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Vitimismo, a estratégia dos falsos cristos do "espiritismo" brasileiro

(Autor: Professor Caviar)

Os falsos cristos do "espiritismo" brasileiro defendem a Teologia do Sofrimento: pedem aos sofredores aguentar as desgraças em silêncio, sem queixumes, esperando que Deus um dia traga as "bênçãos prometidas", não se sabe quando.

Mas a Teologia do Sofrimento, que é uma espécie de "cristianismo de Pôncio Pilatos" - porque vê o sofrimento de Jesus sob o ponto de vista de seus condenadores - e remete ao Catolicismo da Idade Média, também serve como uma carta na manga quando os próprios ídolos do "espiritismo" brasileiro apelam para o vitimismo para não serem postos à ruína, seja pela punição da Justiça, seja pelo descrédito popular.

Muitos imaginam que Francisco Cândido Xavier teve uma trajetória limpa, íntegra, simples e admirável. Grande engano. Isso foi uma ilusão plantada por uma narrativa que prevalece nos últimos 40 anos e nem foi inventada no Brasil, já que foi trabalhada pela mídia hegemônica a partir de um roteiro que o inglês Malcolm Muggeridge fez para Madre Teresa de Calcutá, outra megera reacionária.

O mito de Chico Xavier pôs debaixo do tapete escândalos de arrancar os cabelos. Não são escândalos que a sociedade da Terra plantou para desafiar, confundir e tentar derrubar um homem de bem, mas escândalos que o próprio "bondoso médium" havia criado para produzir sensacionalismo e se promover às custas de muita confusão.

Alguém em sã consciência iria imaginar que seria mesmo autêntico um estranho livro como Parnaso de Além-Túmulo, lançado em 1932, num contexto em que ninguém estava preparado para as atividades paranormais, muito menos o próprio Chico Xavier?

Não. A presunção de reunir poetas diversos aqui e ali, como se os homens da Terra pudessem escolher os mortos que "obrigatoriamente" devem mandar mensagens espirituais para os vivos, é muito estranha. A vida mostra que, se temos dificuldade para reunirmos antigos amigos depois de vinte anos de afastamento, imagine então reunir espíritos mortos de diferentes procedências! Não há como reunir.

Há tantos aspectos estranhos na trajetória de Chico Xavier, aspectos bastante negativos que requerem investigação e questionamento aprofundado - é o medo dele que sempre apelava para nunca questionarmos sua pessoa e acreditarmos na falácia que o silêncio é a "voz dos sábios" (o coronel Brilhante Ustra iria adorar isso) - , que os seguidores dele têm muito medo de assumir, mergulhados nas paixões religiosas que envolvem o "bondoso médium".

Pois o vitimismo é a arma que deturpadores e charlatães que se escondem debaixo do jaleco do professor Kardec, muito bajulado por eles mas nunca devidamente respeitado. O vitimismo ou coitadismo é uma tática que os covardes usam para evitar punições ou para tentar forjar comoção pública quando passam a serem desacreditados.

E o "espiritismo" brasileiro, forma deturpada do hoje ignorado Espiritismo francês, usa muito do vitimismo, combinado com o triunfalismo, que é a mania de se achar vitorioso na derrota extrema. Falsos cristos forjam falsas cruzes para incitar a comoção pública. Falsos fênix se produzem nas cinzas para o mesmo fim.

Os ídolos e dirigentes "espíritas", além de seus palestrantes diversos, são treinados a adotar essa combinação de vitimismo e triunfalismo, a partir do exemplo do arrivista Chico Xavier. É a mania de se achar vitorioso na derrota extrema, caprichando nas poses tristes, na pretensa resignação com a própria derrota, na presunção de que Deus irá reabilitá-los no momento em que parecem arruinados por definitivo.

Isso é muito ruim. É um recurso que os arrivistas usam para não serem punidos pelos abusos que cometem. A religião serve, muitas vezes, como um escudo para oportunistas levarem vantagem, e tantos falsos cristos posam de falsa humildade, fingindo aceitar a derrota e falando, com muita hipocrisia, da vitória vindoura que Deus, em tese, lhes presentará.

Ah, quanto a religião faz para camuflar a hipocrisia e a ambição. Quantos oportunistas querem comprar as glórias do Céu comprando os aplausos da Terra. E os "espíritas", que veem o argueiro nos olhos dos neopentecostais - que erram, sim, e de forma altamente deplorável e preocupante, mas não são os únicos - mas não veem a trave em seus próprios, são os que mais sucumbem à ambição da pretensa divinidade.

E Chico Xavier foi um dos mais deploráveis, mais enganadores, mais ilusórios e mais preocupantes exemplos. Arrivista, cheio de práticas irregulares, desonestas e, da mesma forma, pregações de moralismo reacionário e retrógrado, quase como um Olavo de Carvalho após tomar um calmante, Chico Xavier enganou o Brasil inteiro e, durante 86 anos, sua figura está associada à mais aberrante das ilusões.

Infeliz o brasileiro que querer defender e relativizar Chico Xavier em seus erros. A carteirada religiosa não pode inocentar caneladas. Nenhum espírito evoluído se cria com caneladas, aprontando confusão de propósito, se promovendo às custas do sensacionalismo e usando o suposto "contato com os mortos" como carteirada para intimidar as pessoas.

O caso João de Deus é apenas uma amostra de como os "médiuns espíritas", equivalentes modernos aos escribas e falsos sábios dos antigos fariseus da época da Bíblia - da mesma forma que os neopentecostais são as versões modernas dos vendilhões do templo - , não conseguirão enganar por muito tempo. Os contos de fadas para gente grande a que se rebaixou o Espiritismo, hoje rebaixado a uma versão repaginada do Catolicismo jesuíta medieval, tem um dia que decair.

Dói para muita gente a decadência dos "médiuns", que por sua vez usam do vitimismo e do triunfalismo para levar vantagem diante de situações adversas. Mas eles, que também são privilegiados e integram uma elite poderosa que se promove manipulando as fés dos cidadãos, irão decair um dia, porque, como diz o ditado, pode-se enganar algumas pessoas o tempo todo e todas as pessoas durante algum tempo, mas não se pode enganar todas as pessoas o tempo todo. A lama de Abadiânia cairá como uma avalanche em Uberaba.

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