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Caso João de Deus, inevitavelmente, irá derrubar Chico Xavier

(Autor: Professor Caviar)

O mar de lama de Abadiânia irá chegar, com certeza, a Uberaba. O escândalo de João de Deus, que recebeu mais de 40 denúncias após as dez divulgadas pelo programa Conversa com Bial, incluindo um relato de tentativa de suicídio de uma mulher que foi assediada aos 13 anos, abre precedentes para novas denúncias sobre os bastidores do "espiritismo" brasileiro, podendo fazer o que o sobrinho de Francisco Cândido Xavier, Amauri Xavier - provavelmente morto por queima de arquivo - não conseguiu realizar.

Apesar do "movimento espírita" tirar o corpo fora e dizer que o "médium" João Teixeira de Faria, o João de Deus, não tem vínculo com o "espiritismo" brasileiro, ele, antes da revelação de seus escândalos de assédio sexual - que incluíram atos grotescos como o "médium" expor seu pênis para cada uma de suas clientes - , estava em boa conta com a religião brasileira e era visto como um sucessor de Divaldo Franco no que se refere à idolatria religiosa.

O que chama a atenção é que João de Deus foi apadrinhado por Chico Xavier, como confirma essa foto que ilustra esta postagem e a anterior. Não se deve confundir com outros dois "João de Deus" relacionados a Chico Xavier, um presente no livro Parnaso de Além-Túmulo, outro um anônimo acusado de feminicídio. Mas o "médium" de Abadiânia não deve ter subestimada a relação com Chico Xavier, porque o escândalo que envolveu o goiano tem também motivos de sobra para atingir o "médium" mineiro, mesmo postumamente.

SE REALMENTE FOSSE MÉDIUM, CHICO XAVIER DEVERIA TER SABIDO DE TUDO

Tido como "médium" e agora tentando ser reabilitado como um pretenso profeta da "data-limite" - que será o ano vindouro de 2019 - , Chico Xavier, pela reputação que, ainda que de maneira artificial, tendenciosa e falsa, havia obtido, mesmo assim deveria ter um mínimo de responsabilidade para saber ou prever quem seria, de fato, o seu pupilo de Adadiânia, tido como "curandeiro" mas incapaz de fazer sua própria cirurgia para retirar um câncer (neste sentido, o russo Leonid Rogozov marcou pontos a mais que João de Deus).

Só que não. Chico Xavier foi omisso com João de Deus, que, de acordo com denúncias recentes, praticava assédio sexual desde 1983 (Chico estava vivo e atuante nessa época), da mesma forma que Divaldo Franco foi omisso com a farinata de João Dória Jr.. Isso derruba de vez a reputação de Chico, que passou a ser endeusado, após o escândalo de Otília Diogo, através de uma narrativa montada pela grande mídia, com base no que Malcolm Muggeridge fez para adocicar a megera Madre Teresa de Calcutá.

Era de responsabilidade de Chico ter algum posicionamento prévio sobre João de Deus. Mesmo que as ações deste ocorressem em função de livre arbítrio, Chico, que muitos acreditam ser de elevada sabedoria, poderia, com base nesta suposta atribuição, alertar sobre o perigo do apetite sexual do "médium" goiano. Mas nada disso aconteceu e o caminho do goiano tornou-se livre, a ponto dele ter se tornado celebridade internacional, ganhando o apelido em inglês de John of God, ludibriando figuras famosas nacionais e estrangeiras e tendo um documentário recente, O Silêncio é uma Prece, filme chapa-branca de Candé Salles (com Cissa Guimarães como narradora), lançado com farta presença de famosos. Entre os gringos que se deixaram levar pelo aparato religioso de João de Deus, estão famosas como Oprah Winfrey, Naomi Campbell e Madonna.

O próprio escândalo de João de Deus pode se chegar a Chico Xavier, porque, por trás da imagem adocicada do "médium" de Pedro Leopoldo e Uberaba, há uma série de pontos sombrios e preocupantemente negativos, que envolvem literatura fake, exploração da tragédia alheia, opiniões altamente reacionárias (aos níveis de um apoiador de Jair Bolsonaro, por exemplo) e uso de "leitura fria", uma técnica ilusionista, para produzir as "cartas mediúnicas" que se tornaram sua suposta "maior caridade".

No caso de Chico Xavier não ter prevenido sobre o caráter duvidoso de João de Deus, isso lhe coloca numa sinuca de bico. Afinal, se Chico não sabia dos "podres" do pupilo goiano, então ele não pode ser líder, nem profeta, nem médium. Se Chico sabia dos "podres", agiu por cumplicidade. Em todo caso, os "médiuns" brasileiros, infelizmente, só são vistos como responsáveis pelos seus atos e decisões quando se tratam de aspectos positivos. Quando negativos, chega-se a atribuir até mesmo a atuação de obsessores espirituais, embora, na maioria das vezes, se alega que os "médiuns" foram "manipulados por gente da Terra", que teria "se aproveitado do caráter puro (?!) desses religiosos".

Isso coloca os "médiuns" em grande e terrível contradição. Afinal, se eles são líderes e sábios e a eles se acredita que podem antever armadilhas e traições, por que eles se deixariam ser manipulados por aproveitadores diante de situações tão desagradáveis? Mas se os "médiuns", sabendo de tudo, evitam qualquer reação, eles também não podem ser líderes e sábios, porque consentem com tais incidentes.

Daí que a lama de Abadiânia irá chegar a Uberaba. E isso pode ser doloroso para muitos, mas sejamos realistas. Tudo começou porque o "espiritismo" brasileiro preferiu as deturpações de Jean-Baptiste Roustaing, as quais tiveram em Chico Xavier seu mais perfeito tradutor. Tem vezes que os "olhos do coração" causam muita cegueira...

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