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A pegadinha da "data-limite"

(Autor: Professor Caviar)

A suposta "profecia" da "data-limite", que o "espírita" Geraldo Lemos Neto afirma ter recebido de Francisco Cândido Xavier em 1986, a respeito de um antigo sonho de 1969 após a expedição de astronautas da NASA na Lua, causa mais confusão do que esclarecimento.

Nela é narrada a "reunião" entre Jesus Cristo, o "governador da Terra", e "autoridades" de diversos planetas do Sistema Solar - há quem afirme também a "presença de lideranças do Universo" - sobre o risco de uma Terceira Guerra Mundial por causa da viagem à Lua.

Teria sido decidida uma moratória de 50 anos para o mundo evitar o conflito e promover a solidariedade cristã. Caso continuem havendo guerras entre países e ações de grupos terroristas, a Natureza castigaria o Hemisfério Norte com catástrofes, tornando a região "inabitável". O legado cultural do velho mundo, danificado, seria compensado com expedições de extraterrestres considerados de elevada condição moral.

O catastrofismo que divide "espíritas" - uns juram que Chico Xavier disse isso, outros dizem que não - , no entanto, é desmentido no final, por meio da declaração de Marlene Nobre, que entrevistou Geraldo, sobre um "alerta" trazido pelo espírito Emmanuel, considerado "mentor" de Chico:

"O próprio Emmanuel, através de Chico Xavier, respondendo a uma entrevista já publicada em livro nos diz que as profecias são reveladas aos homens para não serem cumpridas. São na realidade um grande aviso espiritual para que nos melhoremos e afastemos de nós a hipótese do pior caminho", disse Marlene.

Só mesmo a bagunça que é o "movimento espírita" e a trajetória confusa de Chico Xavier para permitir uma coisa dessas. Primeiro se narra uma catástrofe de grande tamanho, feita em favor de frescuras ufanistas brasileiras, para depois dizer que tudo isso não vai acontecer.

Isso é uma grande pegadinha, uma brincadeira de mau gosto, que primeiro faz as pessoas assustarem com avisos "urgentes", para depois dizer que tudo isso não ocorrerá. E isso dentro da ironia moralista de Emmanuel, para "fazer melhorar as pessoas".

Isso nem de longe é generoso nem bondoso. Pelo contrário, é uma "brincadeira" traiçoeira, que faz com que as pessoas se sintam incomodadas e assustadas, criando traumas e, curiosamente, estimulando até suicídios, já que o "espiritismo" reprova, até com exagerada severidade, o suicídio.

Já houve movimentos religiosos que anunciavam o "fim do mundo" e estimulavam o suicídio coletivo como uma suposta forma de salvação, sob a desculpa de que as pessoas seriam transportadas para um "mundo melhor".

O catastrofismo não é bom. É um relato herdado pelo moralismo católico medieval, que foi reaproveitado pela "profecia" da "data-limite". A pegadinha de Emmanuel e Chico Xavier só pode fazer mal, criando uma expectativa ruim para depois dizer que tudo isso não acontecerá. Isso é brincar com a sensibilidade humana.

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