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Chico Xavier era especializado em "bombardeio de amor", tipo perigosíssimo de dominação das pessoas

(Autor: Professor Caviar)

O episódio é conhecido. Uma pessoa normalmente cética vai a um "centro espírita" onde Francisco Cândido Xavier realiza palestras e consultas. A pessoa em questão tem dúvidas sobre a credibilidade religiosa do "médium" e chega ao local com uma boa carga de desconfiança.

Mas, assim que ocorre a palestra e as atividades relacionadas à sessão, a pessoa sai chorando copiosamente, tomada de profunda comoção e, supostamente, de extrema beleza e energias confortantes. Passa a se tornar um devoto de Chico Xavier, chegando a considerá-lo um "santo".

Há vários elementos de "muita beleza" nesses eventos. Na aparência, palavras amorosas, músicas relaxantes de melodias doces, pobres e doentes sendo assistidos, mensagens de fraternidade e paz e toda uma aura de comoção, afetividade e carinho. Mas, cuidado, tudo isso pode ser bastante perigoso e muito traiçoeiro.

O que aconteceu foi a aplicação de um recurso falacioso considerado de nível perigoso extremo: o "bombardeio de amor", no inglês love bombing, que é um truque psicológico no qual se simulam apelos emotivos dos mais extremos: afetividade intensa, amor intenso, pretensa benevolência, aparente mansuetude, sons e imagens agradáveis, apelos retóricos para a paz e fraternidade.

No exterior, o "bombardeio de amor" é considerado um tipo dos mais perigosos de falácia, que é a mentira trabalhada como se fosse uma "verdade indiscutível". O "bombardeio de amor" é o tipo mais traiçoeiro do Argumento Ad Passiones, o "apelo à emoção", uma modalidade de falácia.

No Brasil, o "bombardeio de amor" é um fenômeno praticamente desconhecido. A desinfomação generalizada dos brasileiros, que permitiu que se realizasse o golpe político de 2016, faz com que essa armadilha perigosa fosse aceita sem críticas, de maneira submissa e até com entusiasmo.

Há até mesmo o "raciocínio" do brasileiro médio, que diz: "Pô, se bombardeio de amor é coisa ruim, então não sei mais o que é coisa boa na vida". As pessoas chegam a achar que sempre é saudável apelar demais para a emoção, mostrar coisas comoventes, imagens agradáveis e coisas que pareçam muitíssimo belas, além de um aparente clima de fraternidade e afeição extrema.

"Pô, cara, a gente sai de casa, e entra num ambiente religioso em que o pessoal acolhe com muito amor, num clima de família que não tem em casa. Cara, na moral, isso é muito bom, o que deu na cabeça de dizer que isso tudo é ruim? Cara, a galera toda na paz, vejo ali tudo de bom, show de bola", diz o brasileiro médio.

Só que três ditados populares podem questionar essas situações em que há afeição demais para nenhum propósito. O primeiro, "é bom demais para ser verdade", remete ao fato de que é estranho que coisas assim surjam de repente num mundo normalmente insensível. Segundo, "não existe almoço grátis", quando religiões se servem de "bombardeio de amor" para levar vantagem e atrair fiéis. Terceiro, "quando a esmola é demais, o santo desconfia", que alerta para a pessoa desconfiar quando a afeição de pessoas estranhas é muito exagerada.

"MANCENILHEIRA DA FÉ"

Do contrário que muitos imaginam, o "bombardeio de amor" nem sempre tem sexo ou orgias profanas de drogas e álcool. Até porque o êxtase e as orgias podem ser outros, pelo transe místico, pelo deslumbramento religioso, pelos apelos emotivos relacionados à fé e a virtudes humanas aparentemente associadas à religiosidade.

Como deturpador do Espiritismo, Chico Xavier tinha que usar apelos para que seu arrivismo se tornasse o mais bem sucedido possível. Veiculando ideias estranhas ao Espiritismo original, evidentemente sua credibilidade estaria em risco. Portanto, ele teve que investir em estratégias de publicidade e dominação, como a caridade fajuta do Assistencialismo (que mais serve para promoção pessoal do "benfeitor", mediante resultados filantrópicos medíocres) e o "bombardeio de amor".

Nas mãos de Chico Xavier, o "bombardeio de amor", ingrediente obrigatório nas reuniões comandadas por ele em Uberaba e onde ele estivesse, se constituiu numa "mancenilheira da fé" (referência à bela árvore, todavia considerada a mais venenosa do mundo) na qual seus apelos emotivos adoçam os corações e envenenam vidas. Tanto que há o dado comum e suspeito de muito devotos do "médium" verem morrer de repente, em tragédias surgidas do nada, a maioria prematura, sendo fatos coincidentes demais para não se admitir alguma maldição.

O "bombardeio de amor", neste caso, foi uma estratégia para Chico Xavier arrancar a comoção pública, e todos os apelos emotivos foram minuciosamente e habilidosamente calculados, de forma que raros são aqueles que desconfiam desses apelos. No Brasil, quase não há quem tenha consciência de que emoção demais pode fazer mal e em muitos casos o "excesso de beleza" nos apelos emotivos pode esconder armadilhas traiçoeiras e muito perigosas.

O "bombardeio de amor" é muitas vezes usado para dominar as pessoas em prol do poder de alguém. O domínio não é perigoso apenas quando se manifesta pela coerção violenta e nem por agressões psicológicas como o bullying. O "bombardeio de amor" é um modo de dominação bastante sofisticado, que pega muita gente desprevenida, e que entorpece as pessoas que, num transe emotivo intenso, chegam a chorar copiosamente e a dar gritos de devoção e deslumbramento.

Chico Xavier teve uma trajetória de muita confusão e cheia de contradições. Como um pretenso pensador do Espiritismo, ele apresentou irregularidades bastante preocupantes. Tudo isso poderia levar a perder a ascensão social do "médium" arrivista, por isso ele, ao comandar as reuniões no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, ou em outros eventos com a sua presença, Chico e sua equipe de "tarefeiros" (colaboradores "espíritas") tinham que caprichar no mais hábil repertório de apelos emotivos para dominar as pessoas e evitar todo tipo de desconfiança e questionamento.

Dessa forma, infelizmente o "bombardeio de amor" conseguiu dominar muita gente e todos acreditarem na lorota da "santidade" de Chico Xavier. Tomados de emoção, se esquecem que as "cartas mediúnicas" sempre mostravam o estilo do "médium", mas, pelo truque do "efeito Forer" (técnica de fazer uma mesma mensagem parecer diferente quando é reproduzida para várias pessoas ou ocasiões), pareciam "personificadas", a ponto de quase ninguém perceber, dominado pela comoção extrema e pela catarse do choro, que as assinaturas atribuídas aos mortos eram, na verdade, feitas pela caligrafia de Chico e apresentavam diferenças gritantes às respectivas assinaturas que os mortos deixaram quando vivos.

O "bombardeio de amor" acaba rebaixando o Espiritismo a um entretenimento barato, no Brasil. E esse entretenimento faz das "casas espíritas" virarem, à sua maneira, ambientes orgiásticos, com a mesma energia pesada, ou talvez até pior, do que as energias que se observa nos bacanais do sexo, da luxúria e das drogas. 

A combinação da velha religiosidade jesuíta de Chico Xavier, suas "psicografias" fake e o espetáculo emotivo forjado em suas reuniões, mais o clima de ansiedade, desespero e beatitude do seu público, traz a mesma energia orgiástica que afasta os mortos que muitos acreditam terem estado presentes, mas atrai espíritos inferiores, traiçoeiros, que sempre adoram um aparato de amor, paz e solidariedade para poderem exercer influência maior nesses ambientes.

A comoção se torna um entretenimento tão fácil que vira uma "masturbação com os olhos", o êxtase da choradeira que se torna até expectativa, com pessoas indo para essas "sessões espíritas" só para sentir a excitação do choro profundo, sem perceber que, muitas vezes, estão se divertindo com a desgraça alheia, através de estórias de "sofrimento e superação" feitas à maneira do velho misticismo religioso, da ânsia frenética por "milagres".

Tudo isso é feito para endeusar um ídolo religioso, e esse espetáculo todo, infelizmente, é creditado por muitos como "espiritismo autêntico", apenas pelos apelos emotivos "agradáveis". O conservadorismo de Chico Xavier ainda reforça essa acomodação e essa escravidão da fé, quando ele prega para as pessoas nunca questionarem, nunca duvidarem e nunca reclamarem, uma postura que, sabemos é extremamente contrária à natureza espírita original.

Com isso, as pessoas levam gato por lebre, pensam que estão esclarecidas e protegidas com esses espetáculos das "sessões espíritas", que, na essência, lembram mais os divertimentos das tábuas Ouija disfarçados de "eventos de caridade". Uma análise bastante cautelosa pode identificar, nesses eventos de "bombardeio de amor" de Chico Xavier e seus seguidores como um perigoso meio de dominação do inconsciente coletivo das pessoas, um processo traiçoeiro que a Doutrina Espírita original identifica na fascinação obsessiva que espíritos levianos, encarnados ou não, se utilizam para submeter as pessoas a seu domínio.

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