(Autor Kardec McGuiver)
O título desta postagem pode parecer contraditório para aqueles que ainda insistem em associar religiosidade e altruísmo. Mas se lembrarmos que a noção de altruísmo consagrada pelas religiões (incluindo o "espiritismo" brasileiro, que para a opinião pública "patenteou" a caridade) é tosca, paliativa e precária, vamos acabar concordando com isso.
É mais do que notável que países menos religiosos tendem a ser mais justos na distribuição de renda, bens e direitos. Isso acontece com a noção de que o verdadeiro altruísmo não vem da fé religiosa e sim da consciência de que todos os seres humanos são iguais e merecem os mesmos benefícios.
Várias religiões, principalmente os neo-pentecostais e, estranhamente, o "espiritismo" brasileiro (o francês não pensa desta forma) enxergam diferenças de níveis entre seres humanos e costumam dividir benefícios baseados no critério de quem merece ou não, usando critérios subjetivos, quase sempre relacionados com estereótipos.
Esta subjetividade acaba legitimando a má distribuição de renda, bens e direitos, colocando pessoas em patamares diferenciados, como se existissem sub-espécies de seres humanos, alguns acima de outros. Segundo quem pensa assim, há "direitos" reservados apenas para alguns, já que a vida é tratada como uma competição, sendo os ricos, os vencedores e os pobres, os perdedores a serem eliminados ou "agraciados" com consolos, dados através de esmolas e assistencialismo.
O apoio de várias religiões ao golpe de 2016 se baseou na noção de que os privilégios e abusos dos mais ricos - supostos vencedores da competição pela sobrevivência, tese defendida por capitalistas e conservadores - comprova a tese recentemente divulgada de que a religiosidade atrapalha o verdadeiro altruísmo, favorecendo o aumento das desigualdades.
PAÍSES MAIS RELIGIOSOS TEM MAIS DESIGUALDADE SOCIAL
Uma pesquisa feita em julho último, pelo Instituto Pew, publicou um gráfico, que ilustra esta postagem, onde mostra, através do Índice Gini, a distribuição de países quanto ao nível de desigualdade observado. Curiosamente, países em que a religiosidade é alta têm desigualdade também alta, quando a distância de qualidade de vida entre ricos e pobres é muito alta.
Estranho que é um ciclo vicioso. Países religiosos tendem a não praticar o verdadeiro altruísmo - substituído pelo assistencialismo, pelas esmolas e pela caridade paliativa frequentemente observada em períodos como o do Natal. Esta caridade aumenta a religiosidade das pessoas mais carentes, que na falta de projetos realmente benéficos, recorrem às religiões para obterem as consolações, que compensam a falta de benefícios.
Outra coisa a observar é que a noção de altruísmo nas nações mais religiosas fica aprisionada nos dogmas religiosos. Por isso que mitos como Chico Xavier provocam um grande fanatismo, pois ele, como suposto benfeitor aos moldes religiosos, acaba substituindo os projetos sociais proibidos de serem executados por nações governadas por gananciosos, que transferem para as religiões a "missão" de auxiliar os mais necessitados.
Por outro lado, a racionalidade observada nos países menos religiosos favorece um maior altruísmo, pois faz com que as pessoas reflitam mais sobre a necessidade de beneficiar o maior número de pessoas, senão toda a população. A fé trava a racionalidade e por isso elege formas menos eficazes de altruísmo, que servem mais para exaltar benfeitores do que gerar benefício e bem estar.
BRASIL ESTÁ CADA VEZ MAIS DESIGUAL
O Brasil de Bolsonaro, coerente com o "Reino de Amor" defendido por Chico Xavier, que defendia formas paliativas de altruísmo, já teve confirmada, através de pesquisas, o aumento das desigualdades. Nos governos do PT estas desigualdades estavam caindo e isso preocupou as elites, que patrocinaram o golpe que resultou na colocação de um fascista no poder.
Pesquisas mostram que nos últimos dois anos os níveis de desigualdade aumentaram drasticamente. Ricos brasileiros ficaram mais ricos, enquanto pobres ficam cada vez mais pobres. O Brasil ainda perdeu a soberania nacional, faliu seu sistema industrial e se vê incapaz de se desenvolver economicamente, se reduzindo a mero exportador de commodities, karma de países mais atrasados economicamente.
Como o fascismo, além de egoísta, é sádico, teremos muitos prejuízos para as classes trabalhadoras. Nem mesmo a caridade paliativa do projeto da LBA, a ser ressuscitado no governo Bolsonaro (que pretende ser uma teocracia cristã), vai adiantar, pois tudo que é apenas paliativo não dura. Mas se a caridade "poderosa" de Chico Xavier não eliminou a pobreza no país, o que dirá de um projeto conduzido por um fascista?
Realmente a religiosidade, alta no governo Bolsonaro, vai aumentar muito as desigualdades. Os ricaços agradecem o benefício recebido por estes.
Os pobres que se conformem com a sopinha que o "magnífico" Chico Xavier sabia dar. E nada mais.
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