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A "patrulha canina" de Chico Xavier e sua falsa imparcialidade


(Autor: Professor Caviar)

Engraçado um país como o Brasil. Se as recomendações que haviam sido dadas com muita antecedência pelo Espiritismo original de ser rigoroso com os deturpadores da Doutrina dos Espíritos não são sequer cumpridas pela metade, ainda tem gente que patrulha quando o menor rigor se expressa nas críticas à deturpação, em especial quando o alvo é o badalado e ultrablindado Francisco Cândido Xavier.

Essa "patrulha" tem sempre o mesmo comportamento. Finge parcialidade, cobra rigor apenas a coisas que não lhes agradam, exige "fundamento científico" quando é algo com que eles discordam, porque, no campo de sua concordância, até fantasias mirabolantes são aceitas, embora reconhecidas como "exageradas". Quando o "exagero" vem da fé, esses patrulheiros criticam, mas aceitam. Quando no entanto há o rigor dos questionamentos, esse "exagero" é condenável de maneira inflexível.

A "patrulha canina" que blinda Chico Xavier sempre aparece nos fóruns de Internet e outros espaços nas redes sociais. É um pessoal que traveste de "objetivo" e "imparcial", mas luta para ficar com a palavra final para tudo. Se preciso, eles são capazes de desqualificar até o próprio Allan Kardec, porque, para a "patrulha canina", mais vale blindar um "médium" do que defender a honestidade doutrinária.

É um país de justiça seletiva, quando um juiz tido como "inimigo da corrupção", Sérgio Moro - exaltado pelo "movimento espírita", sobretudo pelos partidários de Chico Xavier, como um "enviado da espiritualidade superior" - , virou ministro do desastrado governo Jair Bolsonaro, e por isso mesmo os questionamentos têm sempre que primar pela aparência "objetiva" e "rebuscada", garantindo a "neutralidade" necessária para proteger o status quo, sob o aparato de uma "abordagem justa e imparcial da realidade".

Não se pode exercer o senso crítico no Brasil. Quer dizer, em tese, isso é possível, mas o senso crítico nunca pode interferir na realidade e no sistema em que apenas há determinados tipos de privilegiados, sejam eles do dinheiro, do poder político, da toga, da fama e da religião. Quando as contestações chegam aos pedestais, as elites reagem, não raro, com processos judiciais.

No Brasil, há muita dificuldade para manter a Doutrina Espírita na sua pureza doutrinária. Sob a desculpa da confraternização e da misericórdia, aceita-se a deturpação quase que de maneira integral, e se finge acreditar que a "fidelidade doutrinária" foi preservada apenas com licenças às "tradições cristãs brasileiras".

Quando há um esforço mais apurado, esbarra-se em muitas reações, e a "patrulha canina" sempre vem com argumentos como estes:

- "Vocês precisam ver o outro lado" - Sob o pretexto de neutralizar os questionamentos em torno de irregularidades no "espiritismo" brasileiro e na trajetória de Chico Xavier, a "patrulha canina" usa essa frase como uma falácia para ficarem com a palavra final. Afinal, as visões pró-Chico Xavier já são o establishment das abordagens em torno do "médium", a retórica do "outro lado" é falsa, porque as abordagens favoráveis a Chico Xavier não são o "outro lado", mas a visão dominante e oficial em torno dele. A desculpa marcada nesta frase, na verdade, busca desmontar qualquer questionamento em torno do "médium", que ameaça ruir a imagem agradável (e rentável) que se tem do "médium".

- "Estão sendo muito duros com Chico Xavier" - A desculpa aqui é para usar o apelo emocional para desqualificar os questionamentos que se avançam contra o "médium", pois no Brasil não se pode aprofundar qualquer senso crítico que soa "maledicente" ou "impiedoso". O próprio Chico já definiu o questionamento aprofundado como "tóxico do intelectualismo", na contramão dos ensinamentos espíritas originais. Mas é só no Brasil que se permite apenas um senso crítico frouxo, sob o pretexto de que uma pretensa imparcialidade e uma suposta objetividade nos questionamentos não ameacem nem prejudiquem totens consagrados do status quo.

- "Eu até vejo coisas erradas na obra de Chico, mas sua mediunidade é autêntica" - A falácia, de valor lógico muito duvidoso - há provas de que a "mediunidade" de Chico Xavier aponta fraudes diversas - , é um tipo de blindagem na qual só se admite parcialmente os erros do "médium", como uma linguagem "enérgica e solene demais" da obra que leva o nome de Emmanuel ou alguns "pequenos (sic) deslizes" de Chico Xavier, subestimando sua influência católico-medieval que arruinou o Espiritismo como um "natural entusiasmo pela origem católica de sua família". Neste caso, a retórica se torna mais ou menos assim: "É, o Espiritismo anda meio catolicizado, devemos entender que Chico errou, mas ele estava muito entusiasmado pelas suas raízes católicas de Pedro Leopoldo". Chegam a investir numa visão desprovida de lógica e realidade; "Não acredito que a influência católica de Chico tenha prejudicado a Doutrina Espírita, acho até que se somou a ela". Ah, claro, a raposa sempre soma na sua tarefa de cuidar do galinheiro.

- "Chico Xavier errou muito, mas pelo menos fez muita caridade" - Essa falácia toda tem como objetivo colocar a "caridade" de Chico Xavier como um "dogma", como a "virgindade de Maria", ou seja, uma ideia que não se tem provas nem resultados expressivos, mas se impõe como "verdade indiscutível". Uma observação mais cautelosa verificará que Chico Xavier NUNCA fez caridade, apenas apelando a outros investirem no Assistencialismo. Chico Xavier não doou sequer um fio de sua peruca para os mais necessitados e antecipou Luciano Huck na associação de uma caridade fajuta, de baixíssimos resultados sociais e praticada não pelo "festejado benfeitor", mas por terceiros. É a estória da cigarra que fatura em cima do trabalho das formigas, embora sabemos que essa "filantropia" nem de longe realizou as tão alardeadas transformações humanas que oficialmente se acredita terem feito.

- "Não acho que Chico Xavier tenha deturpado o Espiritismo, há gente pior" - Há uma tese que subestima a deturpação feita no Espiritismo no Brasil. A "deturpação" se torna caricata: é o "espírita" que põe hóstia sagrada nas doutrinárias, é o "médium" da Alfaiataria com seus "espíritos de lençol", é o palestrante que "reza o terço" nas reuniões "espíritas" etc. Como raposas que dizem rejeitar os "lobos em pele de cordeiro" para forçar as galinhas a lhas apoiarem, muitos deturpadores do Espiritismo dizem "condenar a deturpação", falando em "vaticanos e constantinos que mancham a Doutrina dos Espíritos" e apelando para valorizar "não vários espiritismos, mas um só, o de Kardec". Hipócritas, eles dizem reivindicar "não só entender Kardec, mas viver Kardec diariamente", enquanto exaltam, por baixo dos panos, o igrejismo simbolizado justamente a partir de Chico Xavier.

- "Não devemos tratar Chico Xavier como um semi-deus, mas como um ser humilde e bom" - Ainda se vai falar muito dessa "idolatria às avessas", que na prática reforça o caráter de "falso Cristo" de Chico Xavier, porque a retórica da "humildade" e da "simplicidade" não dispensam de cegueira emotiva na idolatria ao "médium", pois de alguma forma essas qualidades são usadas para um outro tipo de glorificação que também dá margens ao fanatismo e à cegueira emocional.

"PATRULHEIROS" NÃO SÃO MENOS FANÁTICOS QUE OS CHIQUISTAS COMUNS

Há tantos outros argumentos, todos revestidos do verniz da imparcialidade. É sempre um malabarismo discursivo, dos adeptos "independentes" de Chico Xavier, que se apoiam no aparato da objetividade e num simulacro de racionalidade que fazem, para obter a posse da verdade sem ter a pretensão de soarem "chapa-branca" ou explicitamente fanáticos.

Eles tentam se desviar da reputação de fanáticos apontando "alguns erros" de Chico Xavier, sobretudo em torno de Emmanuel, considerado a "vidraça" do chiquismo. Esses "erros menores" estão ligados geralmente a um catolicismo mais extremado ou a uma "pequena parte" de erros nas "psicografias". A "patrulha canina" tenta minimizar, no entanto, tais erros, no desespero de proteger a imagem do "médium" e garantir a "divinização" em torno dele.

Mas até mesmo essa "divinização" é dissimulada. Como vemos, a ideia de "homem simples e humilde" que muito se fala de Chico Xavier é uma idolatria pelo avesso, mas que mantém toda a catarse emotiva dotada de muita morbidez e cegueira. A "divinização" usa dessas qualidades para dar uma falsa impressão de que o "médium" difere das "grandes personalidades" por não ter o aparato de imponência das mesmas. Mesmo assim, essa idolatria "modesta" é uma "carteirada por baixo", na qual se usam os pretextos da "humildade" e "simplicidade" para colocar Chico Xavier não como um semi-deus na Terra, mas como um semi-deus no mundo espiritual, o que dá no mesmo.

A "patrulha canina" não é menos fanática que os chiquistas comuns. Seu esforço de ficar com a verdade e neutralizar os esforços que, com dificuldade, se tem para desconstruir um totem da deturpação do Espiritismo, blindado pela mídia, pela Justiça dos homens, pelos meios acadêmicos e até por religiosos "ecumênicos" de várias crenças, é notório.

A "patrulha canina" que protege Chico Xavier, com suas práticas, demonstra contrariedade extrema aos ensinamentos espíritas originais. Afinal, eles sempre atrapalham o aprofundamento do senso crítico, sempre usando desculpas "moderadoras". Eles são o reflexo de um país de "isentões" políticos que permitem retrocessos contra os brasileiros, "moderados" que agem em favor do poder dominante e "imparciais" que garantem os abusos de quem está no topo da pirâmide social. O que mostra que nem sempre ser neutro é sinônimo de ser justo. Há injustiças e crueldades que se apoiam pelo rótulo da aparente imparcialidade.

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