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Por defender a ditadura militar, Chico Xavier devia perder homenagens em logradouros

(Autor: Professor Caviar)

Pode parecer, para muitos, cruel e injusto, mas a verdade é que Francisco Cândido Xavier deveria perder as homenagens dadas a logradouros por todo o país.

Na famosa entrevista ao programa Pinga Fogo, em julho de 1971, Chico Xavier exaltou a ditadura militar, com muita convicção, e disse para orarmos para as Forças Armadas, porque os militares estavam construindo o "reino de amor" do Brasil futuro.

Demonstrando um raivoso direitismo, Chico Xavier simplesmente disparou comentários contra manifestantes sem-terra e operários, com um reacionarismo descomunal e que muitos não conseguem imaginar, apegados à "dócil imagem" atribuída ao anti-médium mineiro. Quem duvida, é só ver o vídeo no YouTube. E é o próprio Chico Xavier quem diz, para tristeza de seus seguidores.

Ele defendeu a ditadura militar num contexto em que ela se mostrou bem mais repressiva. Era a época do DOI-CODI, principal órgão de repressão, que aprisionava, torturava e matava prisioneiros políticos, que, quando mortos, eram enterrados em local secreto. Um dos coronéis que participaram do órgão foi o já falecido Brilhante Ustra, cuja truculência era tanta que ele mesmo participava das torturas que ordenava a seus subordinados.

Em 1971, parte da direita brasileira que queria a ditadura e defendeu o golpe militar para tirar, em 1964, o então presidente da República, João Goulart, do poder, já havia passado para a oposição. Entre eles, Carlos Lacerda, antes o mais histérico golpista, e que havia participado de um movimento de redemocratização do país, a Frente Ampla, iniciada em 1966 e declarada extinta pela ditadura dois anos depois.

Outro que fazia oposição à ditadura foi Alceu Amoroso Lima, ativista e jornalista católico conhecido também pelo pseudônimo de Tristão de Athayde (ou Tristão de Ataíde, numa ortografia mais atual). Ele havia denunciado que o livro Parnaso de Além-Túmulo não passava de uma fraude feita por Chico Xavier juntamente com a cúpula da Federação "Espírita" Brasileira, sua equipe editorial e consultores literários que prestavam serviço à instituição.

A denúncia de Alceu Amoroso Lima foi declarada "inconcebível" pelo "movimento espírita", mas foi comprovada em carta de 1947 em que Chico Xavier agradece ao presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas, e a um de seus editores, Luís da Costa Porto Carreiro Neto, por fazerem uma revisão minuciosa no conteúdo do livro poético, atribuído oficialmente a "poetas e escritores do além".

Chico Xavier já era considerado um homem retrógrado quando lançou Parnaso de Além-Túmulo em 1932, já que o Parnasianismo estava fora de moda e o Modernismo já havia conquistado o mainstream e atuava em instituições públicas em prol da cultura brasileira.

O "médium" que seus seguidores afirmam ser "progressista" sem apresentar um motivo coerente para isso havia defendido o regime militar com uma convicção que o contexto não poderia lhe permitir. A sociedade aceitava a ditadura militar calada, sob medo das famosas punições, mas começava a se desiludir com o governo da "revolução" que não conseguia garantir a prosperidade tão sonhada pelos brasileiros conservadores que pediram o "Fora Jango".

Mas se até a própria FEB e o próprio Chico Xavier se somaram aos rosários de Patrick Peyton e outras histerias religiosas para aquela "marcha da família" que suplicava em preces o golpe militar, faz sentido o conservadorismo extremo do "médium", uma qualidade sombria que seus seguidores não conseguem aceitar.

Daí que seria bom que logradouros e praças públicas que usarem o nome de Chico Xavier ou Francisco Cândido Xavier - poupemos São Francisco Xavier porque se refere a outra pessoa - deveriam mudar o nome. 

Um exemplo é o que ocorre em Niterói, em que uma rua de Piratininga, chamada "Rua da Ciclovia", virou "Via Chico Xavier", deixando de ter o simpático nome impessoal para homenagear quem acreditava que até Brilhante Ustra estava preparando a "pátria do Evangelho". Uma "pátria de amor e luz" construída com o banho de sangue nos porões e cárceres da tortura e da repressão. 

Já não bastava a ditadura militar falando que estava "recuperando a democracia"? Pois vem Chico Xavier no Pinga Fogo e assina embaixo quanto ao que os oficiais militares faziam contra os brasileiros. Pois só isto faz Chico Xavier merecer a perda de homenagens a ruas, avenidas, praças etc, que, se levam o nome do anti-médium, deveriam mudar seus nomes, homenageando gente muito mais digna e com melhores contribuições para o nosso país.

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