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A FEB diz condenar as 'fake news'! E as 'psicografias fake'?

(Autor: Professor Caviar)

O que são fake news? São aquelas notícias falsas que são produzidas para criar impacto, geralmente transmitidas em caráter puramente opinativo, e, por mais verossímil que seja, dificilmente consegue esconder alguma invencionice, alguma fantasia descarada. Em muitos casos, as fake news servem apenas para humilhar ou exaltar a pessoa do interesse de quem produz esses factoides.

E o "espiritismo" brasileiro? Ele é movido por supostas psicografias que apresentam aspectos fake. São mensagens que destoam claramente das caraterísticas pessoais dos autores mortos alegados e cujas informações são colhidas por fontes literárias ou jornalísticas diversas, além do acervo pessoal deixado por cada morto e dos depoimentos de familiares e amigos vivos.

Em muitos casos, se usa um nome famoso para impressionar a opinião pública. Algo que o próprio Allan Kardec alertava como perigoso e reprovável, porque, por trás de um "nome ilustre", existe muita mistificação, muita ideia leviana inserida em mensagens supostamente pacifistas, ufanistas e consoladoras.

Em tempos de fake news e de identidades fake nas redes sociais (sobretudo Facebook e WhatsApp), surgiu até um "médium" que despeja textos fake nesses ambientes, como o psicanalista carioca Adriano Correia Lima, que, ambicioso, acabou usando os nomes de Hannah Arendt, Alfred Schutz e Erich Fromm para suas "pseudografias", com direito a Fromm "escrevendo" como se fosse moleque youtuber

"Eu aviso os navegantes: quem optar por uma vida negativa NÃO REENCARNA mais neste orbe! Não brinquem de viver, não apostem no cassino das emoções humanas, pois quem ganha é sempre a banca. O Brasil reencontrará seu rumo pela dor, entretanto homens e mulheres de valor lutarão por um país melhor".

Isso não é Erich Fromm, como os demais textos de Correia Lima que Hannah e Alfred não teriam coragem de escrever. E, pior: Correia Lima lançou os textos em português, mesmo, quando se espera que eles viessem em alemão ou inglês, e, de preferência, com uma linguagem culta mas acessível, e não como youtubers virando propagandistas religiosos.

Dito isso, reproduzimos um texto da Federação "Espírita" Brasileira (FEB) sobre fake news que é pura hipocrisia. Afinal, foi a FEB que lançou o "pai dos fakes", Francisco Cândido Xavier. Pois o próprio Chico Xavier foi pioneiro em mensagens fake, usurpando primeiro os grandes nomes da nossa literatura e, depois, investindo tendenciosamente em anônimos. Análises não muito difíceis de serem feitas podem identificar, sem muito esforço, irregularidades em obras que levam os nomes de Humberto de Campos, Auta de Souza, Olavo Bilac, Casimiro de Abreu, Jair Presente, Meimei e outros, trazidas por Chico Xavier em "livros-solo" ou antologias.

Vamos então ao texto abaixo, que evoca levianamente Allan Kardec, mas mesmo assim através da tradução de Guillón Ribeiro, que também traduziu o deturpador livro Os Quatro Evangelhos, de Jean-Baptiste Roustaing:

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FAKE NEWS – O que o Espiritismo tem a ver com isso?
Agora é moda. Ou seria modismo?!…

O novo é inovador, transformador. Assim é a Boa-Nova, a mensagem do Evangelho de Jesus, oportuna. O Espiritismo também é sempre atual em seu conteúdo.

Ao contrário, o modismo vem e passa, alardeia e some, confunde e desaparece… É comum surgir uma ou outra “novidade” que pretende revolucionar o mundo, como se a roda fosse descoberta a cada momento!

As informações são veiculadas a mancheias e surgem de inúmeros lugares e de replicadores, sem que se saiba ao certo a fonte original. Muito menos se consegue verificar a originalidade ou fidelidade da informação: verdadeira ou falsa?

Um princípio básico do jornalismo é que a fonte deve ser inúmeras vezes checada, conferida, antes de a matéria ser publicada, para se ter certeza de sua origem e autenticidade.

Hoje se fala tudo sobre qualquer coisa, sem nenhum compromisso com o conteúdo, fatos e pessoas. Interessa mais o furo, ser o primeiro a disseminar a novidade. A pressa em compartilhar, postar, divulgar é impressionante e lamentável.

Já ouviram falar em fake news, as tais notícias falsas? Agora, todo mundo está falando sobre isso, no Brasil e no mundo inteiro. Se você não sabe o que é, fique antenado, pois isso é a febre contagiante dos tempos líquidos em que vivemos.

Fala-se o que não se deve, espalha-se o que não se poderia. Notícias falsas, informações incompletas, dados manipulados, meias-verdades, polêmicas, tendenciosidades, extremismos, formação de opiniões…

O que está por detrás da divulgação de mensagens ou notícias falsas? Enganar, iludir, apenas se divertir?!…

*

O Evangelho de Jesus e o Espiritismo têm algo a ver com tudo isso?

Nada melhor que os próprios autores responderem. O que parece novo, não é tão novo assim. Isso porque falsas notícias, inverdades sempre existiram. É que agora, com o poder de impulsão pelas redes sociais, tudo parece ser instantâneo, em tempo real, e a acessibilidade às informações está cada vez mais fácil na sociedade pós-moderna da informação, da ciência e da tecnologia em que estamos imersos.

O cuidado com o trato das fake news não é de agora. Jesus e o Espiritismo já nos apontam como nos comportar diante de tais situações.  Vamos conferir algumas expressões que alertam sobre o assunto:

1)  Não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus, porque são muitos os falsos profetas, que se levantaram no mundo (João, Epístola I, cap. 4: 1).

2) A boca fala do que está cheio o coração (Lucas, 12: 34).

3) Guardai-vos dos falsos profetas que vêm ter convosco cobertos de peles de ovelha e que por dentro são lobos rapaces. Conhecê-los-eis pelos seus frutos. Podem colher-se uvas nos espinheiros ou figos nas sarças? Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos. Uma árvore boa não pode produzir frutos maus e uma árvore má não pode produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Conhecê-la-eis, pois, pelos seus frutos (Mateus, 7:15 a 20.)

4) Tende cuidado para que alguém não vos seduza; porque muitos virão em meu nome, dizendo: “Eu sou o Cristo”, e seduzirão a muitos. Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas; e porque abundará a iniquidade, a caridade de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até o fim se salvará. Então, se alguém vos disser: “O Cristo está aqui, ou está ali”, não acrediteis absolutamente; porquanto falsos cristos e falsos profetas se levantarão e farão grandes prodígios e coisas de espantar, ao ponto de seduzirem, se fosse possível, os próprios escolhidos (Mateus, 24:4, 5, 11 a 13, 23 e 24; Marcos, 13:5, 6, 21 e 22.)

5) Deve-se publicar tudo o que os Espíritos dizem? (Allan Kardec, RE, nov. 1859)

6) Antes de falar qualquer coisa, passe pelos três crivos, ou pelas três peneiras: se é bom, verdadeiro e útil (Atribuído a Sócrates).

7) Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos velhos provérbios. Não admitais, portanto, senão o que seja, aos vossos olhos, de manifesta evidência. Desde que uma opinião nova venha a ser expendida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da razão e da lógica e rejeitai desassombradamente o que a razão e o bom senso reprovarem. Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea (Erasto. LM, cap. 20, it. 230).

*

É natural nos questionarmos sobre qual deve ser nossa postura diante das informações possivelmente falsas.

Recomendável que o discernimento oriente nossas ações. Assim, oportuno lembrar que, perante as possíveis fake news, devemos:

a) ser cautelosos quanto a novidades e notícias bombásticas;

b) adotar a dúvida, como segurança informacional, sem julgamentos;

c) levantar rigorosamente a fonte da informação;

d) avaliar se o conteúdo é verdadeiro, bom, útil e pertinente; e

e) evitar retransmitir conteúdos duvidosos ou suspeitos por quaisquer meios nas redes sociais: Facebook, Twitter, WhatsApp, e-mail, textos, palestras, conversas, dentre outros.

Lembremo-nos que somos divulgadores, influenciamos e somos influenciados o tempo todo na vida. E, consequentemente, somos responsáveis pelos nossos pensamentos, palavras e ações onde estivermos e aonde formos.

Pensemos no bem! Falemos sobre o bem! Ajamos no bem! Assim, o mundo será melhor para todos nós.

Referências:

DEVE-SE publicar tudo o que dizem os Espíritos? Revista Espírita, nov. 1859. Disponível em: http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/deve-se-publicar-tudo-quanto-dizem-os-espiritos/>. Acesso em: 14 dez. 2017.

KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 131. ed. 8. imp. (Ed. Histórica). Brasília: FEB, 2017. Cap. 21, it. 1-3.

_____. O livro dos médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 81. ed. 5. imp. Brasília: FEB, 2016. (Ed. Histórica). Cap. 20, it. 230.


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