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Chico Xavier e a farra dos supostos "resgates coletivos"

(Autor: Professor Caviar)

O "espiritismo" brasileiro virou uma grande farra. Mas é uma farra na qual o primeiro que quebrou o vidro de uma casa é considerado "pessoa íntegra, boa, humilde e de caráter moral profundamente elevado".

Essa carteirada que envolve Francisco Cândido Xavier - o "primeiro que atirou na vidraça" - o faz impune em suas piores encrencas e seus maiores abusos. Chico Xavier fez juízos de valor extremamente severos, ao arrepio total da Ciência Espírita, e, conforme o artigo abaixo, divulgado pelo "espírita" Inácio Ferreira, o "bondoso médium" acusou as vítimas do incêndio do edifício Joelma, que ocorreu em 1974, de terem participado das Cruzadas do Catolicismo medieval. Logo Chico, ele mesmo um católico medieval que vestiu a capa da Doutrina Espírita para se promover!

Sabemos que essa palhaçada de "resgate coletivo" não existe, seja a partir do que Chico Xavier diz, seja a partir do que outros dizem. É uma invencionice do "espiritismo" brasileiro, baseada nos delírios punitivistas de Jean-Baptiste Roustaing, que supõe que pessoas que estão num mesmo lugar necessariamente teriam um mesmo destino, no caso de haver uma tragédia. Isso é um grande absurdo e vai contra os ensinamentos originais da Doutrina Espírita, porque o mito do "resgate coletivo" trata multidões como se fossem "gado expiatório".

O que Inácio não sabe é que ele, reclamando da banalização das atribuições de "resgates coletivos", como a atribuição de que as vítimas do incêndio na Boate Kiss em Santa Maria, em 27 de janeiro de 2013, haviam "promovido o Holocausto" - ele não cita, mas outra atribuição, a do acidente da TAM em 2007, cujas vítimas foram atribuídas por Woyne Figner Sacchetin, usando o nome de Alberto Santos Dumont, provocou processo judicial contra o suposto médium, anos depois - e outras, ele na verdade está reclamando de um crime que tem, justamente, em Chico Xavier seu maior precursor.

Protegido pela carteirada religiosa, Chico Xavier - cuja "mediunidade" nem de longe pode ser considerada idônea, pelas irregularidades graves e cheias de provas, envolvendo literatura fake, "leitura fria", ajuda de consultores literários e pesquisas jornalísticas para fabricar "mensagens do além" - é livrado da culpa pela bagunça que ele causou com seus juízos de valor, atribuindo, sob uma abordagem punitivista, supostas encarnações das vítimas como algozes sanguinários. Em outras palavras, segundo o moralismo punitivista do "espiritismo", a vítima é a "culpada".

Mas Inácio ignora que Chico Xavier, um arrivista comprovado - pesquisemos, com inenção, os episódios do processo judicial do caso Humberto de Campos, das fraudes de Otília Diogo, das "leituras frias" que "recheavam" as "cartas dos entes queridos" etc - , iniciou a brincadeira. 

Não dá para livrar Chico Xavier da culpa, porque ele deu o exemplo de seu juízo de valor punitivista e severo, no qual, entre tantas vítimas, foram incluídas pessoas humildes que, atingidas pelo incêndio em um circo de Niterói (entre mortos, feridos e sobreviventes), no final de 1961, foram vergonhosamente acusadas de terem sido patrícios senguinários da Gália do Século II. Chico Xavier deve ser, sim, responsabilizado por essa farra descrita no texto abaixo, porque foi ele mesmo que começou e só foi inocentado por conta do prestígio religioso que gozou em vida, privilégio que não é menos fútil que o privilégio do dinheiro, até pela cobiça simbólica dos "tesouros do Céu".

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CONVÉM QUE PAREMOS COM ISTO!

INÁCIO FERREIRA - Uberaba – MG, 24 de junho de 2013 - Mensagem publicada no perfil de Carlos Baccelli no Facebook

Alguns companheiros de Ideal, de cuja boa intenção eu não duvido, na interpretação de tragédias na atualidade, têm-se precipitado em certas opiniões suas em torno da Reencarnação e da Lei de Causa e Efeito.
Certo é que, antes de Kardec, nos disse o Cristo que a reconciliação com os nossos desafetos deve acontecer o mais depressa possível, para não suceder que os nossos adversários nos entreguem ao juiz, o juiz nos entregue ao ministro da justiça, e, consequentemente, sejamos metidos na prisão. – “Digo-vos, em verdade, que daí não saireis, enquanto não houverdes pago o último ceitil”!
Estou me referindo ao assunto, porque, quando do acontecido na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, no incêndio de uma casa de shows, no qual desencarnaram mais de 200 jovens, muitos desses desavisados companheiros de Doutrina logo começaram a vincular a tragédia ao que esses espíritos teriam feito em vidas pregressas, mormente no tempo das Cruzadas, da Inquisição, ou da Segunda Grande Guerra Mundial.
Muitos chegaram a dizer que os jovens que se vitimaram, durante a Segunda Guerra, de 1939 a 1945, tinham sido todos eles nazistas, que participaram diretamente do chamado “Holocausto”, condenando milhares de judeus à morte nos campos de concentração!
Ora, fosse eu o pai, ou a mãe, de um desses rapazes e moças que lá desencarnaram, ouvindo de um espírita, ou mesmo de um espírito pretensamente Mentor, que o meu querido filho, ou a minha querida filha, tinha sido nazista, sinceramente, mandaria o espírita, ou o espírito Mentor, às favas, e, consequentemente, com ele, o Espiritismo inteiro.
E depois, por favor, paremos de ser ridículos, porque a impressão que se tem é que todos os espíritos devedores do planeta, a fim de quitarem os seus débitos, vêm reencarnar no Brasil, e não no campo de suas dívidas...
Depois que Chico Xavier, com a sua mediunidade idônea, recebeu mensagens dizendo que alguns dos que desencarnaram no incêndio do Edifício “Joelma”, em São Paulo, no ano de 1974, haviam participado das Cruzadas, todo mundo agora quer fazer revelação!
Cá entre nós, esmagadora maioria dos espíritos que foram responsáveis pelo “Holocausto”, sequer ainda logrou oportunidade de voltar a Terra, pois o que eles aprontaram não tem nem 70 anos, e, em apenas sete décadas, o espírito que cometeu tamanha atrocidade ainda está se vendo às voltas consigo mesmo na Vida além da morte – de minha parte, sequer posso dizer a vocês se eles voltarão a reencarnar na Terra!
Então, convém que evitemos pronunciamentos precipitados, em torno deste ou daquele assunto que nos sugere resgate coletivo, como, por exemplo, o terremoto que se abateu sobre o Haiti, o grande tsunami na Tailândia, ou a queda de um avião como o da “Air France”, no voo 447, que ceifou 228 vidas.
Antes que cheguemos à metade do ano de 2013, segundo estatísticas não correspondentes à realidade, a dengue no Brasil já matou perto de 200 pessoas! Nos anos anteriores, este número, facilmente, ultrapassa a casa de alguns milhares...
Sendo assim, haja combatentes das Cruzadas, ou padres da Inquisição, ou mesmo nazistas da Segunda Guerra, para, sob o ponto de vista dos espíritas, justificar tantas tragédias, que, todos os dias, ocorrem no mundo todo.
E o que falar-se da chamada gripe “espanhola”, que, em 1917-1918, promoveu a desencarnação de 30 milhões de pessoas, que, com certeza, por isto, não foram promovidas a nada!
Antes de abrirmos a boca e falarmos o que não sabemos, creio que nos convém parar com isto e estudarmos um pouco mais, porque a verdade é que tem muito espírita metido a ilustrado falando bobagem demais.

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