
(Autor: Professor Caviar)
Mais uma frase de Francisco Cândido Xavier fundamentada na Teologia do Sofrimento, para animar o masoquismo de seus fanáticos seguidores. E mais uma frase de falsa beleza, que novamente não passa de um malabarismo de palavras diabéticas que só quem é escravo das paixões religiosas acha maravilhosa e vê nela uma "lição de vida".
Vamos analisar: "Deus, se um dia eu perder as esperanças, ajude-me a lembrar que os teus planos são melhores que os meus".
Imagine se a frase fosse essa: "Se a pimenta arder nos meus olhos, peço a Deus que me faça reconhecer que os seus olhos são muito melhores que os meus". Perversidade pura dissolvida em dóceis palavras.
O "espiritismo" brasileiro é uma religião que se diverte com o sofrimento das pessoas. E Chico Xavier é a pessoa exata nesse país reacionário, ele teria sido, e até tentou ser, o "padre ideal" para o Brasil ditatorial, um reacionário que eventualmente se habilitava em promover um balé das palavras para iludir as pessoas. Uma espécie de versão mais poética do Amigo da Onça. Que padre não teria o coronel Brilhante Ustra para dar a extrema-unção dos torturados do regime militar!...
Pois bem. A pessoa encarna estabelecendo ela mesma seus planos de vida. Não é fácil. Em muitos casos, os planos de vida são concebidos após as primeiras adversidades. Mas as adversidades posteriores estragam com os primeiros planos de vida e a pessoa se torna brinquedo dos infortúnios do destino. Perde o controle de seu destino, vê a desgraça bater em sua porta, e por isso se revolta e perde a esperança.
Mas aí vem a palavra traiçoeira do terrível deturpador do Espiritismo, que Chico Xavier sempre foi, injectando roustanguismo na veia dos kardecianos, e as pessoas, naturalmente desinformadas das coisas, aceitam com muita submissão. Quantas armadilhas terríveis as paixões religiosas escondem sob o aparato de simplicidade, de sublimidade e de amor!....
A pessoa, diante do sofrimento extremo, é "convidada" pelo reacionário Chico Xavier a se conformar com isso ou, quando muito, a investir em servidão extrema para melhorar de vida. Chico Xavier, que se vivo estivesse hoje, estaria orando para Jair Bolsonaro continuar governando e impor seus retrocessos à população. A reforma trabalhista e a Escola Sem Partido, por exemplo, têm valores que Chico explicitamente apoiava e o "médium" não veria problema no fim do Ministério do Trabalho, porque, bem no estilo de suas frases, ele consideraria que "todo ministério é do Trabalho".
Como um religioso medieval, Chico Xavier defendeu a aceitação da desgraça humana. Não se pode usar o pensamento desejoso e achar que suas ideias são "progressistas" por causa do prestígio religioso e pelo aparato de doçura das palavras. As ideias de Chico Xavier, por mais dóceis que pareçam, são bastante reacionárias. Chico Xavier antecipou Olavo de Carvalho nas visões mistificadoras, no moralismo ultraconservador. Chico apenas teve uma habilidade mais cautelosa em conduzir isso com palavras mais educadas e sem a raiva histriônica do "filósofo".
Quanto aos planos de vida, o indivíduo ainda tem, nessa frase de Chico Xavier, o constrangimento de ver que, segundo o "médium", os "planos de Deus" são melhores do que os da pessoa. E se descobrirmos que Deus não existe, ou, pelo menos, não tem a presença antropomorfizada da qual idealizamos?
Há um problema no "espiritismo" brasileiro, no qual seus partidários pensam que as pessoas só fazem planos de vida por mero entretenimento, se suicidam por diversão e reclamam por esporte. Essa postura é completamente desumana e representa a vergonha que é uma religião que se diz espiritualista e que, há muito tempo, se afastou, sem o menor escrúpulo, dos ensinamentos originais de Allan Kardec, porque, a essas alturas, a Teologia do Sofrimento fala muito mais para os "espíritas" brasileiros do que uma única vírgula descrita na literatura kardeciana.
A religião que se diverte com o sofrimento alheio não sabe que as pessoas já lutam para melhorar de vida, e que as adversidades sem controle deixam muitos sofredores irritados, furiosos e rancorosos. Pois o moralismo insensível do "espiritismo" brasileiro, inclusive o de Chico Xavier, tem sua verdadeira face quando apela para os sofredores suportarem suas desgraças em silêncio, sob a desculpa de que "tudo passará um dia".
Através desse moralismo perverso trazido em frases diabéticas, constata-se que o "espiritismo" brasileiro colocou, no lugar da máxima "Fora da caridade não há salvação" uma outra frase mais de acordo com a religião medieval brasileira: "Pimenta nos olhos dos outros é refresco".
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