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Chico Xavier e as frases típicas do falso cristo que ele se tornou

(Autor: Professor Caviar)

O triunfalismo é a pior das arrogâncias. É a mania de uma pessoa, quando está sendo derrotada e combatida, se julgar vitoriosa e crente que irá reverter a derrota. É um sentimento de vaidade, muitas vezes disfarçado de modéstia, falsa autocrítica e pretensa humildade, que investe num discurso que dê a impressão de falsa simplicidade.

A deturpação do Espiritismo tornou-se bem sucedida não porque o igrejismo medieval desenvolvido no Brasil - embora tenha como precedente a obra de Jean-Baptiste Roustaing - tivesse sido melhor do que o cientificismo kardeciano original, mas porque os "espíritas" brasileiros souberam dominar as linguagens como ninguém, se tornando os maiores artífices da manipulação da mente humana, na fábrica de consenso e nos estímulos à comoção humana e ao convencimento da opinião pública.

O conteúdo "espírita" não é dotado de coerência nem de limpidez. Seus ídolos, sobretudo "médiuns", se ascenderam com uma carreira de confusões e impasses de fazer inveja a qualquer político do PSDB ou do PMDB, e o repertório de ideias, envolvendo conceitos tirados do Catolicismo jesuíta, moralismo ultraconservador e alguns empréstimos ocultistas, seja tomados de arremedos de pensamento oriental, seja de modismos místico-sensacionalistas como as "crianças-índigo", é cheio de abordagens inconsistentes e até mesmo erros de referências e informações, como os do período de Jesus em Há 2000 Anos e as abordagens sociológicas e geológicas da "profecia da Data-Limite".

Dito isso, chegamos a mais frases de Francisco Cândido Xavier, desta vez com um discurso melífluo de falsa modéstia. Um discurso que não seria diferente se saído de um Luciano Huck, de um Aécio Neves ou de um Paulo Maluf, mas que é vindo de um ídolo religioso, portanto tendo virado "sabedoria" pelo contexto do prestígio religioso de alguém. Vejamos as frases:

"Agradeço todas as dificuldades que enfrentei; não fosse por elas, eu não teria saído do lugar. As facilidades nos impedem de caminhar. Mesmo as críticas nos auxiliam muito".

DIFICULDADES?

Descontando a decadência do corpo físico, Chico Xavier não viveu grandes dificuldades. Ele nunca foi pobre, apenas não tocava em dinheiro, era, como um popstar religioso, assistido por terceiros. Só faltava ter quem lhe fizesse as unhas. Observando bem, ele teve muito mais facilidades, tanto que, de um plagiador de livros e deturpador doutrinário, Chico Xavier virou um quase-deus.

Foi um caminho que, admitimos, não se deu sem obstáculos. Mas Chico Xavier era um Aécio Neves da religião, e teve sorte em qualquer obstáculo que enfrentou. Dificuldades enfrentadas? Ou seriam dificuldades superadas pelas facilitações das circunstâncias, principalmente com a ajuda do então presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas, também dublê de empresário do "médium"?

Se Chico Xavier saiu do lugar, não foi por essas dificuldades, mas pelas facilitações que recebeu. Ainda assim, ideologicamente Chico Xavier preferiu ficar no seu lugar: ideologicamente conservador, aos níveis de um Olavo de Carvalho - só não tem o discurso abertamente rancoroso do escritor - , católico ortodoxo que, se não fosse a aparente paranormalidade, poderia fazer frente a um Gustavo Corção, Chico defendeu a ditadura militar até em sua fase mais repressiva, em 1971, numa época em que parte da direita que pediu o golpe militar de 1964 havia saído do lugar e passado para a oposição.

Chico Xavier não morreu pobre, sempre teve todo o conforto, se equiparando à realeza britânica, descontando o aparato de luxo que o "médium" recusou obter, como um "falso cristo" que teria plagiado a humildade de Jesus de Nazaré. Tanto que nunca se falou de um Chico "abandonado" e "deixado à própria sorte", mas antes um sujeito que recebia prêmios e homenagens, encerrando a vida acumulando tesouros para si, mas administrados e geridos por terceiros, como um rico que teve outras pessoas para lhe sustentarem, entre eles o "filho adotivo" Eurípedes Higino.

Chico também se comportou como um falso cristo quando citou que "as críticas auxiliam muito", e aqui vemos o triunfalismo de um deturpador que causou muito prejuízo no legado kardeciano, mas que se acha acima de tudo e de todos. Apesar do discurso sugerir simplicidade, essa foi uma forma dócil e simpática de Chico Xavier dizer: "Não aceito críticas, mas, se elas inevitavelmente me chegam, isso não me atinge porque eu sou o rei da cocada preta".

Devemos prestar atenção nos malabarismos discursivos. Quantos venenos podem ser produzidos sob o sabor doce do mel? Quantas palavras dóceis podem ferir como facadas nas costas? Exemplo disso foi dito pelo amigo de Chico, Divaldo Franco, acusando, em dóceis palavras, covardemente os refugiados do Oriente Médio, como se não aceitasse que eles voltassem à Europa para viverem em paz, de que estariam voltando ao velho continente para "recuperar antigos tesouros". As famílias dos refugiados, se tivessem noção de tal acusação, poderiam muito bem processar o "médium" por danos morais.

O balé das palavras do "espiritismo" deturpado mostra o quanto a desfiguração do trabalhoso legado espírita original foi longe demais. E, o que é pior, como se observa nessas frases de Chico Xavier, os "espíritas" são muito arrogantes, achando que as críticas os "fortalecem". 

Grande engano: isso é coisa de gente que não admite ser derrotada e finge que derrota é vitória. Deveriam os "espíritas" brasileiros, em vez desse orgulho fútil do triunfalismo, se envergonharem por usarem como troféu os ensinamentos rasgados da Codificação.

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