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FEB usa vitimismo para não justificar fraudes de Chico Xavier

(Autor: Professor Caviar)

Quem deve, teme. Quem não explica, agride, se passa por vítima mas se torna um agressor ainda mais duro e desesperado. Pois no Reformador de junho de 2002, comemorativo dos 70 anos de Parnaso de Além-Túmulo - lembremos que a edição foi lançada antes da morte de Francisco Cândido Xavier, no final daquele mês - , uma estranha postura foi adotada a poemas que inicialmente foram creditados como "F. Xavier" e, depois, atribuídos a supostos espíritos, como João de Deus Nogueira Ramos, Antero de Quental e Cruz e Souza.

A postura que corresponde ao texto abaixo, publicado após a amostra dos poemas xavierianos, é covarde e mostra que a Federação "Espírita" Brasileira, em vez de explicar suas fraudes, atua com ridículo vitimismo, falando em "via crucis" que "atinge os médiuns", uma forma deplorável e muito cafajeste de arrogância e mania de triunfalismo, que mostra que o "movimento espírita" não sabe perder.

A mensagem abaixo é, portanto, de quem é completamente incapaz de argumentar diante de questionamentos bastante severos. E ainda agride quem afirma, com provas e argumentos lógicos, que a obra de Chico Xavier é fraudulenta e farsante, se deixando valer pela carteirada religiosa para alegar validade desses feitos, como se a fé servisse de desculpa para autenticar qualquer coisa. A FEB é precursora nesses arroubos de pós-verdade que se consagraram nos últimos tempos.

Antes de mostrar essa mensagem, vamos ao caso. Chico Xavier lançou, em 1930 e 1931, poemas de sua própria autoria, no Jornal das Moças e no Reformador, periódico da FEB. Quatro desses poemas foram publicados originalmente sob esses créditos, mas um arranjo oportunista os fez eles serem relançados com "outras autorias", supostamente de espíritos de poetas mortos. 

Mas observando bem, nota-se que, claramente, os poemas têm o estilo pessoal do "médium", e talvez tivesse sido mais feliz que a ele fossem honestamente creditados. Até porque os quatro poemas têm rigorosamente o mesmo estilo e a mesma temática pessoal de Chico Xavier, sobretudo ligados à Teologia do Sofrimento, de que o "médium" era devoto.

Vamos primeiro aos poemas publicados em Reformador e, depois, à carteirada vitimista da FEB publicada em 2002, que ainda por cima comete o descaramento em falar em prol da "restauração do Cristianismo primitivo", a mesma lorota que inaugurou o Catolicismo medieval.

Os Felizes 

Francisco Cândido Xavier - 16 de fevereiro de 1930 - Depois creditado a João de Deus Nogueira Ramos

No triste horror,
Destes caminhos
Cheios de espinhos,
E de amargor,

Os pobrezinhos,
Filhos da Dor,
Têm mais carinhos
Do Criador!

Pois sabem ver,
Em seu sofrer
Pela existência,

A caridade,
Suma bondade
Da Providência!

O Cristo de Deus

Francisco Cândido Xavier - 16 de maio de 1930 - Depois creditado a Antero de Quental

Lendo M. Quintão (nota: Manuel Quintão - dirigente e ex-presidente da FEB, revisor de parte dos livros de Chico Xavier)

Cristo de Deus, que eras a pureza
Eterna, absoluta, invariável,
Antes que fosse a humana natureza,
Este Cosmos – matéria transformável;

Que já eras a fúlgida realeza,
Dessa luz soberana, imponderável,
O expoente maior dessa grandeza,
Da grandeza sublime do Imutável!

Ainda antes da humana inteligência,
Eras já todo o Amor, toda a Ciência,
Perfeição do perfeito inconcebível;

Foste, és e serás eternamente,
O Enviado do Pai onipotente,
Cristo-Luz da verdade inconfundível!

Crê!

Francisco Cândido Xavier - 16 de julho de 1931 - Depois creditado a Antero de Quental

Há na crença uma luz radiosa e pura,
Que transfigura os prantos em prazeres,
Que transforma os amargos padeceres,
Em momentos de mística ventura.

Confia, espera e crê. Quando sofreres,
Sob os guantes da ríspida amargura,
Nas tormentas acerbas dos deveres
Esquecerás a dor e a desventura.

É que, em meio das mágoas mais atrozes,
Sentirás dentro em ti estranhas vozes
Repletas de doçura indefinida:

São os seres ditosos, superiores,
Que nos impelem a nós, os sofredores,
Aos luminosos planos da outra vida


Sobre a Dor

Francisco Cândido Xavier - Jornal das Moças, 1931 - Depois creditado a Cruz e Souza.

Suporta calmo a dor que padeceres,
Convicto de que até dos sofrimentos,
No desempenho austero dos deveres,
Mana o sol que clareia os sentimentos.

Tolera sempre as mágoas que sofreres,
Em teus dias tristonhos e nevoentos;
Há reais e legítimos prazeres
Por trás dos prantos e padecimentos.

A dor, constantemente, em toda a parte,
Inspira as epopeias fulgurantes,
Nas lutas do viver, no amor, na arte;

Nela existe uma célica harmonia,
Que nos desvenda, em rápidos instantes,
Mananciais de lúcida poesia.

CARTEIRADA RELIGIOSA PUBLICADA EM REFORMADOR, JUNHO DE 2002:


nosso querido amigo nunca foi poeta nem escritor, nem pretendeu sê-lo; é, isto sim, 
um grande médium psicógrafo, um missionário do Alto, que merece toda a nossa admiração pela obra que vem realizando, de restauração do Cristianismo primitivo.



(...)



Parece-nos que esses quatro sonetos de grandes Espíritos, os quais foram publicados como de autoria de F. Xavier, bastam para demonstrar a verdade acima afirmada: de que o nosso amado irmão não foi, não é, nem pretendeu ser poeta, e só por 

excessivo entusiasmo de seus íntimos apareceu na imprensa como autor de versos. 

Sua missão é muito maior que a de um grande poeta, e, depois de decorridos quarenta 

anos, qualquer dúvida que ainda subsista entre os nossos adversários ocorre, unicamente, pelo espírito de má-fé. Para esses céticos, tudo é fraude, desonestidade, mistificação, percepção extra-senso-rial, etc., etc., embora os fatos contrariem aberrantemente todas essas insinuações da intolerância e do falso saber. Como há mais de cem 

anos caluniam as meninas Fox, sem o menor escrúpulo, compreende--se que esta é a 

via-crucis natural e normal dos grandes médiuns.

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