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(Autor: Professor Caviar)
Herói dos "espíritas", a ponto de ser considerado por essa religião o "enviado da espiritualidade superior", o juiz Sérgio Moro, um dos artífices do golpe político de 2016, definido pelo "espiritismo" brasileiro como o "começo de uma era de regeneração", aceitou ser ministro do futuro governo Jair Bolsonaro, eleito por conta de um clima catártico que, em outros tempos, promoveu a ascensão vertiginosa dos "médiuns espíritas", a partir de Francisco Cândido Xavier.
O fato causou muita controvérsia, porque Sérgio Moro sinalizava que nunca aceitaria ir a um cargo político. Mas foi, e sob o preço de abandonar a magistratura e largar a Operação Lava Jato. As atividades que restam, nesta operação, e que seriam desempenhadas por Moro, agora estão nas mãos de uma juíza interina, Gabriela Hardt, antes que seja escolhido um substituto definitivo para o hoje cotado para o "superministério" da Justiça.
Moro tem colegas no "movimento espírita" que sinalizam profunda empatia pelo paranaense. Haroldo Dutra e José Carlos de Lucca seguem essa orientação, em especial o primeiro, que recentemente tornou-se braço-direito de Divaldo Franco, outro entusiasmado defensor do hoje futuro ministro. O "médium" goiano e latifundiário João Teixeira de Faria, o João de Deus, que a imprensa direitista inventou que era "amigo de Lula" , fez essa máscara cair ao manifestar desejo de ver Sérgio Moro, algoz do petista, presidindo o Brasil. Não chegou-se a tanto, mas Moro recebeu de Jair Bolsonaro autonomia para gerir a pasta da Justiça, o que dá quase no mesmo.
O "espiritismo" brasileiro demonstrou-se cada vez mais ser uma religião ultraconservadora, que havia sido beneficiada pela ditadura militar que sempre apoiou, e que teve em Chico Xavier um ídolo fortalecido pelo regime militar e símbolo de um pretenso ativismo social moldado nos padrões mais conservadores. O verniz progressista se dissolveu, de tão frágil, e hoje vemos os "espíritas" formando um "superbloco" religioso ultraconservador, ao lado das igrejas evangélicas neopentecostais e de setores católicos medievais (Jair é de origem católica e hoje é um "católico-evangélico" porque sua esposa é evangélica).
As sintonias múltiplas dos "espíritas" com o ultraconservadorismo sócio-político atual são comprovadamente intensas e os mesmos redutos que publicam, nas redes sociais, mensagens de Chico Xavier estão entre os que mais exaltaram Jair Bolsonaro. E fala-se da identidade profunda entre os lemas "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho" e "Brasil, acima de tudo, Deus, acima de todos". Muitos não acreditaram, mas Jair Bolsonaro tornou-se governante da "data-limite" por conta das afinidades vibratórias com Chico Xavier.
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