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(Autor: Professor Caviar)
Sabe num daqueles momentos em que dizer mensagens soa ofensivo, diante da tragédia alheia? É quando se apela para o "balé das palavras" que são desnecessárias diante do pranto alheio, porque só as pessoas que encaram tragédias é que precisam digerir suas tristezas, sem depender da força-tarefa de palavrinhas diabéticas, pois, em certas situações, palavreado é desnecessário e, quando ele apela muito, soa mais ofensivo do que consolador.
Francisco Cândido Xavier lembra aqueles repórteres de televisão que, diante da tragédia de uma pessoa, ficam perguntando "E aí, o que você está sentindo?". Ele, que tanto reclamava do "exército de palavras" que pedia a patente literária de Humberto de Campos, vítima da voraz literatura fake que fez de Chico Xavier o "pai dos fakes", "patrono das fake news" ou o "padroeiro dos fakes da Internet", vinha com seu "exército de palavras" para falar da tragédia alheia, mais atrapalhando do que consolando as pessoas.
Para quem não entendeu isso, vamos explicar: no momento de luto, não há necessidades de tantas palavras de consolo. As pessoas choram, e o que é necessário é que esse choro se consuma até o fim, e as coisas se resolvam conforme a situação de cada pessoa. Não é necessária uma carga de mensagens supostamente consoladoras, porque, não obstante, essas mensagens podem soar irritantes, até mesmo ofensivas.
Vejamos o que Chico Xavier disse, nessa mensagem atribuída a Emmanuel e com teor próprio da Teologia do Sofrimento.
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"NINGUÉM MORRE
Não reclames da Terra
Os seres que partiram...
Olha a planta que volta
Na semente a morrer.
Chora, de vez que o pranto
Purifica a visão.
No entanto, continua
Agindo para o bem.
Lágrima sem revolta
É orvalho da esperança.
A morte é a própria vida
Numa nova edição".
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Isto é um palavreado desnecessário e extremamente piegas. Nada diz em torno da vida após a morte e ela não passa de um recado igrejeiro medieval. Ninguém precisa de palavras assim no momento do luto e tais mensagens irritam aqueles que se encontram na tragédia, porque o juiz de seus próprios prantos são as próprias pessoas que choram e, a elas, já basta a ação de parentes e amigos para consolá-los na ocasião difícil em que vivem.
Além do mais, Chico Xavier, justamente o ideólogo do silêncio, deveria evitar essa coreografia de palavras piegas, antes ficando calado do que ficar palpitando sobre a tragédia alheia. Tais mensagens ofendem os mortos e àqueles que aqui ficam, porque neste caso teria sido melhor o silêncio para digerir a perda de entes queridos.
Quando o silêncio se torna mais oportuno, Chico Xavier se contradiz e apela para palavras demais que só servem para glamourizar a tragédia humana e transformar a morte em espetáculo. Isso é um horror e nada contribui para a tese da vida espiritual, da vida após a morte ou de outras realidades da natureza espiritual. É apenas um palavreado que faz apologia do sofrimento humano, sempre apelando para o conformismo ou para a servidão como meio de superar dificuldades da pior maneira.
Chico Xavier foi um "Jair Bolsonaro com açúcar". Um reacionário convicto que sempre foi ultraconservador por toda a vida. Os partidários do pensamento desejoso estão desesperados, correndo atrás de algum texto tardio do "médium", a ponto de, chegando o dia 02 de abril e, provavelmente, com o governo Bolsonaro entrando numa grave crise, tentem desvincular Chico Xavier do presidente fascista.
Não há como. Até porque a força-tarefa de buscar textos tardios - produzidos da década de 1980 até o fim da vida do "médium" - só conseguirá obter os mesmos textos igrejeiros e conservadores, criando dificuldades para manipular o pensamento desejoso que tentasse dissolver a imagem reacionária de Chico Xavier, ao sabor de interpretações tendenciosas que seguem mais as fantasias de uma parte de seus seguidores.
Mas tudo isso cai por terra porque Chico Xavier foi o mesmo reacionário de 1932 até 2002, apenas com a habilidade de conduzir seu reacionarismo através do balé diabético das palavras piegas, que servem um apelo emocional levemente diferente, mas dentro de um mesmo contexto psicológico que permitiu a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro. Chico Xavier também é "mito".
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