(Autor: Professor Caviar)
Muita gente estranhou quando Divaldo Franco manifestou apoio à Operação Lava Jato. Numa entrevista, disponível no YouTube, Divaldo definiu toda a equipe envolvida na operação, do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, à 8ª turma do Tribunal Regional Federal da 4{ Região (TRF-4), passando pelos conhecidos Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e Carlos Fernando dos Santos Lima.
Houve seguidores de Divaldo Franco que reclamaram de tal postura, e, no seu wishful thinking, pediam para Divaldo desfazer de sua postura e pensar "mais à esquerda". Impossível: "médiuns espíritas" são todos uns conservadores. Mas o pensamento desejoso cria seus malucos e vemos gente pedindo para o Francisco Cândido Xavier da entrevista do programa Pinga Fogo, da TV Tupi, de 1971, rever suas posições. "Vou botar o vídeo no início e quero ver Chico Xavier criticar a ditadura militar". O vídeo toca, Chico faz a defesa da ditadura registrada no vídeo do programa e o chiquista ensandecido diz: "Assim não dá. Vou voltar o vídeo e quero ver um comentário mais progressista". Coisa de doido, mesmo!
Os "espíritas" apoiam Sérgio Moro, Movimento Brasil Livre, João Dória Jr., Michel Temer e Aécio Neves por perfeita sintonia com seus propósitos. Nota-se que Divaldo Franco está fazendo mais palestras no Sul do país, região hoje marcada pelo seu conservadorismo extremo. É pura identificação de causa, e isso não é calúnia. Os fatos mostram, com uma evidência aberrante que só choca quem fica idealizando demais os "médiuns" brasileiros.
O moralismo "espírita" é ultraconservador. Chico Xavier era tão conservador, nos níveis que hoje vemos num Olavo de Carvalho, que só não era católico ortodoxo porque dizia exercer a paranormalidade, uma prática que não é vista de maneira positiva pelos católicos mais tradicionais. Mas, fora isso, o catolicismo de Chico Xavier era tão ferrenho quanto um Gustavo Corção, só para citar um católico "das antigas".
Com isso, o "espiritismo" brasileiro prega um moralismo seletivo, que condiz com a Justiça seletiva da Operação Lava Jato, apoiada por esta religião. Observando os textos dos livros e palestras do "espiritismo" brasileiro, nota-se que se fala em "resgates coletivos", "reajustes espirituais" "resgates morais", revelando o caráter punitivista que o "espiritismo" traz para uns, enquanto fala em "livre-arbítrio" para outros, nem sempre com a verdadeira justiça que alegam defender.
O que chama a atenção no moralismo "espírita" é que o suicídio é criminalizado bem mais do que o homicídio. É como se, no julgamento de valor da "moral espírita" brasileira, o suicídio fosse um "crime hediondo" e o homicídio, "crime culposo", mesmo quando a lei define como "doloso". Segundo os "espíritas", o suicida é um covarde deplorável ao qual só restam receber preces no umbral para tentar sair de sua situação deplorável.
Quanto aos homicidas, porém, os "espíritas" alegam o "atenuante" dos "resgates morais", como se um assassino fosse um "justiceiro da Lei de Causa e Efeito", atribuindo à vítima a culpabilidade similar à que se vê na Justiça terrena aplicada no Brasil. Além disso, há o chamado "fiado espírita", que é a permissão espiritual para a pessoa ter uma longa vida de muita maldade, leviandade e desonestidade, sem sofrer um grande infortúnio e chegando à vida idosa inspirando "exemplos" para novas gerações. O "pagamento" desses delitos e crimes diversos só é feito na próxima encarnação.
A identificação dos "espíritas" com as forças reacionárias é, ainda, um tabu para as esquerdas progressistas, que ficaram surpresas diante de posições recentes assumidas por Divaldo Franco. Até agora não conseguem assumir que ele, como todo "médium espírita", é extremamente conservador, apenas não investindo no "discurso de ódio", mas, mesmo assim, também não aprovando as políticas das forças progressistas.
Os "médiuns espíritas" fazem apologia ao sofrimento alheio, pregam a Teologia do Sofrimento, o que diz muito para seu conservadorismo que os faz apoiar iniciativas como a Operação Lava Jato ou atribuir, ao reacionário Movimento Brasil Livre dos constrangedores Kim Kataguiri, Renan Santos e Fernando Holiday, uma missão de "regeneração humanitária", chegando a definir esses manifestantes como "crianças-índigo".
É hora das forças progressistas tomarem muito cuidado e observarem criticamente os "médiuns espíritas", antes de expressar qualquer adoração a eles, para assim não se sentirem chocados com a decepção em vê-los apoiando abertamente posturas e personalidades bastante conservadoras. O conservadorismo é parte integrante do "espiritismo" brasileiro, pelas próprias caraterísticas com que a doutrina se desenvolveu.
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