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Por que Chico Xavier NUNCA fez caridade

(Autor: Professor Caviar)

Conhece-se a caridade pelo resultado e não pelo prestígio do suposto benfeitor. Infelizmente, caridade passa a ser vista num prisma extremamente conservador, na qual se superestimam ações meramente paliativas, através de um discurso muito confuso e cegamente emocional, na qual muitos não se decidem em admitir se a suposta filantropia apenas "aliviou a dor" dos necessitados ou se suas vidas foram "realmente transformadas".

A "caridade" vira apenas um gancho para a sociedade endeusar instituições, empresas e personalidades, enquanto os necessitados se tornam apenas um detalhe, como figurantes de um espetáculo. Se a "caridade" é um presépio, os mais necessitados são apenas vaquinhas que enfeitam o cenário. Um "benfeitor" vendo crianças tomando sopinha na verdade quer dizer que os pobres e necessitados apenas "enfeitam" o espetáculo que só serve para a promoção pessoal do pretenso filantropo.

Pois Francisco Cândido Xavier, o homem que traiu o compromisso de adaptar o Espiritismo francês, se tornando mais um tradutor tropical e mais ambicioso da obra de Jean-Baptiste Roustaing - é só comparar Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho e Os Quatro Evangelhos que as semelhanças são, praticamente, totais, com as diferenças devidas de contexto - , tornou-se um suposto símbolo de caridade humana não por realmente tê-la feito, mas porque houve uma propaganda muito habilidosa que o fez alvo da mais fanática idolatria religiosa.

A imagem do "bondoso Chico Xavier" foi produzida na ditadura militar, numa tentativa de produzir cortina de fumaça para a crise do regime dos generais. Chico era um sujeito extremamente conservador e isso não pode ser subestimado. Suas declarações no Pinga Fogo da TV Tupi, em 1971, são certeiras. Portanto, dizer que Chico Xavier era progressista é um erro grotesco, sobretudo se percebermos que todo seu ideário se fundamentava na Teologia do Sofrimento e, através desta corrente medieval da Igreja Católica, Chico pedia aos sofredores aguentarem desgraças em silêncio e sem queixumes.

Essa imagem que até hoje favorece Chico Xavier, o único indivíduo no qual a fantasia insiste e persiste em prevalecer sobre a realidade, mantendo-o sob a reputação de "fada-madrinha do mundo real", foi, na verdade, criação do inglês Malcolm Muggeridge, que o fez para promover a megera Madre Teresa de Calcutá - que desviava o dinheiro da caridade para os sacerdotes reacionários do Vaticano, enquanto deixava os pobres e doentes que ela dizia cuidar em condições sub-humanas - através do documentário Algo Bonito para Deus (Something Beautiful for God).

O roteiro de Muggeridge foi adotado pela Rede Globo para promover Chico Xavier. Chico já havia passado por incidentes tão graves quanto os assédios de seu pupilo João de Deus, como o apoio a fraudes de materialização que, num país menos tolo que o Brasil, poderia ter desmascarado de vez o "médium" de Pedro Leopoldo e Uberaba.

Muggeridge foi tão habilidoso para promover ídolos religiosos que criou o paradigma do endeusamento do beato que vira dublê de filantropo e pensador. Frases de efeito que nem são muito bonitas, do contrário que se diz oficialmente, apenas são meros trocadilhos de ideias opostas que revelam moralismo retrógrado, falsa humildade, ou uma forma suave de sadismo, dizendo que o sofredor extremo deveria, em vez de reclamar da dor que sente, ficar vendo passarinhos.

IMAGEM "BONDOSA" DE CHICO XAVIER FOI DUPLAMENTE FABRICADA

Não imaginamos que a imagem tão adorada de Chico Xavier foi duplamente fabricada, primeiro por Antônio Wantuil de Freitas, presidente da FEB que atuava como um misto de empresário e publicitário do "médium", e depois por Roberto Marinho, tomando emprestado o roteiro de Malcolm Muggeridge.

Sabemos que essa imagem fabricada tem apelos emocionais fortes, mas eles são como o canto da sereia, da Odisseia de Homero, que narra a situação em que Ulisses pede para ser amarrado no mastro para evitar sucumbir ao canto das sereias. Pois no Brasil nenhum espírita autêntico se amarrou ao mastro, fiel aos postulados espíritas originais, para resistir ao "canto de sereia" de Chico Xavier. Nem ateus nem esquerdistas também fizeram esse ato de resistência.

Pois Chico Xavier nunca fez caridade de verdade. Ele apenas era um "apresentador" da caridade alheia, mas nem esta foi tão grandiosa quanto se pensa. Afinal, paremos para pensar: pela grandeza com que se autoproclamam os "médiuns", essa caridade atribuída a eles traria, com certeza, resultados tão profundos que o Brasil alcançaria padrões escandinavos de vida. Só que nada disso aconteceu e chegamos à perdição política dos últimos anos, a ser radicalizada depois de amanhã.

Chico Xavier não mexeu um dedo para ajudar o próximo. Apenas pedia para os outros fazerem, e, mesmo assim, nos limites do Assistencialismo, aquela "caridade" de resultados sociais fraquíssimos, quando muito, pontuais. É algo que Luciano Huck faz no seu Caldeirão do Huck e nem por isso influiu para o Brasil se tornar um país realmente melhor.

Infelizmente, essa "caridade" que deslumbra a muitos só enfatiza o suposto "benfeitor". É a empresa que mantém um "instituto" de ações sociais, uma entidade que pratica Assistencialismo, uma personalidade que doa uma ínfima quantidade de sua fortuna para ações paliativas. Não se deve confundi-las com ações realmente filantrópicas, que são muito mais raras do que se pensa, porque estas não são feitas para promover ações religiosas.

Demagogo, Chico Xavier dizia que "não se envaidecia" com a "caridade", e fazia todo um discurso mentiroso sobre a despretensão e a dedicação ao próximo, dentro de um habilidoso balé de palavras. Mas sua "caridade" foi tão fajuta que Uberaba, de 2000 para 2010, este o ano do centenário do "médium", foi "presenteada" por uma queda de mais de 100 colocações no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas, indo da 104ª à 210ª.

CHIQUISTAS SÃO INDECISOS EM DIZER QUE A "CARIDADE" DEU RESULTADO OU NÃO

O que notamos também é a indecisão, fruto de uma confusão mental por parte dos seguidores de Chico Xavier, em alegar se a "caridade" dele trouxe resultados ou não. É a mesma falácia que envolve o "movimento espírita" como um todo, que se contradiz ao alegar que suas ações "estão trazendo resultados definitivos" e, depois, desmentem dizendo que "não foi possível alcançar os resultados desejados".

São as mesmas pessoas que, num momento, dizem que Chico Xavier "transformou vidas", e sua "caridade" atingiu "resultados profundos na sociedade". Mas quando se mostra o contrário, que sua "caridade" teve resultados frouxos, as pessoas logo contradizem, dizendo que "não foi permitido alcançar bons resultados, fez-se o que se pôde fazer".

Outro dado que se deve prestar atenção é quanto as "cartas mediúnicas" que, conforme descrevemos, é um rol de perversidades, que prolonga as tragédias humanas, promove emoções confusas e fortemente perigosas, favorece o sensacionalismo na imprensa e estimula sentimentos obsessivos e mórbidos. Isso sem falar que as "cartas" eram claramentw fake, com provas consistentes (como as assinaturas "mediúnicas" comparadas às dos respectivos documentos de identidade dos mortos).

As "cartas mediúnicas" foram uma armação que só fez Chico Xavier estiver em boa conta com a imprensa sensacionalista, que desenvolveu condições psicológicas para que outro arrivista, Jair Bolsonaro, com um lema semelhante ao de Chico, "Brasil, Acima de Tudo, Deus, Acima de Todos", vencesse as eleições e comece a governar o país justamente no ano da "data-limite" sonhado pelo "médium".

Chico também fez juízos de valor contra pessoas humildes, como as vítimas do incêndio num circo em Niterói. Cometeu dupla perversidade: a primeira, acusando os humildes de terem sido romanos sanguinários que viveram na Gália no século II. Semelhante acusação já botou o médico e "médium" Woyne Figner Sacchetin no banco dos réus, por danos morais. Além disso, Chico atribuiu o juízo de valor a Humberto de Campos, sob o suposto codinome Irmão X, uma leviandade extrema, que coloca o "médium" mineiro numa posição de crueldade, fazendo falsas acusações e usando outra pessoa para evitar ser responsabilizado por tamanha perversidade.

Se abrirmos mão da memória curta e evitarmos as tentações das paixões religiosas, veremos que Chico Xavier foi uma pessoa tão nefasta quanto João de Deus, o charlatão que assediava mulheres. Temos que ser maduros e largar a idolatria religiosa, pois até Moisés reprovava a idolatria que se faz a pessoas como Chico Xavier, adorado feito um velocino de ouro. Da mesma forma, Kardec e Jesus também condenariam Chico Xavier, por ser um falso sábio e um manipulador das palavras para, por meio delas, seduzir as pessoas.

É vergonhoso ver que, enquanto as crianças se preparam melhor para não acreditarem mais em Papai Noel, as pessoas se resistem, até mesmo com muita fúria (o que contaria o mito de que idolatrar um "médium" traz energias elevadas), em deixar de acreditar em Chico Xavier. Como tornou-se fácil deturpar o Espiritismo e depois ser visto como semi-deus...

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