
(Autor: Professor Caviar)
Qual a lição que se dá uma obra de mais de dois milênios, a Odisseia, de Homero, que narrava as aventuras do navegador Ulisses? No que se refere à tentação do "canto das sereias", ela traz lições duras e que não podem ser compreendidas meramente pelo sentido denotativo, que sugere sexualidade, mas também pelo sentido conotativo.
Expliquemos, Numa passagem da Odisseia, Ulisses, em alto mar, é tentado pelo canto sedutor das sereias, que apresenta uma beleza que ele não está habituado a apreciar. As sereias são tipos de monstros marinhos, misto de mulheres com peixes, e que faziam muitos navegadores morrerem afogados por causa de seus cantos. É porque eles, seduzidos por tais canções, se jogam no mar procurando segui-las, e aí se afogam.
Na atualidade, o "canto de sereia" tornou-se uma metáfora sobre processos de sedução e atração que se revelam perigosos. São falsas oportunidades que depois se mostram armadilhas mortais, ou o anúncio de certas vantagens que trazem prejuízos futuros. É uma tentação que atrai muita gente pela aparente beleza ou vantagem forte que, no entanto, é só isca para arruinar e aprisionar as pessoas.
No Brasil, a completa desinformação sobre a deturpação do Espiritismo, hoje reduzido a uma versão repaginada do Catolicismo medieval, impede que as pessoas enxerguem os problemas de extrema gravidade que cercam a doutrina brasileira que nunca apreciou direito Allan Kardec e dele se afastou completamente, apesar das bajulações e das promessas, em muitos casos falsas e oportunistas, de recuperação das bases doutrinárias.
Quando esses problemas são enxergados, há muita reação adversa, muito relativismo, muitas ressalvas, de forma que o combate à deturpação do Espiritismo, em prol da fidelidade doutrinária, fica sempre em vão. A complacência fácil aos "médiuns" deturpadores, a exemplo do hipnótico e perigoso Francisco Cândido Xavier, cria um círculo vicioso difícil de ser desfeito.
Muitos imaginam o sentido do "canto de sereia" associado ao sensualismo, à cupidez ou a coisas abertamente traiçoeiras. Ah, mas ninguém imagina que Chico Xavier expressa, hoje, o mais perigoso "canto da sereia" que deixa muitos na perdição, tomados pela fascinação obsessiva que o deturpador da Doutrina Espírita exerceu, sobretudo quando a Rede Globo encampou o roteiro de Malcolm Muggeridge feito para Madre Teresa de Calcutá e desenhou o "médium" mineiro como uma "fada-madrinha da vida real", dentro de um "conto de fadas para gente grande" a que se reduziu o Espiritismo, no Brasil.
Muitos não imaginam o quanto hipnóticos foram os apelos de Chico Xavier, cujas fotos olhando de frente revelavam um semblante assustador e maligno, revelando um arrivista que produziu literatura fake se aproveitando da desinformação generalizada que temos sobre assuntos sobrenaturais e fenômenos da paranormalidade. Deixemos que obras falsamente espirituais sejam "autenticadas" pelas paixões religiosas, pela licenciosidade da fé cega, pela libertinagem do fanatismo religioso, que se rebela, com fúria estranha para quem se julga com "energias elevadas", e isso se dá pelos elementos oníricos que haviam sido alertados por Homero muitos tempos antes de Jesus Cristo.
O "canto da sereia" de Chico Xavier envolve apelos manipuladores da mente humana. Seu hipnotismo, sua "leitura fria" nos contatos com gente sofrida, no moralismo ultraconservador manipulado por dóceis palavras, no apelo imagético das paisagens celestiais e floridas, nas propagandas supostamente filantrópicas, reproduzindo o roteiro de Muggeridge para Madre Teresa, bem ao sabor de paradigmas publicitários de Assistencialismo (mas creditados como Assistência Social).
A exemplo do "canto das sereias" que seduziram Ulisses, mostrando uma aparente beleza que não se estava habituado a conhecer e que se revela maligna, também poucos estão habituados a conhecer os perigosos apelos de beleza do "canto de sereia" de Chico Xavier, que através de tais armadilhas escondia seu caráter de deturpador do Espiritismo, de figura reacionária e produtor de fraudes "mediúnicas" (mas sob a colaboração de grandes equipes na FEB).
Esquecíamos que as obras de Chico Xavier contrariam, de maneira vergonhosa, muitos dos ensinamentos espíritas originais. Nelas se observa deturpações grosseiras como o uso de nomes ilustres para impressionar os leitores, a suposição do mundo espiritual conforme fantasias materialistas e os próprios apelos de beleza para inserir ideias retrógradas ou estranhas ao receituário espírita original.
Devido ao "canto de sereia" de Chico Xavier, muitos se esquecem que ele traiu Allan Kardec, e isso se deu não porque o "médium" era realmente um espírita desde o berço, mas porque o "médium" assumiu um compromisso que nunca cumpriu corretamente, porque ser espírita não é se atolar em pretensos ensinamentos cristãos.
Afinal, "fazer o bem" não pode ser um artifício para camuflar fraudes literárias, moralismo ultraconservador e outros aspectos negativos. Repudiar Chico Xavier hoje é um ato de coragem, pela fidelidade doutrinária e pelo respeito à lógica e ao bom senso, qualidades que nunca existiram na trajetória do "médium" que se ascendeu causando muita confusão.
Deveríamos nos comportar como Ulisses que, enquanto deixava seu barco navegar, se prendeu no mastro, amarrando seu corpo, para evitar sucumbir ao canto das sereias. Deveríamos nos prender à lógica e resistir a todos os apelos de beleza associados a Chico Xavier, para que não caiamos na perigosa armadilha da fascinação obsessiva.
E quem acha que isso é desaforo e relato de pessoas intolerantes, é bom prestar atenção nos alertas de Erasto em O Livro dos Médiuns. Lá o espírito mensageiro alerta para aspectos negativos que se encaixam com surpreendente exatidão no caso de Chico Xavier. Só faltou Erasto advertir que o maior inimigo interno do Espiritismo usava peruca de vez em quando. Erasto nos aconselha sermos os bravos Ulisses do Espiritismo, sem sucumbir à tentação fácil, mas perigosa, do "canto de sereia" chiquista.
Comentários
Postar um comentário