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A justiça seletiva e a peruca de Luiz Fux na "Pátria do Evangelho"


(Autor: Professor Caviar)

O governo Jair Bolsonaro, cuja candidatura seria apoiada até por Francisco Cândido Xavier - se até o cantor Djavan foi apoiá-lo, por que não o "médium" de valores ultraconservadores que apelavam para o "sofrimento resignado e em silêncio"? - , ganhou um favorecimento da Justiça seletiva dos homens, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, acatou o pedido do filho do presidente e senador pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro, de suspender as investigações do ex-assessor da família do chefe da nação, Fabrício Queiroz.

O episódio, que irritou até muitos bolsonaristas, mostra o quanto a Justiça é parcial. Fux é daquela linha de magistrados que são duros demais quando os políticos são progressistas, mas são flexíveis demais quando os políticos são voltados ao status quo, inofensivos aos interesses das elites.

A seletividade da Justiça tem seu precedente, a ser celebrado daqui a pouco mais de seis meses. São os 75 anos de impunidade que transformou Chico Xavier em ídolo religioso, um semi-deus ao gosto dos cafajestes, que o idolatram sob o capa de "homem simples e humilde" só para dar as aparências de "admiração saudável" ao terrível deturpador dos ensinamentos espíritas.

Foi um juiz suplente, tão suplente quanto a juíza Gabriela Hardt que manteve Lula preso. Sabe-se que Chico Xavier é o extremo-oposto de Lula, porque o "médium" é exaltado por supostas virtudes reconhecidas sem prova alguma e sem qualquer fundamento científico. O "médium" também foi absolvido por crimes que possuem provas consistentes, óbvias e fartas, mas, paciência, existem pessoas que não acreditam que "2 + 2=4" e exigem equações quilométricas para chegar a esse resultado.

Foi um desses crimes com provas que a Justiça seletiva ignorou ao inocentar Chico Xavier e a FEB (presidido pela tirânica figura de Antônio Wantuil de Freitas, o mentor terreno do "médium"). O juiz se chamava João Frederico Mourão Russell, um sobrenome que lembra, hoje, o do filho do vice de Jair Bolsonaro, Antônio Hamilton Mourão. O rapaz, Antônio Hamilton Rossell Mourão, foi recentemente promovido num cargo do Banco do Brasil e passou a ganhar, no mole, mais de três vezes mais o salário anterior, indo de R$ 12 mil para R$ 37,5 mil numa só canetada.

O juiz Mourão Russell, como se "psicografasse" por antecipação o juiz Sérgio Moro, julgou "improcedente" o processo movido pelos herdeiros de Humberto de Campos, que processaram Chico Xavier e a FEB. Os herdeiros, coitados, foram desmoralizados pelo "movimento espírita" como "mercenários" e "impiedosos". Nós preferimos criticar os herdeiros pela narrativa do processo judicial, correta mas um tanto ingênua e frágil.

Queriam os herdeiros que a Justiça seletiva analisasse as "psicografias" que levavam o nome do autor maranhense, através de peritos a serem indicados. Através dessa análise, os herdeiros queriam saber se as "psicografias" seriam verdadeiras ou falsas. Se o resultado fosse verdadeiro, os herdeiros teriam sua parte nos direitos autorais das "psicografias". Se fosse falso, Chico e a FEB teriam que indenizar os herdeiros por apropriação indébita do nome do autor.

O juiz Mourão Russell considerou o processo judicial "improcedente" (lembra Sérgio Moro dizendo "isso não procede") e ainda cobrou custos advocatícios à viúva de Humberto (lembra a cobrança desses custos pela "reforma trabalhista", no que diz aos processos de empregados contra patrões), Catarina Vergolina de Campos.

Chegou-se até a dizer que o "médium" é responsável jurídico pelas obras "psicográficas" que levam os nomes dos mortos. E todo o burburinho deu em nada. O processo terminou em empate, mas um empate que favoreceu Chico Xavier, que na prática foi beneficiado pela impunidade. Ele apenas só inventou um pseudônimo para seu "Humberto de Campos" fake, "Irmão Xis" para, no dizer dele, "evitar novos dissabores".

Para completar o trabalho, pois os herdeiros de Humberto continuaram recorrendo da sentença judicial, Chico Xavier, se aproveitando da morte da viúva do autor maranhense, armou uma tocaia ao saber que o filho do escritor, homônimo, que começava a trabalhar em televisão, aderiu ao "espiritismo" brasileiro devido a um lobby de atores e diretores de TV influenciados pela FEB.

Pois Chico, em 1957, convidou Humberto de Campos Filho para uma doutrinária no Grupo "Espírita" da Prece, em Uberaba e amigos o levaram de carro à cidade mineira. E aí Humberto Filho foi acompanhar um espetáculo religioso, na qual o abraço e beijo traiçoeiro de Chico desnorteou o rapaz, além de um sussurro em falsete em tom hipnótico (Chico Xavier deve ter estudado hipnotismo e deve ter sido admirador do ilusionista estadunidense P. T. Barnum) que o jovem não conseguia saber se era ou não o espírito de seu pai (evidentemente não era, mas era um falsete muito bem articulado).

Depois da doutrinária, Chico convidou para visitar as imediações do GEP e, posteriormente, para uma "caravana do amor" nos bairros pobres de Uberaba. É uma exibição de "caridade espetacularizada" que mais parece quadro do Caldeirão do Huck (Luciano Huck, aliás, é devoto de Chico Xavier, apesar de explicitamente católico; Huck visitou Chico Xavier no fim de sua vida e ainda viu, em 2010, o filme biográfico sobre ele). Práticas de mero assistencialismo, uma "caridade" que se vê de baixos resultados, com todo o carnaval feito só para ver produção de sopinhas e doação de mantimentos e roupas.

Esse episódio, que o "movimento espírita" oficialmente narra como se fosse o "perdão" dos herdeiros do escritor maranhense a Chico Xavier, além de atribuir a ele um "exemplo de confraternização e fraternidade", na verdade foi um mecanismo traiçoeiro de dominação da mente de uma pessoa ingênua - no caso o filho homônimo de Humberto - , com o objetivo de encerrar as disputas judiciais.

Lendo os livros originais publicados em vida por Humberto e comparando-os à obra "mediúnica", observa-se, com muita facilidade, que os estilos são completamente diferentes. Não é difícil entender que a obra de Humberto foi mantida fora de catálogo e nem todos os seus livros estão disponíveis sequer na Internet ou em sebos literários. Enquanto isso, toda a obra "psicográfica" está disponível nas livrarias, nos sebos e na Internet, inclusive com cópias gratuitas!

A retirada dos livros originais foi uma manobra que comprova o lobby que a FEB promove no mercado literário. A ideia é evitar uma leitura comparativa, para que não seja desmascarada a pretensa psicografia e cause prejuízo nos trabalhos fake que levam o nome de Humberto de Campos ou Irmão X. É uma grande desonestidade que tem muito a ver com o caminho arrivista de Chico Xavier, que, de realizador de pastiches literários passou a ser visto como um semi-deus.

Com isso, abriu-se vários caminhos só com a impunidade dada a Chico Xavier, que agora revela vários de seus "filhos": Jair Bolsonaro, pelo moralismo religioso e ultraconservador, Sérgio Moro, pelo tendenciosismo da Justiça, Olavo de Carvalho, pelo misticismo reacionário e religioso, e gente como Luiz Fux, também pelo tendenciosismo da Justiça e, ainda mais, da peruca. Essa é a verdadeira "Pátria do Evangelho".

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