Pular para o conteúdo principal

Apologia ao sofrimento derruba mito de caridade ligado a Chico Xavier


(Autor: Professor Caviar)

Parece disco riscado, pulando em certo trecho: "Chico Xavier deturpou, mas pelo menos fez caridade". "Chico Xavier errou muito, mas pelo menos fez caridade". "Chico Xavier apoiou a ditadura, mas pelo menos fez caridade". "Chico Xavier fez caridade... Poc! Chico Xavier fez caridade... Poc! Chico Xavier fez caridade... Poc!".

Ninguém aguenta mais essa desculpa toda, porque a "caridade" de Francisco Cândido Xavier nunca trouxe resultados de verdade. E ele nunca fez, por si, caridade. A "caridade" que ele fez foi, na verdade, pedir a outrem para doar objetos e alguma quantia de dinheiro para práticas de mero Assistencialismo, aquela "filantropia" que os conservadores gostam muito, porque não mexem no patrimônio dos mais ricos e também não "dão demais" para os pobres, que "podem" viver em cativeiro e continuarem indo, quando vão aos prédios, apenas pelo elevador de serviço e, para viajar, têm que pegar ônibus de fretamento barato, de empresas irregulares e frotas sucateadas.

Há muitas coisas estranhas por trás dessa narrativa simplista demais que envolve o que se entende como Espiritismo no Brasil. Parece roteiro de novela das nove. Um pedagogo que estudava a educação infantil descobriu fenômenos paranormais e resolveu estudá-los. Depois, no Brasil, suas descobertas foram acrescidas das tradições da religiosidade cristã e aí veio o Espiritismo, a religião da vida após a morte. 

Fácil demais, né? Mas essa narrativa pega direitinho até mesmo muito jornalista investigativo com coração mole e que bovinamente aceita as versões da Federação "Espírita" Brasileira nas entrevistas para reportagens. Se não se é obrigado a obedecer bovinamente as versões do Supremo Tribunal Federal (STF), temos que aceitar de bandeja tudo que a FEB declara?

Temos que deixar o infantilismo doentio de lado e verificarmos que o que se entende, aqui, como Espiritismo, não passa de um engodo igrejista que desde os anos 1970 misturou alhos com bugalhos, em nome de um falso equilíbrio entre o cientificismo original de Allan Kardec e um roustanguismo podado dos místicos brasileiros, a partir do próprio Chico Xavier.

E esse "espiritismo" de Chico Xavier não só está associado a uma "caridade" de resultados fajutos - se ela tivesse sido significativa, o Brasil não estaria em situação degradante como a de hoje - como está associado à Teologia do Sofrimento, uma ideologia medieval que soa como se fosse um "holocausto do bem". Nesta ideologia macabra, porém descrita em palavras dóceis, defende-se a apologia do sofrimento humano como suposto atalho para Deus. É uma espécie de "quanto pior, melhor" da retórica religiosa.

Pois Chico Xavier, que erroneamente chegou a carregar a imagem de "progressista" - sem que houvesse fundamentação para tal tese - , era um dos mais entusiasmados defensores da medonha Teologia do Sofrimento (que tem, no exterior, Madre Teresa de Calcutá como sua maior defensora), e isso se comprova com um discurso bem cafajeste que compara a encarnação, cinicamente, como uma "prova escolar", embora envolvesse tarefas e impasses bem mais difíceis. Ele pedia para que os sofredores não só aceitassem sua desgraça mas também que fingissem aos outros que "está tudo bem". Vamos para essa terrível mensagem dissimulada com "sabor de mel":


"— Diz o Evangelho que as nossas provas são um índício, não um fim… Estamos, dentro delas fazendo um vestibular de promoção espiritual ou ficamos sob determinadas dependências…

O nosso espírito tem que estar ajustado às Leis de Deus. Paciência operosa, esperança ativa não são simples palavras… Podemos estar sofrendo, estar aflitos, mas, se estamos desesperados, criando problemas para os outros com os nossos problemas nós não estaremos atravessando os nossos problemas com as nossas almas ligadas às Leis de Deus… Não estamos liberados só porque sofremos; depende de nossa atitude a vitória que desejamos alcançar. Estejamos com o nosso pensamento em Deus, com a nossa alma a doar de si, sem pensar em si… Vamos podar o sofrimento daqueles que Deus nos deu à convivência, para que eles sejam mais felizes; calar as nossas dores, pacificar o nosso próprio espírito quando tudo nos induz ao desespero (…) Existe algo que nós podemos dar sem termos: é a felicidade! Precisamos aprender a sofrer sem mostrar sofrimento, atravessar dificuldade sem colocá-la na pauta dos outros… Estamos matriculados na prova; vamos ver qual será a nota".

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Publio Lentulus nunca existiu: é invenção de "Emmanuel" da Nóbrega! - Parte 3

OBS de Profeta Gandalf: Este estudo mostra que o personagem Publio Lentulus, utilizado pelo obsessor de Chico Xavier, Emmanuel, para tentar dizer que "esteve com Jesus", é um personagem fictício, de uma obra fictícia, mas com intenções reais de tentar estragar a doutrina espírita, difundindo muita mentira e travando a evolução espiritual. Testemunhos Lentulianos Por José Carlos Ferreira Fernandes - Blog Obras Psicografadas Considerações de Pesquisadores Espíritas acerca da Historicidade de Públio Lêntulo (1944) :   Em agosto de 1944, o periódico carioca “Jornal da Noite” publicou reportagens investigativas acerca da mediunidade de Francisco Cândido Xavier.   Nas suas edições de 09 e de 11 de agosto de 1944, encontram-se contra-argumentações espíritas defendendo tal mediunidade, inclusive em resposta a uma reportagem anterior (negando-a, e baseando seus argumentos, principalmente, na inexistência de “Públio Lêntulo”, uma das encarnações pretéritas do

Provas de que Chico Xavier NÃO foi enganado por Otília Diogo

 (Autor: Professor Caviar) Diante do caso do prefeito de São Paulo, João Dória Jr., que divulgou uma farsa alimentícia durante o evento Você e a Paz, encontro comandado por Divaldo Franco, o "médium" baiano, beneficiado pela omissão da imprensa, tenta se redimir da responsabilidade de ter homenageado o político e deixado ele divulgar o produto vestindo a camiseta do referido evento. Isso lembra um caso em que um "médium" tentava se livrar da responsabilidade de seus piores atos, como se ser "médium espírita" permitisse o calote moral. Oficialmente, diz-se que o "médium" Francisco Cândido Xavier "havia sido enganado" pela farsante Otília Diogo. Isso é uma mentira descarada, sem pé nem cabeça. Essa constatação, para desespero dos "espíritas", não se baseia em mais um "manifesto de ódio" contra um "homem de bem", mas em fotos tiradas pelo próprio fotógrafo oficial, Nedyr Mendes da Rocha, solidário a

Um grave equívoco numa frase de Chico Xavier

(Autor: Professor Caviar) Pretenso sábio, o "médium" Francisco Cândido Xavier é uma das figuras mais blindadas do "espiritismo" brasileiro a ponto de até seus críticos terem medo de questioná-lo de maneira mais enérgica e aprofundada. Ele foi dado a dizer frases de efeito a partir dos anos 1970, quando seu mito de pretenso filantropo ganhou uma abordagem menos confusa que a de seu antigo tutor institucional, o ex-presidente da FEB, Antônio Wantuil de Freitas. Nessa nova abordagem, feita sob o respaldo da Rede Globo, Chico Xavier era trabalhado como ídolo religioso nos moldes que o jornalista católico inglês Malcolm Muggeridge havia feito no documentário Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God) , em relação a Madre Teresa de Calcutá. Para um público simplório que é o brasileiro, que anda com mania de pretensa "sabedoria de bolso", colecionando frases de diversas personalidades, umas admiráveis e outras nem tanto, sem que tivesse um