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William H. Mumler, o farsante que antecipou Chico Xavier. Só que com fotos

(Autor: Professor Caviar)

Infelizmente, a mediunidade é alvo de uma série de incompreensões que chegam ao terreno da burrice. Primeiro, pelo fato do uso equivocado do termo "mediunidade", palavra que não deve ser entendida como "contato dos vivos com os mortos", mas uma intermediação, por uma pessoa viva, do contato entre os mortos e os demais vivos. O que muitos pensam ser "mediunidade" é, na verdade, um tipo de paranormalidade.

Mas essa incompreensão é fichinha diante do que se tornou a tal "mediunidade", uma grande farra ilusionista na qual se ofende a memória dos mortos, usados e abusados por farsantes que se dizem "médiuns" e buscam sua promoção pessoal - sobretudo a pretensa "luminosidade espiritual" garantida pelas paixões religiosas - iludindo um considerável número de pessoas, em certos casos até mesmo aquelas que gozam de um certo nível de esclarecimento.

Temos grande dificuldade de desconstruir a imagem santificada de Francisco Cândido Xavier, que postumamente goza de uma falsa reputação de pureza espiritual e de uma coleção de virtudes humanas, produzida por uma narrativa habilidosa e convincente inspirada pelo esperto inglês Malcolm Muggeridge, jornalista inglês que se tornou o "inventor de santos".

Isso se deve ao fato do Brasil ser um país de gente pouco esclarecida, apegada a vícios emocionais que lhes fazem prisioneiras de suas convicções pessoais e das paixões religiosas, traiçoeiro pântano onde a fé cega se deixa levar pela falsa beleza de seus apelos discursivos. Por isso é difícil desconstruir Chico Xavier da maneira como se desconstruiu Madre Teresa de Calcutá - "cria" de Muggeridge - , devido ao fato de que o Brasil, onde se predomina a ignorância, a falácia do "olhar do coração" serve para manter mentiras agradáveis em nome de verdades que machucam, colocando as fantasias religiosas acima da realidade.

Mas vamos tentando, porque criticar um deturpador do Espiritismo é recomendação maior da doutrina francesa original. E ela alertava que os inimigos internos da doutrina não estão fora dela, mas dentro, sendo Chico Xavier o maior inimigo interno do Espiritismo, queiram ou não queiram seus seguidores de toda ordem. Provas consistentes mostram que ele mais arruinou do que favoreceu os ensinamentos originais trazidos por Allan Kardec.

Cumprindo este dever, mostramos nesta postagem que a irregular "mediunidade" de Chico Xavier tem precedentes nas práticas ilusionistas feitas nos EUA. Temos P. T. Barnum, um manipulador de mentes humanas, que era um empresário circense e apresentador de espetáculos, e cujas técnicas teriam sido conhecidas de Antônio Wantuil de Freitas e Chico Xavier, que por sinal gostava de circo, como todo caipira brasileiro no início do século XX.

Mas temos também William H. Mumler, um suposto "médium" fotográfico estadunidense que viveu entre 1832 e 1884, tendo vivido apenas 52 anos de idade. Ele realizou supostos trabalhos psicográficos nos quais pessoas eram fotografadas sob a suposta presença de espíritos que estariam aparecendo em tais registros, realizados entre 1862 e 1875.



As fotos diversas mostram um aspecto muito estranho. As imagens dos supostos mortos também tinham o mesmo padrão de pose - na época rigorosamente formal, sem as liberdades expressivas que foram lançadas a partir do século XX. 


Mais tarde, o próprio ilusionista P. T. Barnum, a essas alturas revelando suas próprias fraudes, denunciou William Mumler ao acusá-lo de usar algumas pessoas ainda vivas para se passarem por fantasmas. O truque fotográfico teria sido revelado, tendo sido uma inserção de negativos de fotos que eram inseridos em fotografias com resolução baixa e mantendo a luminosidade invertida desses negativos. Isso criava um efeito no qual a imagem sobreposta simulava uma aparição espiritual.

Simulamos o padrão "William Mumler" para realizar uma montagem sobre outra montagem, que circula na Internet, com o rosto de Humberto de Campos colocado sobre a imagem de Francisco Cândido Xavier, e editamos a imagem colorida para ficar em preto e branco, quase à maneira do fraudador fotográfico.

INFLUÊNCIA NAS FRAUDES DE MATERIALIZAÇÃO

William Mumler recebeu essa acusação nos tribunais, durante um julgamento em abril de 1869, ironicamente poucas semanas após o falecimento de Kardec. No arquivo em que temos a simulação da fraude de Humberto de Campos, a imagem à esquerda foi uma simulação de Abraham Bogardus, solicitada por Barnum, na qual era inserido um retrato do ex-presidente Abraham Lincoln, artifício feito para provar o quanto é fácil fraudar uma foto "mediúnica". Mumler foi absolvido porque as provas não convenceram o júri, mas a carreira do fotógrafo não foi mais a mesma, ele encerrou as "psico-fotografias" e destruiu os negativos de suas fotos.

Mas a fraude fotográfica também foi usada para fraudes de materialização. São os "cabeças-de-papel" que, primeiramente, apareciam em fotos de pessoas deitadas, portando gazes e algodão, simulando formação de hectoplasma. As imagens são grosseiras e nota-se a tarefa de colagem de fotos no algodão colocado junto ao nariz do suposto médium.

Houve uma fraude, no exterior, na qual uma foto do escritor Arthur Conan Doyle, autor de Sherlock Holmes e interessado por fenômenos aparentemente espíritas, são coladas na "espuma" de algodão. Abaixo da foto, imagens de mulheres e de uma caveira eram inseridas, e é possível que a "base" do algodão - o "hectoplasma" - tenha sofrido também pintura a lápis de grafite.

Chico Xavier se envolveu, não como artífice, mas como apoiador de várias fraudes de materialização no Brasil. Ele assinava atestados dizendo que a manifestação era "autêntica", embora vemos, claramente, que é uma fraude, registrada em fotografias de baixa qualidade - embora, nessa época (1954) havia técnicas de fotografia a cores que eram utilizadas em revistas como Manchete e O Cruzeiro.

A "materialização" era grotesca, porque uma modelo era usada, vestindo roupas brancas, e na touca era inserido um recorte do retrato de Irma de Castro Rocha, a Meimei, com um grosseiro desnível em relação à cabeça da moça envolvida na encenação.

Também eram amarradas gazes para simular formação por hectoplasma. O aspecto grosseiro de tais imagens, quando outros exemplos mostravam também seus problemas - um "John Kennedy" de uma única expressão sorridente (extraída de um retrato aproveitado na capa da revista Manchete), em 1964, um "Emmanuel" com cabeça-de-papel e "corpo de Cristo Redentor" em 1954 e uma apropriação ofensiva a José Herculano Pires, que "apareceu" também como um "cabeça-de-papel" que foi "formado" a partir de gazes e algodão - , levando-nos a concluir que essas manifestações de pretensa mediunidade são fraudulentas, sendo precipitadas como fenômenos, sem que estudos sérios pudessem indicar o que seria realmente o contato com os espíritos dos mortos.

E isso tudo desmoralizou o Espiritismo no Brasil, criando uma farra na qual qualquer um, usando de pinturas, textos e imagens, pode escolher o morto da moda e se passar por ele, enganando as pessoas, forjando pretensa unanimidade e vivendo da ilusão de estar comprando um lugar no céu, ao lado de Deus. Quanta falsidade!

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