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A cegueira dos "olhos do coração"

(Autor: Professor Caviar)

Uma das maiores asneiras difundidas pelo "espiritismo" brasileiro é a falácia do "olhar do coração", uma grande idiotice que poucos sabem que vai contra os ensinamentos originais do Espiritismo francês.

Que a ideia do "olhar do coração", da "voz do coração", do "pensar com o coração" fossem apenas metáforas da expressão poética, isso é aceitável e, de alguma forma, permite a liberdade poética e a expressão emocional dentro desse âmbito.

O problema é quando essas expressões passam a se impor à realidade, contrariando a lógica e o bom senso e criando um "terreno do sonho e da fantasia" que corrompe, nas pessoas adultas ou mais velhas, a percepção do mundo real, o que faz com que a permissividade das paixões religiosas se torne um caminho perigoso que nos desvia do raciocínio realista e da compreensão verdadeira e nem sempre agradável das coisas.

Imagine nós, que temos o cérebro para pensar e as cordas vocais para ressoar nossa voz, termos que "pensar e falar" com o coração. Então teríamos que fazer cirurgia de retirada de cérebros e de cordas vocais, porque bastasse o coração para "falar" e "pensar", porque essa metáfora se impõe à realidade, através da falácia, agradabilíssima para muitos porém muito ridícula e estúpida na verdade, de que "devemos ouvir o coração", "devemos pensar com o coração".

"OLHOS DO CORAÇÃO" CONTRARIAM FRONTALMENTE ENSINAMENTOS ESPÍRITAS ORIGINAIS, COMPROMETIDOS COM O RIGOR DA LÓGICA

Essa ideia, que blinda figuras traiçoeiras como Francisco Cândido Xavier, contraria, de maneira frontal e vergonhosamente acintosa, os ensinamentos originais deixados pela Doutrina Espírita, que pregava o contrário, recomendando o rigor da lógica e do bom senso, mesmo que ela atinja dogmas religiosos e ídolos agradáveis e marcados por um aparato de beleza e emotividade.

Allan Kardec acharia o papo de "olhos do coração" uma grande palhaçada. Ele encararia essa ideia como uma coisa ridícula e estúpida, que nada diz em favor da compreensão realista das coisas, e em muitos casos contraria o rigor da lógica e do bom senso que originalmente está no Espiritismo.

Aliás, vamos lembrar que o principal aspecto que comprova que o "espiritismo" brasileiro contraria o Espiritismo francês, apesar das bajulações que os deturpadores fazem ao pedagogo lionês, é que a religião brasileira, contrariando a doutrina francesa, criminaliza o pensamento crítico. Fala em "tóxico do intelectualismo", como uma maledicente reprovação do questionamento aprofundado e crítico, desconhecendo que esse "tóxico do intelectualismo" acaba amaldiçoando o próprio Kardec, levianamente jogado em montagens digitais que juntam ele e Jesus Cristo a Emmanuel e Chico Xavier, como juntando carneiros e lobos numa só moldura.

O "tóxico do intelectualismo" é a maneira de criminalizar o pensamento crítico mais aprofundado, cheio de dúvidas e questionamentos, e trava a busca da verdade quando ela compromete dogmas religiosos estratégicos. Por outro lado, o mito do "olhar do coração" permite que mentiras agradáveis, feitas sob o signo da fé religiosa e das fantasias a ela associadas, prevaleçam sobre a realidade e sobre a busca objetiva da realidade.

Mas os "olhos do coração" trazem a cegueira que impõe as trevas do misticismo e da fascinação obsessiva em detrimento da luz da razão. Há muita falácia que transforma a religião "espírita" num engodo no qual se finge valorizar a razão para dar uma falsa justificativa ao deslumbramento das paixões religiosas.

CAMPANHA PRÓ-CHICO XAVIER É PIEGAS E CHEIA DE INVERDADES

A falácia dos "olhos do coração", no Brasil, serve para blindar um dos maiores farsantes religiosos da história do nosso país, Chico Xavier. Um sujeito que fez literatura fake - abaixo do talento que os autores mortos alegados deixaram em vida - , apoiou fraudes de materialização (fotos comprovam que ele acompanhou todo o processo montado pela falsária Otília Diogo) e exprimiu ideias altamente reacionárias, comprovado em toda sua obra, voltada a defender a "aceitação do sofrimento em silêncio e sem queixumes", algo que soa um "AI-5 do bem".

Tudo isso é colocado debaixo do tapete. Inspirado no que o inglês Malcolm Muggeridge fez para promover Madre Teresa de Calcutá - uma megera reacionária que nada fez pelos pobres e doentes e os deixou em condições sub-humanas enquanto desviava dinheiro da caridade para os cofres do Vaticano - , a Rede Globo e a ditadura militar apostaram na idolatria religiosa a Chico Xavier como cortina de fumaça para abafar a crise causada pelo desastrado governo dos militares, que o "médium" definiu explicitamente como "construção de um reino de amor do futuro".

A campanha de Chico Xavier como um pretenso símbolo de humanismo é marcada por apelos tão piegas que chegam a ser enjoativos. A caridade fajuta do "médium" é uma farsa: ele não mexeu um dedo para ajudar o próximo, apenas pedia aos outros para fazê-lo e ficava com o mérito da ação alheia. Além disso, essas ações nem de longe eram transformadoras, porque se tratavam da caridade paliativa, o Assistencialismo, que "aliviava a dor" sem buscar a "cura" da "doença" da miséria humana.

E os símbolos piegas que cercam Chico Xavier? Céus azulados, jardins floridos, crianças sorrindo, o horizonte do mar, os coraçõezinhos, passarinhos voando sobre flores, tudo isso ilustrando frases que muitos pensam serem lindas e não são, pois as frases de Chico Xavier são meros trocadilhos de ideias opostas ou alguma pregação igrejeira de moralismo conservador.

Aí entram os apelos dos "olhos do coração", uma malandragem das mais deploráveis que merece o mais rígido repúdio humano, porque é uma palhaçada sem tamanho que vai contra a lógica e o bom senso, sobretudo quando sabemos que o pedagogo Kardec era uma pessoa séria e dizia sempre para mantermos o rigor da lógica e do bom senso.

Kardec reprovaria com severidade essa ideia de "olhar do coração", por estar contrária à realidade e por manter as pessoas escravas das paixões religiosas, dos devaneios da fé que criam um "mundo paralelo" no qual a realidade pode ser jogada no lixo, por ser a fé mais agradável.

Mas o veneno dos "olhos do coração", dos apelos bonitos que no entanto corrompem a percepção humana, são a mancenilheira das palavras e dos apelos que adoçam a emoção humana, mas envenenam vidas. E a cicuta das palavras de Chico Xavier (chicuta?) transforma as pessoas em verdadeiras flageladas das paixões religiosas, o último e mais perigoso terreno da cegueira emocional, da recusa em perceber a realidade na sua totalidade.

Os "olhos do coração" cegam, travam o raciocínio, criam fanatismos religiosos, prejudicam o entendimento da realidade dos fatos, deixam as pessoas escravas de fantasias. Isso significa que o papo de "devemos ouvir a voz do coração" e "pensar com o coração" só servem mesmo para a expressão poética, e que fiquem somente lá. Não servem para criar uma "realidade paralela" movida pelas paixões religiosas que transformam a fé num terreno de perdição.

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