Pular para o conteúdo principal

Chico Xavier e a humilhante cerimônia do beija-mão

(Autor: Senhor dos Anéis)

Que humildade é essa? Francisco Cândido Xavier, conhecido popularmente como Chico Xavier, recebendo visitantes com a cerimônia do beija-mão, um ritual que lembra muito bem a dos antigos sacerdotes - muitos deles também inquisidores - que também recebiam devotos que beijavam suas mãos nos fins de cada missa.

O ato deslumbra e alegra a quase todo mundo, mas, vejamos, é um ritual constrangedor, no qual se vê o culto de personalidade a Chico Xavier, que da função intermediária de um verdadeiro médium ele nada tinha. É uma relação vergonhosamente hierárquica, de "cima para baixo", o que elimina de vez a ideia falaciosa de que Chico Xavier era um "pobrezinho". Tudo isso é estrelato muito mal disfarçado de devoção religiosa. As paixões religiosas dissimulam tudo, transformando as orgias da fé em falsos recantos de humildade e simplicidade.

As paixões religiosas são um reservatório de energias mórbidas, ganâncias dissimuladas, ambições mascaradas de humildade, caridade fajuta com mais comemorações do que benefícios, e devem ser vistas com muita cautela, desconfiança e vigilância extrema. Os caminhos da perdição mais perigosos estão no âmbito da fé e de sua simbologia mágica, por isso mesmo sujeita a mil tentações das mais maliciosas e traiçoeiras.

A memória curta das pessoas permite que a foto acima seja considerada admirável, maravilhosa, partindo da figura supostamente iluminada de um ídolo religioso. Mas, percebendo bem o histórico de Chico Xavier, ele começou se envolvendo em literatura fake, que, só pelo primeiro livro, Parnaso de Além-Túmulo, já devia ser considerado um farsante, por causa dessa primeira das suas obras fake que, atribuída a grandes poetas mortos, estava explicitamente aquém do talento original dos mesmos.

O agravante é que o livro foi remendado nada menos que cinco vezes e, o que é mais irônico, foi uma "médium" solidária a Chico Xavier, Suely Caldas Schubert, que em 1981 divulgou uma carta de 1947 desmascarando o mineiro, quando este agradeceu a editores da FEB as revisões dos manuscritos para a sexta edição do livro poético.

Chico Xavier assinou atestados para "autenticar" fraudes de materialização, ridículas encenações com pessoas vestindo roupas brancas e toucas enquanto os supostos falecidos aparecem grosseiramente em fotos recortadas de revistas ou mimeografadas. Supostos "médiuns" também apareciam deitados ou sentados com algodão e gaze fingindo formar ectoplasmas onde, eventualmente, também se colavam recortes de fotos de pessoas mortas.

Era o método William H. Mumler de fraude, mas adaptado às "técnicas" de fraudes de materialização. E Chico Xavier apoiou tudo com gosto, apoiou até a fraude de um locutor em off que falava pelo suposto espírito de Emmanuel, cujo famoso retrato era montado sobre uma maquete que imitava, no corpo, o Cristo Redentor. Até que Chico Xavier teve a ajuda de seu lobby que o absolveu da associação com Otília Diogo, apesar da cumplicidade.

Para piorar mais ainda, a prova de cumplicidade se deu depois, com outro fogo amigo. Nedyr Mendes da Rocha fotografou os bastidores da exibição ilusionista de Otília Diogo, e Chico Xavier estava comunicativo demais para a tese de que ele teria sido enganado por Otília. Ele estava animado, folgazão, como se ele estivesse por dentro de todo o processo. Se Chico Xavier tivesse sido enganado, não teria demonstrado toda a desenvoltura que teve, mas teria demonstrado um certo distanciamento da coisa. Chico, no entanto, agia como se tivesse sabido de tudo.

Tanto os desmascaramentos de Chico Xavier feitos pelo "fogo amigo" de Suely e Nedyr foram divulgados tardiamente, a partir de 1981 e 1979, respectivamente. É um período ligeiramente posterior ao da campanha de "suavização" da biografia de Chico Xavier, com o roteiro importado do que o inglês Malcolm Muggeridge, o "fabricante de santos", montou para Madre Teresa de Calcutá.

Só que tais revelações foram divulgadas em livros menos badalados. Ou, no caso de Suely, até apreciados sem que esta carta fosse percebida, pois ela está "perdida" entre outras cartas com mensagens "mais bonitas". Em 1981, a propaganda que fazia de Chico Xavier a "fada-madrinha da vida real" impulsionou seus partidários a fazer campanha pelo Nobel da Paz. Felizmente a campanha não deu certo.

O Brasil é o país do jeitinho e da memória curta. Essas duas manobras, mais a do pensamento desejoso, tornam-se ingredientes certeiros para transformar oportunistas em pretensas unanimidades, garantindo aos arrivistas de plantão os aplausos permanentes da Terra e a ilusão de que irá conquistar também os tesouros definitivos do Céu.

As irregularidades vergonhosas de Chico Xavier e as confusões que ele criou, propositalmente, nos meios literários, com suas contrangedoras "psicografias" literárias - sobretudo Parnaso e a série "Humberto de Campos / Irmão X" - , foram minimizadas ou ocultadas, em nome de uma imagem dócil que encanta a todos, porque a burrice e a desinformação são autorizadas pela permissividade fácil dos "olhos do coração", que tanta cegueira causam nas pessoas.

Daí o ritual medieval do beija-mão, com os pobres, de maneira constrangida e subserviente, cumprindo essa cerimônia diante de Chico Xavier, que, pretensamente humilde, promovia seu envaidecimento pessoal com tal evento, ele, que foi premiado pelas paixões religiosas da Terra, tendo sua desonestidade (deturpação do Espiritismo e literatura fake) recompensada pelo endeusamento terreno, mostrando o quanto é fácil, através dessas paixões, fabricar "santos" e "espíritos de luz".

O problema é que, fora dos limites materiais da Terra, e, sobretudo, dessa "caverna de Platão" que o Brasil insiste em ser devido ao seu "complexo de vira-lata", não há possibilidade dos "santos da Terra" e dos "espíritos de luz" forjados pelas paixões religiosas dos brasileiros serem assim considerados no plano espiritual.

No além-túmulo, os "espiritos de luz" terrenos sentem a chocante e traumatizante desilusão que os faz tremerem de medo, de profunda vergonha e de um pavor que os faz gritarem de horror. Os "santos de caverna" percebem que a luz do Sol não se compara com a luminosidade artificial das fogueiras internas. Parafraseando Allan Kardec, os "espíritos de luz" da Terra já receberam, na orbe terrestre, a sua recompensa.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Publio Lentulus nunca existiu: é invenção de "Emmanuel" da Nóbrega! - Parte 3

OBS de Profeta Gandalf: Este estudo mostra que o personagem Publio Lentulus, utilizado pelo obsessor de Chico Xavier, Emmanuel, para tentar dizer que "esteve com Jesus", é um personagem fictício, de uma obra fictícia, mas com intenções reais de tentar estragar a doutrina espírita, difundindo muita mentira e travando a evolução espiritual. Testemunhos Lentulianos Por José Carlos Ferreira Fernandes - Blog Obras Psicografadas Considerações de Pesquisadores Espíritas acerca da Historicidade de Públio Lêntulo (1944) :   Em agosto de 1944, o periódico carioca “Jornal da Noite” publicou reportagens investigativas acerca da mediunidade de Francisco Cândido Xavier.   Nas suas edições de 09 e de 11 de agosto de 1944, encontram-se contra-argumentações espíritas defendendo tal mediunidade, inclusive em resposta a uma reportagem anterior (negando-a, e baseando seus argumentos, principalmente, na inexistência de “Públio Lêntulo”, uma das encarnações pretéritas do

Provas de que Chico Xavier NÃO foi enganado por Otília Diogo

 (Autor: Professor Caviar) Diante do caso do prefeito de São Paulo, João Dória Jr., que divulgou uma farsa alimentícia durante o evento Você e a Paz, encontro comandado por Divaldo Franco, o "médium" baiano, beneficiado pela omissão da imprensa, tenta se redimir da responsabilidade de ter homenageado o político e deixado ele divulgar o produto vestindo a camiseta do referido evento. Isso lembra um caso em que um "médium" tentava se livrar da responsabilidade de seus piores atos, como se ser "médium espírita" permitisse o calote moral. Oficialmente, diz-se que o "médium" Francisco Cândido Xavier "havia sido enganado" pela farsante Otília Diogo. Isso é uma mentira descarada, sem pé nem cabeça. Essa constatação, para desespero dos "espíritas", não se baseia em mais um "manifesto de ódio" contra um "homem de bem", mas em fotos tiradas pelo próprio fotógrafo oficial, Nedyr Mendes da Rocha, solidário a

Um grave equívoco numa frase de Chico Xavier

(Autor: Professor Caviar) Pretenso sábio, o "médium" Francisco Cândido Xavier é uma das figuras mais blindadas do "espiritismo" brasileiro a ponto de até seus críticos terem medo de questioná-lo de maneira mais enérgica e aprofundada. Ele foi dado a dizer frases de efeito a partir dos anos 1970, quando seu mito de pretenso filantropo ganhou uma abordagem menos confusa que a de seu antigo tutor institucional, o ex-presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas. Nessa nova abordagem, feita sob o respaldo da Rede Globo, Chico Xavier era trabalhado como ídolo religioso nos moldes que o jornalista católico inglês Malcolm Muggeridge havia feito no documentário Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God) , em relação a Madre Teresa de Calcutá. Para um público simplório que é o brasileiro, que anda com mania de pretensa "sabedoria de bolso", colecionando frases de diversas personalidades, umas admiráveis e outras nem tanto, sem que tivesse um