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Dez motivos para as forças progressistas ROMPEREM com Chico Xavier


(Autor: Professor Caviar)

Francisco Cândido Xavier sempre foi uma figura extremamente conservadora. Suas ideias sempre se baseavam na Teologia do Sofrimento, corrente medieval do Catolicismo que está em baixa até entre os católicos, mas foi adotada, com muito gosto, pelo "espiritismo" brasileiro.

Daí que seus apelos eram sempre para os oprimidos "aceitarem suas desgraças sem reclamar", "aguentar as adversidades em silêncio", e até para orar a Deus ele pedia para que se fosse feito em silêncio e às escondidas, enquanto o desafortunado da sorte era aconselhado a fingir que está tudo bem, até para si mesmo. Em certos casos, se aconselhava até a agradecer a Deus pela desgraça obtida, sob a desculpa de que a "vida futura" traria "coisas melhores".

Devemos chamar a atenção de que o "espiritismo" deturpado brasileiro concebeu a "vida futura" - ou seja, uma ideia que tanto pode ser a da vida espiritual quanto a da encarnação seguinte - sem estabelecer qualquer fundamento científico. As ideias trabalhadas são especulativas, feitas sob o capricho de devaneios materialistas, e de forma análoga ao que, no Catolicismo medieval, se trabalhou com a ideia do paraíso.

Portanto, não há como atribuir progressismo nas ideias de Chico Xavier, que sempre foi, em toda sua vida, um sujeito reacionário. Ele apenas tentava "embelezar" seu reacionarismo, como dizer que, na agonia extrema, o sofredor tem que ver a natureza, o rio correndo, os passarinhos cantando etc.

Mas temos dez motivos para os progressistas fecharem os ouvidos para Chico Xavier e seu "canto de sereia", que cabe aqui serem apresentados, revelando aspectos negativos relacionados à sua trajetória, que deveriam inspirar um repúdio rigoroso a esse deturpador do Espiritismo:

1) LITERATURA FAKE - Pode soar doloroso para muitos, mas mediante observações diversas a respeito de irregularidades nas obras "psicográficas" de Chico Xavier, constatamos que elas se tratam de obras fake, devido a diversos indícios que apresentam problemas, não raro graves, relativos à natureza pessoal dos respectivos mortos alegados. As forças progressistas, que tanto reprovam as fake news, não podem sequer apelar para o falacioso "como disse Humberto de Campos" em alegações sobre o "Brasil Coração do Mundo". Aceitar supostas psicografias que comprovam serem fake - devido a disparidades relacionadas a aspectos pessoais de cada morto alegado - é uma incoerência para quem é progressista e cobra veracidade e honestidade informacional da mídia hegemônica.

2) TEOLOGIA DO SOFRIMENTO - Gostou das mensagens de Chico Xavier sobre aquela ideia de "aceitar as adversidades da vida em silêncio"? Aquela ideia de "sofrer sem reclamar" que muitos acham linda porque não sofreram a referida adversidade, que deixa o sofredor sem controle para seu próprio destino? Pois é, tais mensagens são fruto da Teologia do Sofrimento, corrente ultraconservadora e medieval do Catolicismo, que os católicos descartaram mas que o "espiritismo" brasileiro passou a acolher com muito gosto, a partir do "médium" mineiro. Só um louco para ser, ao mesmo tempo progressista e acolhedor desse "AI-5 do bem" que deixaria o coronel Brilhante Ustra feliz da vida (para ele é ótimo ver sofredores calados e sem reclamar da vida).

3) LIVROS COM ERROS HISTÓRICOS GRAVES - Obras como Paulo e Estêvão e Há Dois Mil Anos apresentam os mais diversos erros históricos, como o desconhecimento de critérios nominais para batizar filhos e outros equívocos que podem ser vistos aqui. Se as forças progressistas cobram da mídia hegemônica a correção de tantos erros históricos - sobretudo diante da informação oficial de que o impeachment de Dilma Rousseff "não foi golpe" - e de informação, por que elas têm que legitimar Chico Xavier que era de produzir ou permitir produzir erros históricos graves?

4) TRAIÇÃO DOUTRINÁRIA - Que o "movimento espírita" nasceu deturpado, acolhendo com prioridade a obra de Jean-Baptiste Roustaing em detrimento de Allan Kardec (aceito somente através de traduções deturpadas a partir de Guillón Ribeiro), isso é indiscutível. Mas Chico Xavier levou às últimas consequências a deturpação doutrinária, de forma que ele traduziu o pensamento de Roustaing para a realidade brasileira, permitindo que o autor de Os Quatro Evangelhos pudesse ser descartado, depois que passou a ter reputação negativa. Se as forças progressistas se sentem incomodadas com os "desembarques" de aliados que se tornaram reacionários, por que acolher Chico Xavier que se tornou o maior timoneiro dos que desviaram a rota das naus espíritas?

5) CARIDADE DE BAIXÍSSIMOS RESULTADOS - As forças progressistas falam mal do Criança Esperança, que quase não traz profundos resultados sociais. Reclamam do Assistencialismo que se torna o mote de muitas ações tendenciosas de políticos demagogos para forçar o apoio popular. No entanto, aceitam de bom grado a "caridade" atribuída a Chico Xavier e outros "médiuns" mesmo quando elas rendem mais adoração a eles do que resultados sociais, que, por sinal, são muito medíocres. Além do mais, esse modelo de "caridade" se resume a ações paliativas, de baixo impacto social, e de cunho paternalista, que contribuem mais na dominação e domesticação do povo pobre do que para oferecer condições para sua emancipação (o que raramente ocorre).

6) PAZ SEM VOZ - O discurso "pacifista" do "espiritismo" brasileiro, principalmente a partir de Chico Xavier, se refere à "paz sem voz". É a "paz" do oprimido com suas desgraças, enquanto é aconselhado a consentir, também "pela paz", com os abusos cometidos pelos opressores, que contraem privilégios e vantagens indevidos. Uma "paz" que mais oculta do que resolve conflitos, e que, quando muito, só se soluciona com medidas paliativas que não comprometem os privilégios dos dominantes e não trazem melhorias reais para os dominados. Uma "paz" assim nada tem de progressista, e tudo tem de conservadora.

7) DEFESA DA DITADURA MILITAR - Não é preciso explicar a postura de Chico Xavier no programa Pinga Fogo, da TV Tupi, em 1971, no qual ele explicitamente se volta contra os movimentos de esquerda e defende claramente a ditadura militar, chegando a definir a repressão e a tortura como "males necessários" diante do que ele define como "excessos dos esquerdistas". A declaração desafia todo pensamento desejoso que quer moldar o "médium" como um pretenso esquerdista, e note-se que Chico Xavier nunca ficou do lado dos progressistas. Ele apoiou Fernando Collor em 1989 e, no final da vida, sinalizava simpatia pelo PSDB. PT nunca foi o forte para o "médium", queiram ou não queiram os esquerdistas.

8) USO DA "VIDA ESPIRITUAL" COMO FUGA ILUSÓRIA - Defender o sofrimento em silêncio, a conformação com as desgraças ou o uso de meios dos mais difíceis para obter superação na vida nunca pode ser vista como um ideal progressista. Além disso, usar a "vida futura", geralmente a encarnação posterior ou o mundo espiritual (do qual não se tem ideia científica do que realmente se trata), ou, quando muito, o restinho da velhice do qual boa parte dos projetos de vida já foram comprometidos, são alegações de "fuga" feitas para forçar a aceitação do sofrimento pelo desafortunado da sorte. O excesso de privações humanas é defendido pelo moralismo de Chico Xavier (feito com bases roustanguistas sobre o mito punitivista da reencarnação) sob a desculpa de que, na "vida futura", tudo será "bem melhor".

9) EXPLORAÇÃO DAS TRAGÉDIAS ALHEIAS - A dita "maior caridade" de Chico Xavier, as ditas "cartas mediúnicas", tornou-se uma múltipla armadilha. Ela, entre outras irregularidades, alimentava o sensacionalismo midiático, espetacularizava a tragédia humana e fazia as pessoas se consentirem com as mortes prematuras, o que contribuía, também, para a aceitação da ditadura militar e do "banho de sangue" que ela incitava, de maneira oficial (órgãos de repressão) e extra-oficial (guerra civil e convulsões sociais extremas). E ainda há Não há como as forças progressistas aprovarem esse coquetel de tragédias que, de "caridade", só ajudaram o "médium", porque as famílias foram prejudicadas tendo suas tragédias expostas e prolongadas devido à exploração sensacionalista.

10) PRETENSÃO DE PREVER AS COISAS SEM SABER - Chico Xavier ultimamente tenta ser reabilitado como suposto profeta, sobretudo nas mesmas redes sociais que inventaram mentiras que elegeram Jair Bolsonaro (espécie de "alma gêmea" um pouco mais agressiva do "médium"). 2019 se aproxima e a tal "profecia da data-limite", que atribui o vindouro ano como "prazo final", faz com que a "onda profética" de Chico Xavier voltasse à tona, na tentativa de realimentar a idolatria doentia (movida pela fascinação obsessiva) que sempre o favoreceu, mesmo postumamente. Além de reprovada por Allan Kardec, a pretensão profética, no caso de Chico Xavier, também apresenta erros vergonhosos de Geologia e Sociologia. Ela supõe que uma catástrofe vulcânica e sísmica pode fazer o Japão e o Estado da Califórnia, nos EUA, desaparecerem, mas não prevê o mesmo com o Chile, que, integrante da mesma zona, o Círculo de Fogo do Pacífico, naturalmente desapareceria sob a mesma catástrofe. Outro equívoco é Chico Xavier supor que os povos eslavos, oriundos de áreas frias, migrassem para o calor do Nordeste brasileiro, o que lhes traria um choque térmico fatal. E isso é uma burrice, porque, quando Chico nasceu, já havia migração dos povos eslavos, e eles haviam se mudado para o Sul do Brasil.

Ainda sobre as pretensas profecias de Chico Xavier, ele supôs também o "fortalecimento" da Petrobras. Dois erros. Primeiro, ela ocorreu antes, à revelia de suas tendenciosas predições, no governo de Lula. Segundo, porque hoje a Petrobras se encontra enfraquecida e, o que é pior, sob o risco de ser privatizada e, ainda que mantenha seu nome, ela se tornasse uma subsidiária de alguma empresa petroleira estrangeira. A ideia da privatização da Petrobras é uma pauta desprezada pelos "espíritas", porque, para eles, tanto faz isso acontecer ou não.

Essas são as dez razões para os progressistas romperem ou repudiarem Chico Xavier. Não há pensamento desejoso algum nem alegações de apego a "coisas lindas" que possa justificar a recusa de tamanho rompimento. Essa ruptura é necessária, porque o progressismo social não combina com os devaneios das paixões religiosas. Progressismo e fanatismo religioso podem se assemelhar na embalagem "positiva", mas seus conteúdos são extremamente antagônicos. Portanto, há grandes motivos para progressistas, esquerdistas e ateus romperem com Chico Xavier, motivações movidas pela lógica e bom senso. Há muito mais coisas a fazer do que se perder em idolatria cega a uma pessoa.

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