até pensa se Aécio não teve o avô errado. Por mais tendencioso que tivesse sido Tancredo Neves, este, pelo menos, tinha maior compostura política e um menor grau de corrupção em relação ao seu afoito neto.

Chico produziu pastiches literários que claramente fugiam dos estilos pessoais dos autores mortos alegados. E produziu com uma colaboração de redatores, editores da FEB e consultores literários a seu serviço. Produziu escândalos com seus atos irregulares aqui e ali, mas foi blindado pelo seu descobridor e dublê de empresário, o então presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas, um dos quais os chiquistas deveriam endeusamento pela promoção publicitária de seu pupilo.

Aécio está associado a diversos esquemas de corrupção política, seja como político de Minas Gerais (sobretudo quando governou o Estado), como político do PSDB ligado a escândalos como a compra de votos de parlamentares para a reeleição de FHC, e a esquemas como o Mensalão mineiro, o "petrolão" investigado pela Operação Lava Jato e, o maior deles, o escândalo de Furnas (no qual há a participação até de outra "esperança para o Brasil", o truculento Jair Bolsonaro).

Ambos são blindados e, não por acaso, são protegidos da Rede Globo. que reinventou Chico Xavier e criou uma narrativa de "amor e caridade" que transformou em "filantropo" o maior deturpador que se tem notícia em toda a História do Espiritismo. Nem Jean-Baptiste Roustaing foi tão longe, seu adaptador brasileiro de Minas Gerais é que foi longe demais.

A imagem "comovente" e "bonita" de Chico Xavier forjou uma pretensa humildade que fez prevalecer uma retórica adocicada, piegas e fantasiosa, forjando uma pretensa unanimidade em torno do anti-médium, criando um pretenso prestígio no qual é difícil derrubar, não pela consistência da figura do ídolo religioso, mas pela verossimilhança do discurso religioso construído.

Esquecemos que esse discurso que faz de Chico Xavier "o maior símbolo de caridade do Brasil" envolve aspectos discursivos nada positivos, como o apelo à emoção (Ad Passiones), considerado uma falácia, e o Assistencialismo (caridade paliativa, que não transforma a sociedade e só faz ajudas pontuais), considerado uma prática tendenciosa e manipuladora. São, portanto, dois apelos levianos, que transformaram o "médium" num ídolo religioso alvo de adoração extrema, com aspectos de morbidez e traços de evidente fanatismo.

O próprio Chico Xavier, no fundo uma figura ultraconservadora e retrógrada, traz más energias a pessoas que não compartilham desse conservadorismo. Quem recorrer a ele sofre energias seletivas conforme o grau de conservadorismo: Juscelino Kubitschek, político moderado, foi apoiar o "médium" e contraiu azar. Fernando Collor, político lançado pela ditadura militar, também apoiou Xavier e tornou-se protegido pelas "energias" do "médium".

Aécio Neves, por sinal hoje colega de Fernando Collor, também é protegido pelas "vibrações" de Chico Xavier, de forma que, a partir de 2002, mesmo com o PSDB perdendo as eleições, teve uma segura ascensão social e política mesmo se envolvendo em esquemas de corrupção graves, que fizeram um dos delatores da Lava Jato falarem que o senador é "chato para cobrar propina". Se depender da proteção de Chico Xavier, Aécio Neves deve se tornar também outro "ícone da caridade", um outro "santo" do PSDB a figurar ao lado de Geraldo Alckmin.

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